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Sérgio Tenório: um dos primeiros anestesistas do Hospital
O médico anestesiologista Sérgio Tenório se identificou com a pediatria logo no início de sua especialização e viu no Hospital Pequeno Príncipe a oportunidade de realizar-se atuando na área. O profissional, que foi um dos primeiros anestesistas da instituição centenária, está há mais de 40 anos na função e hoje também repassa seus conhecimentos para os residentes que buscam aperfeiçoar-se no cuidado à criança e ao adolescente. Foi o especialista que teve a sensibilidade de implementar a permanência do familiar até a anestesia fazer efeito no paciente.
A escolha pela medicina
“Cresci em Arapongas, interior do Paraná, e via a medicina como uma profissão distante. Mas minha avó tinha uma visão diferente, de que era possível conseguir ser médico mesmo em uma cidade pequena. Então comecei a pensar sobre isso, estudei e consegui passar na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Me encantei pela profissão, pois convivia com pessoas que demandavam minha atenção e cuidado. E isso é muito especial. No último ano da faculdade, tive a oportunidade de passar três meses conhecendo mais a área de anestesiologia e me identifiquei. É um trabalho de solidariedade para quem presta e quem recebe e que é feito em grupo. Finalizei a faculdade em 1975 e fiz residência de anestesiologia no Hospital Evangélico e percebi, na prática, que a especialidade era tudo que eu imaginava. Naquela época, o curso durava um ano, diferentemente de hoje que são três.”
“Desde 1979 faço parte dessa história e tenho muito orgulho em ter sido um dos primeiros anestesiologistas desse lugar que é referência na área da pediatria. O que aprendi e as principais experiências que tive com crianças e adolescentes foram aqui, e sou muito grato por essa trajetória.”
O encantamento pela pediatria
“Na residência, comecei a conviver com crianças e via muitos médicos com receio de fazer a anestesia nos pequenos, mas eu tinha interesse em trabalhar com esse público. Na época, havia um grupo de cirurgiões que também operava no Hospital Pequeno Príncipe, como o Dr. Siylvio Ávilla, o Dr. Claudio Schultz e o Dr. Sergio Sabbaga, que me apresentou para o Dr. Farid – médico que iniciou o Serviço de Anestesiologia na instituição. Então, entrei no Pequeno Príncipe como voluntário por um mês, que se transformou em três e, hoje, já somam 43 anos. Desde 1979 faço parte dessa história e tenho muito orgulho em ter sido um dos primeiros anestesiologistas desse lugar que é referência na área da pediatria. O que aprendi e as principais experiências que tive com crianças e adolescentes foram aqui, e sou muito grato por essa trajetória.”
A evolução da anestesiologia
“Tudo mudou de lá para cá, principalmente os materiais de segurança. Hoje temos equipamentos que trazem informações que o anestesista precisa para tomar decisões, que antes fazíamos pela intuição. O Hospital se tornou referência, pois atendemos a casos de alta complexidade. E esses equipamentos surgiram de 20 anos para cá, com a introdução da eletrônica. Hoje é possível controlar diferentes variáveis, além do gás carbônico e concentração de anestésico. Essa evolução permitiu que mais vidas fossem salvas. A instituição como um todo cresceu muito. Antes tínhamos dois leitos de UTIs e hoje já passam de 60; havia duas salas no Centro Cirúrgico e hoje contamos com nove; tínhamos três a quatro anestesiologistas e hoje contamos com uma equipe de 15, além dos residentes; éramos formados por equipes com médicos e enfermagem, e hoje contamos com equipes multidisciplinares, como fisioterapia, fonoaudiologia, nutricionista, psicólogo, entre outros profissionais que tornam o cuidado ainda mais completo.”
A humanização como parte do cuidado
“O Hospital é referência em humanização, e também percebi a importância de implantarmos isso no Serviço de Anestesiologia. Por isso, o responsável pelo paciente fica até ele adormecer, porque isso minimiza tanto a ansiedade da criança como da família. As crianças me cativam, pois elas são verdadeiras e espontâneas. Durante esse tempo, várias histórias me marcaram, entre elas a de um menino que deveria ter 8 anos, que dissemos ‘vamos colocar um cheirinho para você dormir’, e ele insistia dizendo que não. Ele percebeu a movimentação no Centro Cirúrgico e perguntou: ‘Tio, vou ter que dormir mesmo?’; e eu: ‘Vai, sim’, e ele respondeu: ‘É que minha mãe disse que antes de dormir eu tenho que rezar’, e aí rezamos com ele. Isso foi um fato inusitado e que me marcou muito.”
A referência do ensino
“Podia ter escolhido qualquer outra área, mas me encanto demais por esse caminho que escolhi seguir. No Pequeno Príncipe, o que me marca é o ensino. A cada mês, recebemos dez residentes, de Curitiba e de todos os outros estados do país, para passar 30 dias acompanhando a rotina de cirurgias e os protocolos da instituição. Além disso, recebemos cinco residentes para o programa de residência médica, que tem duração de um ano. Sei o quanto esse contato é importante, por experiência própria, e se fosse para dar um conselho para quem deseja seguir essa especialidade médica, eu diria: fique um mês, conheça e veja se é isso que realmente gosta. Afinal, a anestesiologia pediátrica é desafiadora, mas encantadora!”
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