“O mundo precisou parar para as pessoas se olharem” - Hospital Pequeno Príncipe

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“O mundo precisou parar para as pessoas se olharem”

Para a neurologista pediátrica Mara Lúcia Schmitz Ferreira Santos, a pandemia trouxe incertezas, mas também veio para reinventar a medicina, o ensino e o olhar para as coisas mais simples
19/10/2020

A neurologista pediátrica que atende no Pequeno Príncipe, Mara Lúcia Schmitz Ferreira Santos, viu a rotina mudar com o avanço do coronavírus em Curitiba. As consultas de pacientes ambulatoriais precisaram ser canceladas e, para atender aos meninos e meninas com acompanhamento contínuo, o Hospital e seus profissionais tiveram que se reinventar.

Em maio, após 45 dias em recesso devido à gravidade dos pacientes, o Ambulatório de Neurologia retomou os atendimentos por meio de telemedicina. “Conseguimos encontrar uma forma de dar apoio às famílias, controlar as doenças neurológicas e confortar os responsáveis pelas crianças neste momento tão delicado”, relata a médica. No paralelo, eram realizados atendimentos presenciais para aqueles que não tinham acesso à internet, por exemplo, e que precisavam se deslocar ao Hospital.

Amparo e acolhimento
No período de pausa nos atendimentos, em abril, a neurologista pediátrica começou a sentir os primeiros sintomas suspeitos do coronavírus. Com tosse, dor de cabeça, cansaço excessivo e dificuldade respiratória, a médica procurou o Ambulatório Estratégico da COVID-19 exclusivo a profissionais do Pequeno Príncipe e realizou o teste, que deu positivo para a doença.

Apesar do susto, especialmente em um momento de medo e incerteza, a médica não precisou ficar internada e realizou o isolamento domiciliar, “Em maio, voltei à vida neste ‘novo normal’, com todos os cuidados necessários. A sensação era de que tudo passaria logo, mas com o tempo acabei me adaptando. Posso dizer que, em relação ao Pequeno Príncipe, me senti muito amparada e acolhida neste momento”, ressalta.

Um novo mundo
Para a médica, há pontos positivos para se aprender em momentos desafiadores, inclusive com a pandemia. Um exemplo, são os atendimentos híbridos. “O atendimento on-line para pacientes que já realizaram o presencial e precisam de orientação e acompanhamento, é muito positivo. Isso reduz o tempo de estrada, os riscos e também os custos para a família.”

O segundo ponto destacado por Mara é a democratização do conhecimento por meio das aulas disponibilizadas ao redor do mundo. E também a valorização de profissionais de saúde, professores e do Sistema Único de Saúde (SUS), principalmente no Brasil, pois proporciona o acesso universal e atenção integral à saúde.

“É um novo mundo que vamos viver até a vacina chegar no alcance da maior parte da população. Mas levo de aprendizado a importância de valorizar as coisas mais banais. E, claro, a sensação de liberdade, que nos foi tirada. Mas o abraço é o que mais faz falta. Até com os pacientes, que vêm e abraçam as pernas da gente. O mundo precisou parar para as pessoas se olharem. E precisávamos nos refazer um pouco.”

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