Dia Mundial do Doador de Medula Óssea: Pequeno Príncipe ressalta a importância desse gesto para salvar vidas
Um dos mais importantes centros pediátricos para a realização do transplante no país, o Hospital continua transformando a vida de pacientes mesmo durante a fase de pandemia
Neste sábado, 19 de setembro, o Hospital Pequeno Príncipe celebra o Dia Mundial do Doador de Medula Óssea reforçando a importância desse gesto para salvar vidas. A instituição, um dos mais renomados centros pediátricos do país para transplantes desse tipo, realiza cerca de 85% dos procedimentos complexos via SUS.
Implantado em 2011, o Serviço de Transplante de Medula Óssea do Pequeno Príncipe recebeu importantes investimentos e, no fim de 2016, o número de leitos mais que triplicou – passando de 3 para 10 acomodações. As obras de ampliação foram viabilizadas com recursos captados via Renúncia Fiscal por meio do Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica (PRONON).
O transplante de medula óssea é fundamental para o tratamento de diversas doenças, entre elas alguns tipos de neoplasias (como leucemias e vários tumores), doenças do sangue e da imunidade. De acordo com dados do Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome), o Brasil tem pouco mais de 5,2 milhões de cidadãos cadastrados. O interesse de fazer parte dessa grande corrente do bem é importante, pois a chance de encontrar um doador compatível é de 1 em cada 100 mil.
Neste momento de cuidados e prevenção à COVID-19, os trabalhos na área passaram por adaptações, mas não foram interrompidos. “O Serviço de TMO não parou durante a pandemia. Apenas os casos não urgentes foram adiados na medida do possível. Trabalhamos com cuidados redobrados e seguindo as orientações da Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea”, explicou a médica Cilmara Kuwahara.
De acordo a médica do Serviço de TMO, desde o início do ano até julho, meses críticos do coronavírus, foram realizados 23 transplantes no Pequeno Príncipe. Em 21 de setembro deste ano, o total de procedimentos chegou a 41. Em 2019, ano do centenário do Hospital, foram 62. “Algumas doenças têm como única opção de cura a realização do transplante de medula óssea e, portanto, a doação da medula por um doador saudável é essencial para garantir o tratamento do paciente. Acredito que os maiores problema são o medo e a desinformação. Medo do procedimento, da dor, das agulhas…”, reiterou a especialista.
O Brasil é o terceiro maior banco de doadores de medula óssea do mundo, ficando atrás somente dos EUA e da Alemanha. A chance de identificar um doador compatível ao final do processo fica em torno de 64%. Com campanhas e o alerta sobre a importância de integrar esse grupo, é possível melhorar esses dados.
Uma nova chance para Antoni Demétrio Vieira
Em 2018, Antoni Demétrio Vieira, 5 anos, de Araranguá, em Santa Catarina, reclamou de dor nas pernas para a mãe na saída da escola. O problema, aparentemente provocado por uma queda no parquinho, foi se agravando e o menino passou a não andar.
Entre inúmeras consultas médicas realizadas no estado catarinense, veio o diagnóstico preocupante: leucemia, o câncer mais comum entre o público infantojuvenil. O menino passou por muitas internações e tratamentos até chegar ao Pequeno Príncipe, em dezembro de 2019.
Como o caso estava estabilizado naquele momento, a ideia era que o transplante ficasse para abril de 2020. “Nós ficamos com medo de esperar e ele piorar. E foi isso mesmo que aconteceu. Em janeiro ele ficou muito mal e precisou ir pra UTI”, comentou a mãe, Bruna Demétrio Vieira.
Bruna não ficou com medo de fazer o transplante durante a pandemia. “Nós já estávamos em isolamento por causa dele. Como ele ficava com as defesas muito baixas por causa da quimioterapia, a gente já não ia pra lugar nenhum e ninguém nos visitava também”, falou.
O procedimento de Demétrio foi realizado há quase dois meses. “Encontramos o doador no banco. É um doador brasileiro mesmo, mas não me deram muitas informações de quem é. Me parece que é alguém do Ceará, mas não tenho certeza. Fizemos a infusão da medula no dia 7 de agosto e 20 dias depois recebemos a notícia de que a medula tinha pegado. Na hora, nós nem acreditamos. Sabe quando você espera muito tempo por uma notícia e quando ela chega você nem sabe o que pensar? A gente coloca Deus na frente de tudo e confia que com ele na frente tudo vai dar certo”, avaliou.
O atendimento no Pequeno Príncipe foi considerado um diferencial pela mãe. “Desde a primeira consulta nós percebemos que as médicas são muito humanas. A equipe de enfermagem também é muito boa, explica tudo certinho, vem no quarto o tempo todo perguntar se está tudo bem”, reiterou.
Torne-se um doador
De acordo com o Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome), para fazer parte desse grupo é necessário:
– Ter entre 18 e 35 anos para efetuar o cadastro.
– Estar em bom estado geral de saúde. – Não ter doença infecciosa ou incapacitante. – Não apresentar doença neoplásica (câncer), hematológica (do sangue) ou do sistema imunológico. – Algumas complicações de saúde não são impeditivas para doação, sendo analisado caso a caso. – Vale lembrar ainda que para se tornar um doador de medula óssea basta fazer um cadastro no Hemocentro, que vai efetuar uma breve entrevista e passar as orientações necessárias. Após, será realizada a coleta de amostra de sangue e os dados obtidos na análise vão para um cadastro nacional. Quando houver necessidade, os dados serão acessados e, caso se confirme a compatibilidade, o doador será consultado para confirmar a doação.
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