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Óculos de realidade virtual colaboram no combate da dor
Maria Isadora nasceu com um problema no coração e, desde o seu nascimento, a família sabia que a solução para o caso da garota seria um transplante. Ao longo da sua vida ficou em tratamento, até que aos 9 anos de idade ela teve um mal súbito. Numa nova reavaliação, os médicos concluíram que tinha chegado a hora de indicar o transplante. “O coração da Maria estava muito fraco, e ela não ia aguentar mais por muito tempo”, conta a mãe, Luiza de Araújo. Do dia do internamento até a alta após o transplante, a garotinha ficou 97 dias internada no Hospital Pequeno Príncipe. O transplante foi um sucesso, e hoje ela está levando uma vida normal.
O transcorrer desses 97 dias, no entanto, foi recheado de desafios. Um deles era o medo e a ansiedade que a menina tinha ao saber que passaria por algum procedimento que pudesse gerar dor. Foi aí que, mais uma vez, a disposição do Pequeno Príncipe para oferecer um atendimento humanizado fez toda a diferença. “Nós precisávamos retirar um acesso que estava ligado direto no coração dela, e ao saber que passaria pelo procedimento ela ficou muito ansiosa, chorando muito”, lembra a médica Rita de Cássia Rodrigues Silva, da UTI da Cardiologia. Foi então que ela decidiu começar a testar uma nova forma de distrair as crianças que necessitam passar por procedimentos dolorosos: os óculos de realidade virtual.
“Eu já vinha lendo alguns estudos a respeito do uso dessa ferramenta como forma de distração para as crianças, e como tínhamos os óculos do Centro de Simulação Realística decidi testar”, revela. Transmitindo um filme que simula uma brincadeira numa montanha-russa, os óculos foram colocados na menina. Enquanto a médica conversava com ela sobre o filme que estava passando, a enfermeira conseguiu retirar o acesso. “Quando o procedimento terminou, eu tirei os óculos da Maria e ela não acreditava no que tinha acontecido”, relata a médica.
Depois da experiência bem-sucedida na UTI da Cardiologia, o equipamento começou a ser usado em pacientes de outros setores. “O objetivo é realmente diminuir a ansiedade e a dor das crianças. Os óculos de realidade virtual tiram a criança do ambiente estressante em que ela se encontra e a transportam para uma outra realidade, permitindo que os procedimentos sejam feitos de forma mais harmoniosa”, explica Rita.
Pesquisa dos efeitos do óculos
Para aprofundar o conhecimento acerca do efeito dos óculos de realidade virtual no atendimento das crianças, será realizada, no Pronto-Atendimento do Hospital, uma pesquisa com pacientes que precisem fazer punção venosa, que é um procedimento doloroso e gera ansiedade nas crianças. “A partir dessa pesquisa, nós teremos evidências científicas geradas aqui na nossa instituição”, ressalta a médica. O projeto já foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos e começará a ser realizado nos próximos meses.