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Violência na primeira infância gera danos ainda mais graves
Datas como o Dia das Crianças celebram o direito de os pequenos vivenciarem a infância em sua plenitude: brincando, aprendendo e divertindo-se. Entretanto, a realidade apresenta um cenário preocupante. Nos últimos cinco anos, 35 mil crianças e adolescentes foram mortos de forma violenta no Brasil, segundo levantamento do Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Entre as idades de 0 a 4 anos ocorreu aumento de 27% nos casos.
Por isso, nesta Semana Nacional de Prevenção da Violência na Primeira Infância, o Hospital Pequeno Príncipe reforça a atenção a esse grupo e encoraja a denúncia para proteção dos meninos e meninas. Em 2021, a instituição, referência em atendimentos dessa natureza, realizou 618 atendimentos a crianças e adolescentes vítimas de violência, sendo que 282 tinham até 3 anos.
A violência na primeira infância – que compreende desde a gestação até os 6 anos – acarreta consequências mentais e fisiológicas negativas em longo prazo. Dentre elas, ansiedade, depressão, alucinação, baixo desempenho na escola, alterações de memória, comportamento agressivo e violento, e até tentativas de suicídio. “Quanto mais nova a vítima for, e por ter uma maior imaturidade física e psicológica, maiores serão as sequelas. Muitas vezes elas nem percebem que é uma violência. As consequências podem se manifestar imediatamente após a situação de violência ou a médio e longo prazo”, destaca a psicóloga Daniela Prestes, do Hospital Pequeno Príncipe.
Padrões nos casos atendidos
Nos casos de violência sexual, que somaram 344 ocorrências, a maioria das crianças atendidas pelo Hospital Pequeno Príncipe que foram submetidas a alguma situação violenta é menina – 78% do total. A faixa de idade com mais casos registrados, do sexo feminino, é entre 4 e 7 anos, com 107 ocorrências. No sexo masculino, os registros de violência sexual se concentram entre 5 meses e 3 anos – com 32 casos.
A médica pediatra Maria Cristina da Silveira, do Hospital Pequeno Príncipe, informa sobre os padrões observados nos casos atendidos no maior hospital exclusivamente pediátrico do país. “Cerca de 60% das ocorrências de violência sexual eram em crianças com menos de 6 anos de idade, sendo a maioria meninas. Em quase 90% dos casos, o agressor é intrafamiliar, ou seja, dentro do vínculo de confiança da criança”, alerta.
Por isso, o papel da sociedade na proteção dos meninos e meninas é fundamental por meio da denúncia. “A denúncia pode ser feita de forma anônima, caso a pessoa que se vê diante da violência tenha um receio de interferir. É importante que isso aconteça, porque a gente vai estar, de fato, fazendo uma defesa de uma criança e um adolescente, para que eles tenham melhores condições de uma qualidade de vida no futuro”, conclui a psicóloga. Para denunciar, basta ligar para o Disque 100 (nacional), 181 (Paraná) ou 156 (Curitiba).
Referência nacional no combate à violência
O Hospital Pequeno Príncipe atua ativamente no combate à violência infantojuvenil. Desde a década de 1970, a instituição mobiliza a população em prol da luta contra a violação dos direitos de crianças e adolescentes. Para sensibilizar a sociedade acerca da importância da denúncia desses casos de violência, o Pequeno Príncipe mantém, desde 2006, a Campanha Pra Toda Vida – A Violência Não Pode Marcar o Futuro das Crianças.
Em 2022, a instituição lançou também cursos para melhorar ainda mais a qualidade do serviço prestado a crianças e adolescentes que foram vítimas de violência e buscaram a instituição. As formações fazem parte do Projeto Pra Toda Vida, viabilizado pelo Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (CEDCA), que tem o objetivo de atuar na prevenção, atendimento e acompanhamento dos casos, prevendo cursos nas modalidades presencial e on-line para os profissionais do Hospital Pequeno Príncipe.