Comuns nos dois primeiros anos de vida das crianças, as infecções de repetição exigem atenção especial
Nos dois primeiros anos de vida das crianças, muitos pais vivem em situação de alerta em relação à saúde dos filhos. Nessa fase de desenvolvimento, é muito comum surgirem as infecções de repetição.
A médica imunologista pediátrica do Hospital Pequeno Príncipe e pesquisadora do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe, Carolina Prado, lembra que elas são comuns, mas também exigem atenção especial, pois podem esconder doenças sérias e que precisam de diagnóstico precoce. Em torno desse tema, a instituição promoveu, no dia 29 de julho, a segunda live voltada aos cuidados com as crianças e adolescentes: “Seu Filho tem Infecções de Repetição?”.
Transmitido pelo perfil do Hospital no Instagram, o bate-papo virtual, realizado a cada 14 dias, sempre às quartas-feiras, às 17 horas, percorreu importantes questões relacionadas aos erros inatos da imunidade – as chamadas imunodeficiências primárias. Antes, no dia 15 de julho, o vice-diretor técnico do Pequeno Príncipe, o infectologista pediátrico Victor Horácio de Souza Costa Júnior, esclareceu dúvidas importantes na live “Retorno às Aulas e Pandemia – Quais as Perspectivas em Meio ao Cenário Atual?”. Já nesse 12 de agosto, o gastroenterologista pediátrico Mário Vieira falou sobre “Alergias Alimentares”.
Na live “Seu Filho tem Infecções de Repetição?”, a médica Carolina Prando chamou a atenção para a fase de desenvolvimento do sistema imunológico. “Costumo fazer a analogia com o sistema neurológico, quando observamos a criança aprender a fixar o pescoço, sentar com ou sem apoio. O sistema imunológico dela também tem muito a aprender”, comentou.
Por isso, um aviso importante aos pais, cuidadores e responsáveis. Nos 24 primeiros meses de vida, até 11 infecções de repetição por ano são muito comuns. “Principalmente se elas vão desde cedo à escola e creche. Resfriados leves, por exemplo, vão pedir de 3 a 5 dias para que se recuperem, sem a necessidade de antibióticos. Há crianças em que nem vamos perceber nada grave, pois passam bem e sem sinais de infecção”, ponderou.
O problema, completa a médica, é quando passam a apresentar quadros graves, que exigem a administração de antibióticos e até mesmo a mudança de medicamento por conta da evolução da doença. “São situações preocupantes e que fogem do desenvolvimento normal de uma criança”, falou a médica, que lembrou dos problemas verificados quando um menino ou menina nasce prematuramente, uma vez que o sistema imunológico deles ainda não atingiu a maturidade esperada.
Investigação
Quando uma infecção de repetição – como quadros seguidos de pneumonia – apresenta complicação, uma investigação mais séria precisa ser feita pelo pediatra. Atualmente, existem mais de 400 tipos de doenças relacionadas ao erros inatos da imunidade (imunodeficiências primárias). “Uma criança que apresenta 20 pneumonias, mesmo que o problema seja bem tratado a cada ocorrência, vai ter sequelas e ter o funcionamento do seu pulmão bem comprometido. Há 10 sinais de alerta, definidos pela Fundação Jeffrey Modell, que devem ser observados e que serão fundamentais para o diagnóstico precoce e tratamento adequado”, salienta a especialista.
Vale lembrar que são sinais de alerta para os erros inatos da imunidade (imunodeficiências primárias): 4 ou mais otites (infecções de ouvido) em um ano; 2 ou mais sinusites em um ano; 2 ou mais meses com antibiótico com pouco efeito; 2 ou mais pneumonias em um ano; atraso no crescimento ou ganho de peso; abcessos de repetição de pele ou órgãos; estomatites de repetição ou sapinho na boca por mais de dois meses; necessidade de antibiótico intravenoso para tratar infecções; 2 ou mais infecções graves, incluindo septicemia; e histórico de infecções de repetição ou diagnóstico de IDP na família.
Além de responder dúvidas e esclarecer características de tratamentos de doenças como a Imunodeficiência Combinada Grave (conhecida como a doença do menino da bolha), Carolina Prando reforçou a importância de hábitos fundamentais para assegurar o bom funcionamento do sistema imunológico. “Alimentação saudável e balanceada, atividades físicas e o sono de qualidade são importantes para diminuir o risco de infecção”, observa.