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Nêuma Marília Kormann: vocação e humanização na pediatria
A trajetória de Nêuma Marília Kormann na medicina é marcada por dedicação e vocação que nasceu na infância. Originária de uma região pobre na Bahia, ela sempre teve o desejo de ajudar as crianças, inspirada pelo cuidado de sua mãe e pelas dificuldades que testemunhava em sua comunidade. Seu amor pela pediatria se solidificou ao longo dos anos, guiando-a desde a graduação até a escolha pela residência. Nêuma se formou em medicina pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) em 1988. E, desde 1995, atua no Hospital Pequeno Príncipe, destacando-se por seu atendimento humanizado no pronto-atendimento, ambulatório e internação.
Vocação desde a infância
“Desde cedo, me preocupava com as crianças, porque venho de uma região muito pobre da Bahia. Era comum ver os pequenos ficarem gravemente doentes e, infelizmente, morrer. Vim para Curitiba aos 15 anos, pois na cidade que eu morava não tinha como dar continuidade aos estudos após a oitava série. Já na capital paranaense eu tinha uma irmã que morava e poderia ficar com ela. Finalizei o ensino médio, passei em medicina logo no meu primeiro vestibular na Universidade Federal do Paraná (UFPR) e me tornei a primeira médica da minha família.”
Inspiração da vida
“A minha mãe tinha a vocação para o cuidado. E considero ela minha maior inspiração. Depois que ela criou todos os filhos, ela se preocupou com as crianças da cidade e fundou uma creche. E teve um movimento intenso. Isso me lembra um pouco a Dona Ety, em uma proporção diferente, pois ela foi a grande idealizadora do Pequeno Príncipe. A minha mãe fazia um trabalho bem menor, mas bem assistencial. Ela já é falecida, mas me inspira até hoje.”
Especialização em pediatria
“Desde o começo da faculdade, a minha vontade era ser pediatra. E em nenhum momento pensei em ser outra coisa. O que eu gostava mesmo era de cuidar de criança, porque acredito que demanda uma atenção maior. Fiz residência de pediatria em outro hospital, mas o meu sonho era trabalhar no Pequeno Príncipe. Uma amiga me apresentou para o pediatra José Carlos, que já faleceu, e consegui integrar o time de médicos do Hospital em 1995. Fiquei tão feliz, pois é um local completo. Meu sonho sempre foi trabalhar em todos os momentos da pediatria, desde o nascimento, pronto atendimento, ambulatório, internamento – e aqui pude realizar isso.”
“Se tem algo que posso dizer que me faz muito feliz no meu trabalho é poder dar alta, me despedir da família e entregar a criança saudável. Essa parte me faz muito feliz.”
Trajetória no Pequeno Príncipe
“Ingressei já atuando no Pronto-Atendimento Convênios e no Ambulatório SUS. Há uns 13 anos, estou também na equipe de internamento, que é onde me realizo muito, pois posso prestar essa assistência médica desde o acolhimento até o acompanhamento. E essa vivência é que eu acho que veio para completar a minha atuação, pois envolve uma medicina mais complexa. Sou muito grata também em ver a trajetória do Pequeno Príncipe, em termos de evolução como hospital e como escola de medicina. Se tem algo que posso dizer que me faz muito feliz no meu trabalho é poder dar alta, me despedir da família e entregar a criança saudável.”
Encontros e reencontros
“De todos os anos que trabalho aqui, já vivenciei muitos reencontros, e são bem agradáveis. Tem muitas histórias para recordar. Entre elas, uma menina que tinha uma válvula com derivação externa e que, quando infeccionado, é grave e exige um cuidado especial. Lembro que fiquei com essa criança durante três meses de internamento e era um caso difícil, mas falei que iríamos tentar de todas as maneiras para estancar a infecção. Até que finalmente ela recebeu alta. Hoje, depois de quase cinco anos, é gratificante ver ela bem. A mãe é grata por saber que em nenhum momento desistimos da filha dela. E esse caso também mostra outro ponto de algo que gosto muito de trabalhar aqui, que é ter uma equipe multidisciplinar atuando em conjunto para o melhor diagnóstico, tratamento e recuperação.”
Orgulho e pertencimento
“O Pequeno Príncipe representa um quarto da minha vida. Muitos anos de trabalho e crescimento profissional. Sei que a gente só cresce trabalhando, experienciando. Você pode sair com o prêmio máximo da tua sala de aula em termos de nota, mas é crua, falta ainda a bagagem para que você se torne um bom profissional. Na medicina, você não pode parar de estudar, de se atualizar e ver as novidades, pois ela está sempre evoluindo. Sou feliz aqui também porque a instituição é muito plural e que acolhe. Faz com que cada um se sinta uma pessoa importante.”