Lânia Romanzin Xavier: a médica pioneira na eletrofisiologia pediátrica

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Lânia Romanzin Xavier: a médica pioneira na eletrofisiologia pediátrica

“O que eu sinto pelo Pequeno Príncipe é um amor incondicional. Trabalhar aqui é um privilégio. Esse é o lugar que eu cresço e onde mais enxergo a presença divina na minha vida.”
29/01/2024
Lânia Romanzin Xavier
A médica Lânia Romanzin Xavier foi pioneira ao implantar a especialidade de eletrofisiologia pediátrica na América Latina.

Nascida em Rolândia, no Norte do Paraná, Lânia Romanzin Xavier se mudou para Curitiba, aos 14 anos, com o objetivo de estudar medicina. Durante a faculdade, aspirava a ser cardiologista de adultos. No entanto, em sua primeira semana de estágio no Hospital Pequeno Príncipe, seu amor pela pediatria despertou e mudou seu rumo para a cardiologia pediátrica. Enfrentando desafios por escolher uma especialidade inexistente na América Latina, a eletrofisiologia pediátrica, ela buscou formação fora do país e se tornou pioneira nessa área. Em 2000, estabeleceu o primeiro Serviço de Eletrofisiologia Pediátrica da América Latina, no Pequeno Príncipe. Seus esforços resultaram em avanços significativos na saúde de milhares de crianças e adolescentes.

Escolha pela medicina

“Sou do Norte do Paraná, nasci em Rolândia. Mudei várias vezes, por conta do trabalho do meu pai, e cheguei em Curitiba para estudar aos 14 anos. Quis ser médica desde criança, pois não me imaginava fazendo outra coisa, mas minha mãe não queria isso para mim. Ela achava que era uma vida muito difícil, solitária e de muita demanda. Tanto que eu fiz o meu vestibular escondido dela, coloquei medicina, sem a segunda opção. Passei, e hoje ela é muito feliz e orgulhosa de mim, porque sou realizada em todas as áreas da minha vida. Durante toda a graduação, queria cardiologia de adulto, mais especificamente arritmias.”

Amor à primeira vista

“Até que, no sexto ano, o meu primeiro estágio foi no Pequeno Príncipe e me apaixonei por crianças. Mudei minha escolha inicial para a cardiologia pediátrica. O primeiro serviço que atuei foi a Cardiologia, com o Dr. Nelson Miyagi. E a minha primeira semana foi deslumbrante, não tenho como explicar. E aí já começou a minha relação com o Hospital, em 1991, e uma jornada de oito anos de residência. Primeiro, a residência de pediatria e, na sequência, a cardiologia pediátrica, ambas no Pequeno Príncipe. Decidi fazer a eletrofisiologia, mas como não existia a especialidade no Brasil fui para fora e estudei um ano em Houston (Texas) – berço da eletrofisiologia pediátrica na época.”

Desafios da especialização

“Pelo fato de não existir a especialidade na época, isso instigava as pessoas a perguntarem o porquê de eu querer algo que não existia. No Pequeno Príncipe sempre tive muito apoio e incentivo, mas fora dele recebi muitas críticas. Na cabeça da maioria das pessoas, as crianças não teriam arritmias cardíacas para eu ter que tratá-las. Mas eu percebia que era uma área que necessitava de espaço. Quando você escolhe algo inexistente, as pessoas tentam fazer com que você acredite que aquilo não é pertinente. Então, você tem que transpor isso. E na maioria das vezes a minha resposta era ‘me dê quatro anos. Em quatro anos, sentamos nessa mesa e conversamos se será pertinente ou não’.”

Pioneirismo na eletrofisiologia pediátrica

“E, em quatro anos, em 2000, demos início ao primeiro serviço da América Latina de eletrofisiologia pediátrica no Pequeno Príncipe. E fomos um destaque, já começamos a treinar pessoas e formar outros centros no Brasil. No início, tinha um aparelho de eletrocardiograma obsoleto, algo muito básico. Hoje, temos absolutamente tudo o que o paciente precisa – eletrocardiograma, tilt test, teste de esforço, marca-passo, desfibrilador, ressincronizador e o estudo eletrofisiológico. Para além de destaque nacional e mundial, o Serviço de Eletrofisiologia conseguiu mudar a mortalidade. Na minha época de residência, tínhamos algumas arritmias com 100% de mortalidade. Hoje, os mesmos casos têm 0,1%. Nos últimos 15 anos, não lembro de ter perdido crianças pela mesma arritmia, que antes era 100% de mortalidade.”

Sonho que se tornou realidade

“A minha grande bênção foi ter o Pequeno Príncipe. Porque, enquanto o cenário inteirinho dizia que era algo inadequado, o Pequeno Príncipe acreditou. Ele não só abriu as portas como abraçou meus sonhos junto comigo. Sempre falo para os meus filhos: ‘Não enxergue o mundo por meio dos olhos dos outros’. Deus fez cada um com seus próprios olhos. Então, a partir do momento que alguém chega para você e diz que você não é capaz, você tem que enxergar com os seus olhos. Se os seus olhos, dentro do seu cenário, disser que você é capaz, é porque você é capaz. Não deixe que o mundo reflita em você algo que você não é. E se você tiver determinado a fazer algo e aquilo é para o bem, faça. Sempre acreditando em você.”

Juntos pela mesma causa

“Chamo o Pequeno Príncipe de uma grande colmeia, na qual cada abelha tem a sua função e onde apenas uma abelha sozinha não constrói uma colmeia. A eletrofisiologia é um serviço robusto e bem estruturado, porque temos 35 especialidades, uma variedade de serviços complementares e multiprofissionais. E estão todos ao redor da abelha-rainha, que é a criança. Ela que nos move e faz com que acorde de manhã, que estude e dedique o nosso tempo para aprender cada vez mais do ser humano e trazer o que tem de melhor no mundo. A medicina é um processo de diagnóstico, tratamento e prognóstico. Então, se você não tem o conhecimento para dar o teu passo inicial, você não vai ter o teu prognóstico listado na sua frente. E minha gratidão é por ter conseguido dar esse primeiro passo para ter conseguido ter esse embasamento para resultados tão positivos.”

Histórias que marcam

“Teve um caso de marca-passo que me marcou muito, no qual uma criança de 920 gramas precisou do dispositivo em um coração que tinha o tamanho de, no máximo, três dedos – muito desafiador. Hoje, o menino tem 1m90 e ainda me chama de ‘tia’. Outro caso que marcou foi de uma menina que precisava de transplante no coração. Foi uma das primeiras terapêuticas utilizando um ressincronizador e deu certo – hoje ela tem 17 anos, com o coração normal e sem precisar do transplante. Enfim, sou apaixonada por todos os casos e sei todos os nomes de todos meus pacientes.”

“O que eu sinto pelo Pequeno Príncipe é um amor incondicional. Trabalhar aqui é um privilégio. Esse é o lugar que eu cresço e onde mais enxergo a presença divina na minha vida.”

Gratidão em fazer parte

“O que eu sinto pelo Pequeno Príncipe é um amor incondicional. Trabalhar aqui é um privilégio. Esse é o lugar que eu cresço e onde mais enxergo a presença divina na minha vida. Quando um paciente chega aqui, você não pode levianamente encaminhar para um serviço superior ao seu, porque o Hospital é o fator decisivo. Então isso traz em você uma responsabilidade tão linda e tão forte que você se torna realmente responsável por aquilo. Toda a esperança da família é depositada no Pequeno Príncipe. E isso é o que faz o profissional crescer. Quem está aqui dentro não pode ser mais ou menos, tem que ser muito bom. E, por isso, sinto confiança em trazer os meus três filhos para serem atendidos aqui, pois sei que é o melhor lugar que eu poderia levá-los.”

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