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Sérgio virou luz

Cientista brasileiro, Sérgio Mascarenhas deixa legado inestimável para a pesquisa e a inovação
01/06/2021

“Mente brilhante, coração gigante, exemplo de humanismo, determinação, paixão, criatividade, ética. O estímulo à ciência, a multiplicação do conhecimento e a dedicação da vida a desenhar um Brasil de inovação, dignidade e respeito a todos os brasileiros são o seu legado.” Assim define a diretora-geral do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe, Ety Cristina Forte Carneiro, a importância de Sérgio Mascarenhas, cientista, físico e químico, grande incentivador dos trabalhos do Instituto.

Inspiração para gerações e gerações de homens e mulheres, Mascarenhas fez questão de fazer ciência no Brasil, mesmo tendo recebido infinitos convites para se juntar aos maiores centros de pesquisa do mundo. Professor do Instituto de Física de São Carlos, na Universidade de São Paulo (USP), e presidente de honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), lecionou, desenvolveu tecnologias e recebeu títulos em universidades de diferentes partes do mundo.

Com esse comprometimento enraizado em sua atuação, os estudos de Mascarenhas acabam gerando soluções inéditas em vários campos da ciência. Uma das pesquisas dele, junto com o colega Silvio Crestana, resultou na criação de um sistema de tomografia de solo que é pioneiro no mundo.

Ao ser diagnosticado com hidrocefalia, no início dos anos 2000, Mascarenhas decidiu pesquisar novas formas de medir a pressão intracraniana. Achou o método tradicional muito invasivo – o crânio do paciente tinha que ser perfurado para fazer a medição – e acabou desenvolvendo uma tecnologia inovadora, minimamente invasiva, para medir a pressão intracraniana, que mudou tanto o tratamento da hidrocefalia quanto de tumores cerebrais e traumatismo craniano. “O mundo está cheio de desafios. Eu fiz de uma doença um desafio”, explicou em entrevista ao Pequeno Príncipe, em 2014, quando foi o homenageado científico do Gala Pequeno Príncipe. Hoje, o dispositivo é comercializado por uma startup criada por ele, a brain4care.

“Foi uma honra tê-lo conhecido e compartilhado sonhos e realizações. Fabuloso, te celebramos hoje e sempre!”, homenageia, a diretora-geral do Instituto de Pesquisa.

Sérgio Mascarenhas faleceu aos 93 anos, neste dia 31 de maio, em decorrência de uma parada cardíaca. Sua obra e inspiração serão eternos!

Leia abaixo o perfil do produzido para a homenagem do Pequeno Príncipe em 2014.

Sem medo da ciência

Por Bia Moraes

Não são poucos os estudantes que se assustam com a física e a química no ensino médio. Na cultura brasileira, tradicionalmente pouco afeita às ciências, esses temas parecem difíceis para muita gente. O professor Sérgio Mascarenhas diz que é exatamente o oposto. Para ele, não se deve ter medo da ciência, pois por meio dela surgem os avanços necessários para a humanidade. “A ciência é para tirar o medo”, afirma o físico-químico, responsável por grandes passos no desenvolvimento científico e tecnológico do Brasil. Mascarenhas vai além. Enquanto meio mundo se preocupa em estar conectado e entender as novidades da internet, ele afirma categoricamente que a ciência, hoje, é a verdadeira linguagem mundial. “Quem não falar sobre ciência, tecnologia e inovação perdeu o futuro”, ensina.

Nascido no Rio de Janeiro, em 1928, Mascarenhas é um modelo de cientista que não se limita às salas de aula e laboratórios de pesquisa. Comprometido com seu país, foi convidado para ser professor na universidade de Princeton, nos Estados Unidos, mas não quis se mudar. Preferiu atuar como professor visitante em algumas das principais universidades do planeta, entre elas a própria Princeton e também em Harvard e no MIT – Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos EUA, além de outras conceituadas instituições no Japão, Inglaterra, Itália e México. A explicação é simples. Para Mascarenhas, o cientista deve exercer sua função social.

Com esse comprometimento enraizado em sua atuação, os estudos de Mascarenhas acabam gerando soluções inéditas em vários campos da ciência. Uma das pesquisas dele, junto com o colega Silvio Crestana, resultou na criação de um sistema de tomografia de solo que é pioneiro no mundo.

Ao ser diagnosticado com hidrocefalia, há cerca de dez anos, Mascarenhas decidiu pesquisar novas formas de medir a pressão intracraniana. Achou o método tradicional muito invasivo – o crânio do paciente tinha que ser perfurado para fazer a medição – e foi à luta. Acabou desenvolvendo uma tecnologia inovadora, minimamente invasiva, para medir a pressão intracraniana, que mudou tanto o tratamento da hidrocefalia quanto de tumores cerebrais e traumatismo craniano. “O mundo está cheio de desafios. Eu fiz de uma doença um desafio”, resume. Seus estudos na área de Dosimetria de Radiações (monitoramento de radiação emitida) também resultaram em uma pesquisa inédita, que permitiu medir a quantidade de radiação existente em ossos das vítimas de Hiroshima.

O segredo do exercício da ciência “sem medo”, segundo Mascarenhas, é um perpétuo construir e desconstruir. “Devemos quebrar paradigmas sempre, e para isso a criança precisa crescer com a coragem de duvidar e de reconstruir os modelos existentes”.

Antes de tudo, Mascarenhas acredita na educação e no investimento no potencial das crianças como pilares para um mundo melhor. “Para o homem e a cultura serem sustentáveis temos que pensar na criança, da qual emerge o homem”, afirma. O fundamento da sustentabilidade está na educação, aponta. “Não é apenas sobre tecnologia, mudanças climáticas, política estrutural ou política global. Precisamos é deixar a criança florescer nas suas potencialidades, levando com ela as mensagens de sustentabilidade. Enquanto não conseguirmos isso, vamos lutar num mundo consumista”, observa o cientista.

Com esse pensamento, a conexão do cientista com o Hospital Pequeno Príncipe é natural. Ele conhece bem o trabalho da instituição, pois esteve em Curitiba em 2013 para o II Simpósio Internacional de Nanobiotecnologia, realizado pelo Pequeno Príncipe, e anteriormente havia participado do primeiro seminário sobre pesquisa, realizado em 2006 pelo Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe. “A atuação do Complexo é calcada no interesse pela extensão social da saúde das crianças, e não apenas do exercício da pediatria”, destaca. “Esse direcionamento, junto com a organização do Hospital para atender à saúde infantil, asseguram a capacidade de pesquisa científica”, completa.

O cientista diz acreditar que sem a tríade ensino, pesquisa e extensão, nenhuma instituição em qualquer área – seja da ciência, tecnologia ou inovação – consegue realizar uma ação realmente completa, com “inter e transdisciplinaridade necessárias no mundo globalizado atual”.

Outras qualidades que Mascarenhas enxerga no Pequeno Príncipe são o entendimento de que cuidar da saúde envolve atender e entender as doenças e seus pequenos pacientes, e a “onda contínua” de investimentos em pesquisa, equipamentos e recursos humanos que a instituição mantém. “Mesmo com recursos escassos, o que é louvável”, reitera o cientista. “A capacidade de gestão da equipe é admirável”, acrescenta.

Homenageado pela Copa Gastronômica de 2012, e novamente este ano, Sérgio Mascarenhas testemunha o crescimento do Complexo Pequeno Príncipe com o olhar de especialista. “Sei a importância de termos, no Brasil, uma instituição com alta qualidade em saúde e pesquisa fora do eixo Rio-São Paulo”, analisa. “Fiquei impressionado, há mais de dez anos, quando conheci a grande atividade do Hospital, com o espírito de inovação e pesquisa que se mantém por todo esse tempo. É uma obra única e me orgulho de conhecê-la e ser seu admirador e colaborador”, finaliza.

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