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A primeira cirurgia para transplante de válvula humana no Pequeno Príncipe foi realizada no dia 22 de setembro de 1995. Desde então, já foram implantados mais de 200 enxertos pelo Serviço de Cirurgia Cardíaca.
O transplante de válvula humana ou homoenxerto é indicado para pacientes que apresentam mau funcionamento das válvulas do coração. O Pequeno Príncipe possui um credenciamento específico para uso do homoenxerto pulmonar, garantindo que seja realizado com excelência e segurança. Considerado de alta complexidade, o procedimento é feito em recém-nascidos, crianças e adolescentes. Em 2022, foram realizadas 47 cirurgias desse tipo, uma média de quatro transplantes por mês.
Para que o procedimento cirúrgico ocorra é necessário uma equipe multidisciplinar, com cardiologistas, cirurgiões, perfusionistas, instrumentadores, intensivistas, anestesistas, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais. “A instituição conta com profissionais capacitados para a realização do procedimento. E, dependendo da complexidade do caso, o mesmo paciente pode receber um ou dois enxertos”, ressalta o cirurgião cardiovascular pediátrico responsável por uma das equipes do Serviço de Cirurgia Cardiovascular, Gustavo Klug Pimentel.
A primeira cirurgia para transplante de válvula humana no Pequeno Príncipe foi realizada no dia 22 de setembro de 1995. Desde então, já foram implantados mais de 200 enxertos pelo Serviço de Cirurgia Cardíaca.
O ventrículo localizado no lado direito do coração possui uma válvula chamada pulmonar. Ela é responsável por permitir a saída do sangue em direção à artéria pulmonar e aos pulmões, além de impedir que o sangue volte ao ventrículo. A mesma função tem a válvula aórtica na via de saída do lado esquerdo do coração, que possibilita ao sangue correr pelas aortas ascendentes e pelo corpo todo.
O transplante de válvula ocorre quando o coração de um paciente doador não está em boas condições funcionais para ser utilizado em outra pessoa, mas as válvulas estão em perfeito funcionamento. “O coração é retirado inteiro do doador. Após esse procedimento, as válvulas aórtica e pulmonar são retiradas do órgão e passam por uma preparação, que envolve a remoção de células e anticorpos, para que possam ser implantadas em outra pessoa, religando artérias, átrios e ventrículos”, explica o cirurgião cardiovascular responsável por uma das equipes do Serviço de Cirurgia Cardiovascular, Fabio Binhara Navarro.
Diferentemente de outros órgãos como rim, fígado e coração, que quando disponíveis possuem um tempo de isquemia — tempo em que o órgão pode ficar fora do corpo humano —, as válvulas cardíacas podem ser solicitadas a qualquer momento ao Banco de Multitecidos Humanos do Brasil, o único do país, localizado em Curitiba. “Os pacientes que precisam do transplante de válvula não ficam em lista de espera, pois a doação de tecidos não é escassa”, afirma o médico e cirurgião cardiovascular pediátrico Wanderley Saviolo Ferreira.
No entanto, a conscientização sobre a doação de órgãos ainda é muito necessária. Um dos principais motivos que impedem o transplante é a recusa familiar em doar o órgão, segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). Por isso, a importância de avisar familiares de primeiro ou segundo grau (pais, filhos, irmãos, avós e cônjuges) sobre o interesse em doar órgãos. É uma decisão que salva vidas.
O primeiro passo para a realização do transplante é a disponibilidade do enxerto, que precisa ter um tamanho compatível ao paciente receptor. A cirurgia de implantação também é complexa, principalmente pela idade dos pacientes. “É um procedimento delicado por conta da imaturidade do coração, do sistema imunológico e da função renal do paciente. Muitas vezes, o tecido da válvula é fino, especialmente em recém-nascidos e bebês, então é preciso implantá-lo sem distorcê-lo, para que não perca a função”, pontua Navarro.
Ao contrário do que ocorre em adultos, a válvula para crianças pequenas precisa ser redimensionada, pois a maioria dos enxertos utilizados é de pessoas mais velhas. “Um paciente de 5kg, por exemplo, tem a via de saída com um diâmetro entre 12 e 14 milímetros. Porém, os enxertos disponibilizados, que são de adultos, possuem entre 20 e 22 milímetros. Nesses casos, utilizamos uma técnica para redimensionar a válvula e adequar ao tamanho da criança”, completa o médico.
A maior parte das cirurgias para transplante de válvula realizadas no Pequeno Príncipe é feita em crianças com febre reumática e cardiopatias congênitas, principalmente a tetralogia de Fallot (malformação rara caracterizada por quatro anomalias cardíacas). O enxerto é o melhor substituto para pacientes cardiopatas.
“As válvulas humanas implantadas podem durar até 20 anos, dependendo do organismo do paciente”, informa o médico Wanderley Saviolo Ferreira. Também existem outros tipos de válvulas – como as de metal ou de origem animal –, mas não são indicadas para crianças, pois essas estruturas se calcificam rapidamente.
O Pequeno Príncipe é signatário do Pacto Global desde 2019. A iniciativa presente nesse conteúdo contribui para o alcance do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS): Saúde e Bem-Estar (ODS 3).