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Setor de Educação e Cultura do Pequeno Príncipe completa 20 anos de formalização

Já imaginou uma escola que não tem salas de aula ou horários fixos, na qual a cada minuto um corredor, um setor ou um leito se tornam locais de aprendizagem? Esse é o Hospital Pequeno Príncipe, que além de promover saúde integral com excelência técnico-científica também garante o direito à educação e à cultura desde a década de 1980 e que formalizou o Setor de Educação e Cultura (Educ) em 2002. Nesta quarta, dia 2 de março, o Educ completa 20 anos, e o Pequeno Príncipe tem muito a comemorar.
O pioneirismo na educação hospitalar é uma marca registrada do Pequeno Príncipe, que foi o primeiro hospital do Paraná a assinar, em 1988, um convênio com a Secretaria Municipal da Educação, que passou a ceder professores da rede de ensino para atender os pacientes em tratamento na instituição. Isso faz com que as crianças e adolescentes possam continuar com sua educação formal sem perder o ano letivo ou ficarem com seus conteúdos atrasados. Em 2007, foi estabelecido um convênio também com a Secretaria de Estado da Educação e do Esporte (Seed), e, desde então, professoras e pedagogas do Serviço de Atendimento à Rede de Escolarização Hospitalar (SAREH) atuam no Educ.
Atendimento individualizado e personalizado

O Setor de Educação e Cultura também valoriza as necessidades, potencialidades e desejos de cada paciente, fazendo com que cada um tenha um atendimento personalizado. Esse é o caso de Vitor Prust, do Serviço de Transplante de Medula Óssea, que perdeu a visão e precisou de novos estímulos durante o processo de sua educação, e um deles foi a música. O interesse surgiu com apresentações de piano que aconteciam na Praça do Bibinha do Hospital, tornando a curiosidade pelas canções uma maneira de aprendizado.
Hoje, aos 14 anos, Vitor aprendeu a ler partituras em braile e toca teclado. “A equipe do Setor de Educação e Cultura foi imprescindível para o tratamento dele. Além das atividades práticas e dos conteúdos didáticos que a escola encaminhava para ele, a gente percebia também que cada profissional que estava ali presente fazia de tudo para que meu filho se sentisse bem. Então as atividades eram bem direcionadas conforme o estado de saúde e o ânimo dele, sempre de uma maneira respeitosa. Tudo isso fez muita diferença na vida dele e durante o período de internamento”, ressalta Janira Prust, mãe do Vitor.
Entre as iniciativas do Setor de Educação e Cultura também se destacam a presença dos pais em todos os momentos, o incentivo à leitura, a realização de oficinas de arte e cultura, e o estímulo à saúde. “O tempo todo a criança está aqui pensando no tratamento, no cuidado e na cura, e quando eles estão com a gente isso muda. É uma janela aberta para o que está lá fora, para o mundo, para a vida”, fala o coordenador do setor, Claudio Teixeira.
Coronavírus
Com pandemia da COVID-19, a preocupação com a continuação dos estudos formais dos pacientes incentivou o atendimento a distância e uma articulação ainda mais cuidadosa entre família e escola de origem. Na parte cultural, todas as ações foram adaptadas para os meios virtuais, de acordo com as suas particularidades: contações de histórias foram feitas todas as semanas; aulas de musicalização foram voluntariamente oferecidas por uma escola de música; aulas de jardinagem viraram apresentações sobre plantas nativas e plantas alimentares não convencionais. Tudo por videochamada, até que, aos poucos, as atividades culturais presenciais começaram a ser retomadas. Um projeto de música e teatro percorreu os ambulatórios e jardins do Pequeno Príncipe no final de 2021, atendendo aos pacientes ambulatoriais e seus familiares. Neste ano, a biblioteca do quinto andar voltou a funcionar para empréstimos e leitura no local. A biblioteca ambulante também voltou a circular pelas enfermarias, com o empréstimo de livros para as crianças e os adolescentes internados, bem como às suas famílias.
- Veja também – Livro sobre o direito à educação e à cultura em hospitais, com foco na experiência do Pequeno Príncipe
Educação e cultura: parte do DNA do Pequeno Príncipe

Ao longo dos anos, o Setor de Educação e Cultura conseguiu aperfeiçoar cada vez mais seus serviços. Além do poder público, parcerias com arte-educadores e grupos culturais diversificaram o planejamento de atividades – fazendo da promoção à saúde uma prática ainda mais ampla. Já foram milhares de crianças e adolescentes do Paraná e de todo o Brasil atendidos e dezenas de projetos educacionais e culturais ofertados.
O coordenador do setor não consegue imaginar o Pequeno Príncipe sem o trabalho do Educ, que, segundo ele, tornou-se parte do DNA da instituição. “É um ganho que espero e acredito que realmente vai permanecer, vai se sedimentar, solidificar, porque é um caminho sem volta. Não basta cuidar da doença, há que se estimular a saúde. E para isso, educação e cultura são fundamentais. É vida pulsando, é o que move a gente, é o que mobiliza forças internas, é o que nos faz vibrar por dentro, e isso já é um tanto de saúde. Se a gente está motivado, está feliz, o tratamento dá mais certo, as crianças ficam mais receptivas às intervenções clínicas e as acolhem de uma maneira mais tranquila. Tudo tende a correr melhor”, completa Teixeira.