Sopro no coração: o que é e quais são os sinais e as causas

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Sopro no coração: o que é e quais são os sinais e as causas

O sopro infantil pode ser fisiológico e desaparecer espontaneamente, mas também pode ser sinal de doença grave e deve ser investigado
24/02/2023
sopro no coração
O exame físico com o estetoscópio, denominado ausculta cardíaca, é o primeiro meio para diagnosticar o sopro no coração.

O sopro no coração é um dos fatores que gera apreensão das famílias e pode afetar recém-nascidos, crianças maiores e adolescentes. O sopro considerado funcional, fisiológico ou inocente é comum em até 50% dos pequenos e desaparece espontaneamente. Já o sopro patológico pode ser indicativo de doenças mais graves e necessita de tratamentos específicos.

O que caracteriza o sopro é um ruído produzido pela passagem do fluxo de sangue através das estruturas do coração. O sopro fisiológico normalmente é suave, musical, sem repercussão hemodinâmica, sendo um achado de exame, muitas vezes em atendimento de emergência com febre alta, explica a cardiologista pediátrica Cristiane Nogueira Binotto, do Hospital Pequeno Príncipe. Geralmente, ele surge após os 3 ou 4 anos de vida e pode desaparecer sozinho até a adolescência ou mesmo permanecer durante toda a vida, mas sem a necessidade de acompanhamento e tratamento clínico ou cirúrgico.

Em recém-nascidos, o sopro fisiológico é ocasionado por alterações temporárias no sistema circulatório, que ainda está em desenvolvimento. Em crianças e adolescentes, ele pode derivar de vibrações normais das estruturas que formam o sistema cardiovascular.

Já os sopros patológicos são caracterizados por um ruído anormal, ocasionado por defeitos na estrutura cardíaca na região dos átrios (comunicação interatrial), dos ventrículos (comunicação interventricular), do músculo cardíaco (miocardiopatia) ou das estruturas valvares (insuficiência ou estenose de valvas cardíacas – mitral, tricúspide, aórtica ou pulmonar). Os quadros mais graves surgem ainda devido à associação de alterações estruturais e do ritmo cardíaco que podem levar a um quadro de choque cardiogênico.

É comum que o sopro patológico, decorrente de cardiopatias congênitas, manifeste-se após o nascimento. Em alguns casos, o problema desaparece por completo depois do procedimento cirúrgico, porém em outros pode persistir mesmo depois do tratamento.

Os sopros podem surgir ainda tardiamente, provocados por doenças adquiridas como a febre reumática, levando à alteração nas valvas cardíacas ou à alteração na contratilidade do coração, com disfunção cardíaca ou espessamento e envelhecimento das valvas do coração, ou ainda alterações no ritmo cardíaco.

Sinais de sopro no coração

O sopro fisiológico não apresenta nenhum sinal ou sintoma. Ele é considerado um achado em exames de rotina ou de emergência, quando a criança está com febre alta ou com um processo infeccioso, por exemplo.

Quando o sopro tem origem em cardiopatia congênita, pode desencadear desde sintomas leves até cansaço, sudorese, baixo ganho de peso e estatura, traqueobronquite de repetição, pneumonia de repetição, respiração muito cansada e com esforço, desmaios, batimentos cardíacos acelerados, lentos ou irregulares, e cianose central (coloração azulada na pele, nos lábios e unhas, devido à escassez de oxigênio no sangue).

Crianças maiores podem manifestar sinais e sintomas de cansaço ao praticarem exercícios, não conseguem correr e brincar com os amigos, e podem apresentar hipertensão arterial e edema. Uma série de outros sintomas surge de acordo com cada tipo de cardiopatia.

De forma geral, é possível que ocorram alterações cardíacas, que são secundárias às doenças sistêmicas, em especial a obesidade. Há ainda doenças hematológicas, reumatológicas e renais que podem provocar alteração na função cardíaca, quando não tratadas adequadamente.

Causas do sopro no coração

O sopro pode ser causado por fechamento incompleto do septo atrial ou ventricular, por permanência do ducto arterial, por abertura inadequada, estreitamento ou posição trocada de uma das quatro valvas presentes no coração, ou ainda por estreitamento nos vasos do coração como a aorta.

O histórico familiar está entre os principais fatores de risco do sopro, tais como:

  • cardiopatias congênitas e adquiridas, como a febre reumática;
  • história de morte súbita antes dos 50 anos de vida;
  • uso de determinados medicamentos;
  • consumo de bebidas alcoólicas, drogas e cigarro durante a gestação;
  • doenças maternas como lúpus eritematoso sistêmico, diabetes, hipertensão arterial sistêmica, hipotireoidismo, tratamento de câncer na infância com utilização de radioterapia, endocardite, fraqueza ou hipertrofia do músculo cardíaco, e arritmias graves.
ecocardio
A análise do sopro deve ser complementada por exames como radiografia de tórax, eletrocardiograma e ecocardiograma.

Diagnóstico

O exame físico com o estetoscópio, denominado ausculta cardíaca, é o primeiro meio para diagnosticar o sopro. É fundamental fazer o diagnóstico correto e o mais precocemente possível, diferenciando o sopro entre fisiológico e patológico, com o objetivo de garantir o tratamento adequado e a avaliação da necessidade de cirurgia, destaca a especialista do Hospital Pequeno Príncipe.

Normalmente, as crianças são encaminhadas pelo pediatra ao especialista após a detecção de alteração nos batimentos cardíacos durante a ausculta. A análise criteriosa do sopro deve ser complementada por exames específicos como radiografia de tórax, eletrocardiograma e ecocardiograma. Em casos específicos, exames mais detalhados são requeridos para uma definição anatômica precisa, de forma a orientar a conduta clínica ou cirúrgica apropriada.

Tratamentos

Os tratamentos indicados dependem das causas e das características específicas do sopro (fisiológico ou patológico). São prescritos medicamentos nos casos dos sopros patológicos, quando necessários, para estabilização do quadro clínico e dos sinais de insuficiência cardíaca, bem como para melhorar a condição nutricional da criança, principalmente nos casos em que há recomendação para a realização de cirurgia.

Algumas crianças necessitam de tratamento hemodinâmico já ao nascer ou até mesmo procedimento cirúrgico nos primeiros dias de vida. São as cardiopatias chamadas de ducto dependentes, como no caso da transposição dos grandes vasos da base (quando os vasos do coração estão em posições trocadas), de síndrome de hipoplasia do coração esquerdo, de atresia da valva pulmonar, entre outras doenças.

Essas cardiopatias graves, chamadas de ducto dependentes, que são diagnosticadas no período fetal, necessitam de atendimento multidisciplinar imediato ao nascimento, unidade de terapia intensiva e procedimentos invasivos para a definição da cardiopatia antes do procedimento cirúrgico.

Cuidados

As crianças que apresentam o sopro fisiológico não precisam de nenhum cuidado especial, pois o coração é normal, permitindo a realização de todas as atividades físicas, mesmo as competitivas. Já as cardiopatias congênitas de repercussão com baixo ganho de peso necessitam de acompanhamento nutricional, essencial para a realização do procedimento cirúrgico.

Algumas crianças que passam por cirurgia após o nascimento precisam, muitas vezes, de acompanhamento fonoaudiológico, para auxílio na amamentação; nutricional, para auxílio na recuperação do ganho de peso; além de fisioterapia respiratória e motora, com o objetivo de contribuir com o desenvolvimento e recuperação da musculatura. Quando existe um déficit cognitivo, é indicado o acompanhamento neurológico.

Em situações de internamento prolongado para tratar a cardiopatia congênita de repercussão, as crianças devem receber atendimento multidisciplinar, com atenção à alimentação saudável e prática de atividade física. Deve-se evitar uso de cigarros e bebidas alcoólicas, obesidade e aumento do colesterol. Com acompanhamento regular e orientação em cada fase da vida, é possível fazer a manutenção do bem-estar físico e mental das crianças, avalia a cardiologista.

Serviço de Cardiologia

O Serviço de Cardiologia realiza consultas ambulatoriais, disponibiliza exames, bem como alternativas de tratamentos, incluindo cirurgias e transplantes. O Serviço de Cirurgia Cardiovascular do Pequeno Príncipe é referência nacional em cirurgia cardíaca pediátrica de bebês com até 30 dias de vida. É uma das três instituições que mais realizam esse procedimento no Brasil.

Entre os diferenciais do Pequeno Príncipe está o Serviço de Eletrofisiologia, pioneiro no país; o Serviço de Hemodinâmica, referência para diagnosticar e tratar disfunções em um procedimento seguro e minimamente invasivo; e o Serviço de Ecocardiograma, exame indolor, mais detalhado e que não expõe o paciente à radiação. Além disso, a instituição conta com a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Cardiologia – voltada para pacientes da especialidade que necessitem de acompanhamento 24 horas por dia – e equipe multidisciplinar – altamente capacitada para atender a população infantojuvenil.

  • Confira, no vídeo a seguir, mais informações sobre o sopro no coração:

O Pequeno Príncipe é signatário do Pacto Global desde 2019. A iniciativa presente nesse conteúdo contribui para o alcance do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS): Saúde e Bem-Estar (ODS 3).

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