José Álvaro da Silva Carneiro: o diretor-corporativo que uniu seus propósitos no Pequeno Príncipe

Sua história, nossa história

José Álvaro da Silva Carneiro: o diretor-corporativo que uniu seus propósitos no Pequeno Príncipe

“Os momentos que vivenciamos aqui é que nos trazem energia para fazer mais, melhor e querer jogar sempre na primeira divisão. Para isso, contamos com pessoas extraordinárias que trabalham aqui e que, com a motivação das nossas crianças, possuem a vontade permanente de oferecer o que têm de melhor.”
10/12/2020
José Álvaro da Silva Carneiro
No Pequeno Príncipe, José Álvaro da Silva Carneiro uniu sua experiência como gestor com a paixão pelo terceiro setor e meio ambiente.

Fascinado pelo terceiro setor, o diretor-corporativo José Álvaro da Silva Carneiro encontrou no Pequeno Príncipe uma maneira de unir dois propósitos. De um lado, por meio de sua atuação como gestor que entende a importância da sustentabilidade financeira para atingir objetivos sólidos, o líder trabalha por uma causa nobre e busca incansavelmente promover a equidade em todos os atendimentos prestados a milhares de crianças e adolescentes. De outro, o diretor, que também é ativista e ambientalista, acredita que preservar o meio ambiente é uma forma imprescindível de cuidar da saúde das pessoas e se dedica, por meio de diferentes projetos, a fomentar a questão ambiental institucionalmente.

União de famílias por uma mesma causa

“A minha família tem uma passagem importante pelo Pequeno Príncipe. Meu tio-avô, Raul Carneiro, se formou em Medicina em 1906, no Rio de Janeiro, fez especialização na Alemanha e na França e depois voltou ao Brasil. Na década de 1930, em Curitiba, ele montou um consultório e se tornou o médico responsável pela antiga estrutura do então Pequeno Príncipe, na época chamado de Hospital de Crianças. O filho dele, meu primo, Raul Carneiro Filho, também trabalhava aqui e foi um dos influenciadores de Zilda Arns e de Dona Ety. Em 1956, a irmã do meu pai, tia Raquel, criou uma ONG, com o nome do meu tio-avô – Associação Hospitalar de Proteção à Infância Dr. Raul Carneiro –, que ainda é a mantenedora do Pequeno Príncipe. Apesar de toda essa relação da minha família com o Hospital, acredito que a pessoa mais importante na história do Pequeno Príncipe chegou em 1966. Ety Gonçalves Forte, uma artista plástica, que passa a ser presidente voluntária da associação. Na década de 1980, as histórias das nossas famílias se unem definitivamente. Meu irmão me apresentou a Ety Cristina, que trabalhava em um grande escritório de arquitetura que atenderia à uma reforma que precisaríamos fazer. Moral da história: namoramos, casamos e tivemos dois filhos, a Elza e o Luiz Álvaro. A Ety me conheceu como um gestor, que trabalhou em diferentes empresas grandes, mas também como alguém apaixonado pelo terceiro setor e pelo meio ambiente. Então, houve oficialmente uma junção das famílias quando, em 1999, fui convidado pelos meus sogros a integrar o conselho da mantenedora do Hospital como associado.”

Paixão pelo terceiro setor

“Vale ressaltar que na minha trajetória profissional obtive diversas experiências que me levaram para as minhas paixões. Na década de 1980, trabalhava em uma empresa muito grande de São Paulo e comecei a estudar a Amazônia, a Mata Atlântica e outras questões ambientais. No terceiro setor e como ambientalista, participei ativamente da fundação de diversas organizações como a Associação Pró-Jureia, SOS Mata Atlântica e Liga Ambiental. Destaque para a SOS Mata Atlântica, que tinha uma missão muito típica do terceiro setor, mas com um espírito de empresa. A organização sabia que para conseguir sobreviver precisava ser sustentável e ter uma receita que permitisse levar os projetos e missão definidos. Nesse momento, passei a gostar muito do terceiro setor, pois precisa ser muito competente e gerar resultado, para fazer uso desse resultado, sustentar sua missão e se projetar no tempo. Eu mencionei a SOS Mata Atlântica porque ela existe até hoje e é muito importante para o Brasil. Destaco que antes de entrar no Pequeno Príncipe, tinha uma admiração pelo terceiro setor. Entendia que as pessoas que trabalham lá precisam almejar ganhar bem, a valor de mercado, para conseguir perseguir resultados e atingir metas, mas apenas isto. Sou fã de trabalhar por uma causa.”

Jogada inicial para muitas conquistas

“Em 2000, foi realizado o Congresso Criança, que contou com algumas questões importantes e definidoras do futuro do Pequeno Príncipe. Uma delas, foi a vontade de transformar a instituição em um Complexo, unindo a assistência, o ensino e a pesquisa. A Ety Cristina, minha esposa, batalhou muito para que existisse uma unidade própria para o ensino, já que o DNA da formação em saúde, está presente no Hospital desde sua fundação. Isto se realiza em 2003, com a criação do Instituto de Ensino Superior Pequeno Príncipe, atual Faculdades Pequeno Príncipe. Mas ainda faltava um braço exclusivo para a pesquisa. Em 2005, surge a oportunidade de parceira com o Pelé. É nesse momento que eu me engajo na instituição, com a responsabilidade de ganhar a confiança do Pelé, sua família e amigos, e conceber e implantar um projeto de captação de recursos e de responsabilidade corporativa no esporte e no futebol, que em cinco anos viabilizasse o custeio da nova unidade, o Gols Pela Vida. Para mim, isso foi um verdadeiro privilégio e uma importante vitória na trajetória centenária da instituição, afinal, ele é um mito mundial. Quando o Pelé fechou a parceria ele destacou que ‘só jogava em time vencedor´. Isso é uma honra que nos abriu muitas portas, inclusive no mundo do esporte. Vale destacar que é um marco também, porque esse é o único projeto social do mundo a ter a chancela do Rei do Futebol.”

“Os momentos que vivenciamos aqui é que nos trazem energia para fazer mais, melhor e querer jogar sempre na primeira divisão. Para isso, contamos com pessoas extraordinárias que trabalham aqui e que, com a motivação das nossas crianças, possuem a vontade permanente de oferecer o que têm de melhor.”

Profissionalização dos processos de gestão

“O definidor da minha presença no Pequeno Príncipe foi em 2009, quando o Complexo passou por uma crise financeira muito difícil. A instituição estava com dívidas e se aproximando da inadimplência, quando, no início de abril, recebeu um dinheiro que não se esperava. Superamos e nos livramos dessa ameaça. Em 2010, assumo a diretoria administrativo-financeira do Hospital como voluntário. Mas, em pouco tempo, ficou evidente que era impossível ser diretor voluntário em uma organização de tal porte, complexidade e responsabilidade. Aqui, você precisa estar disponível mais do que 40 horas semanais, porque pode ocorrer demandas em todos os horários e dias da semana. Então, em 2011, assumo o cargo de diretor corporativo do Complexo Pequeno Príncipe, composto pelo Hospital, a Faculdades e o Instituto de Pesquisa, além de Centro de Vacinas e de pequeno Centro de Reabilitação em São José dos Pinhais, e de secretário-geral da mantenedora, onde adquiro atribuições voltadas à governança. Me engajei profundamente para descobrir o que eu poderia fazer para iniciar um processo de redução de assimetrias internas e buscar contemporaneidade e plena sustentabilidade, para melhorar a condição organizacional e, ao invés de ter dívidas, obter um montante para enfrentar alguma circunstância. Para isto, o primeiro passo foi implantar um sistema integrado de gestão, que reúne informações clínicas, econômicas e financeiras, e isso é um passo decisivo para, na sequência, buscarmos uma certificação em qualidade específica para os estabelecimentos de saúde, uma Acreditação. Podendo contar com a dedicação e competência nas áreas tradicionais, nós também inovamos e investimos em captação de recursos e também na imagem institucional, para que deixasse clara a importância social que o Pequeno Príncipe possui perante a sociedade. Com o envolvimento de tantas pessoas, recebemos o apoio internacional da Fundação Saint-Èxupery e chegamos ao centenário com ótimas perspectivas para o futuro.”

101 anos com espírito jovem e inovador

“Ao observar o que acontecia no Pequeno Príncipe, percebi a importância da genômica, que é uma inovação radical. Nós apostamos nela há muitos anos e acertamos. Hoje, contamos com dois laboratórios excepcionais que, com muita rapidez, nomeiam bactérias, fungos e vírus. Um exemplo disso é que, hoje, com o coronavírus, acredito que sejamos os únicos a oferecer o resultado do exame RT PCR em até 5 horas após coletado. O mundo da tecnologia da informação é uma inovação incremental, porque é fazer de uma maneira muito melhor algo que já existia antes. Isso pode ser exemplificado, por exemplo, com o TytoCare, que é um aparelho usado para fazer uma triagem à distância, que está ligado à telemedicina. E outro exemplo é o Brain4Care, um medidor de pressão intracraniana não-invasiva. Isso nos traz infinitas possibilidades. Esses são dois caminhos de inovação, que nos faz estar nivelado com hospitais de ponta quanto a estes temas. De um lado a inovação incremental, com os equipamentos e aparelhos, e do outro, a radical, com a genômica, biologia molecular e terapias gênicas. Além disso, destaco também o projeto de um Hospital virtual, com a telepresença, e também o nosso programa de telemedicina inter-utis.  Estamos com 101 anos, somos velhinhos, mas velhinhos animadíssimos!”

Busca incessante pela equidade

“No paralelo, Ety e eu sempre lembramos e conversamos muito sobre a importância de trabalharmos por uma causa. É necessário fazer tudo muito bem feito. Esse lugar mágico proporciona equidade. Isso, no meu ponto de vista, é uma das coisas mais difíceis da humanidade atual. Dar oportunidade de acesso ao melhor tratamento de que dispomos, independentemente se seja menino ou menina, preto, amarelo, vermelho, branco, pobre, rico, classe média é fantástico. Usar toda nossa capacidade para garantir igualdade no tratamento, mas aplicando a equidade e oferecendo o que cada paciente necessita, é incrível. E, tudo isso, ao mesmo tempo em que buscamos a sustentabilidade, melhoria e inovação. O fascínio que esse lugar exerce em mim tem relação com uma questão familiar. A Ety vem da família que está intimamente ligada ao Pequeno Príncipe, com a pessoa mais importante da história do Hospital, que é a Dona Ety, que fez uma transformação aqui e permitiu esta ser a instituição que é. Essa união juntou as duas famílias, que têm como tema principal, em todos os almoços de domingo, o Complexo. Juntos, inventamos sem parar e buscamos sempre fazer mais.”

Cuidar das pessoas e do planeta

“Hoje, consigo fazer uso integral do que aprendi na minha vida pessoal e profissional. Tenho o prazer em oferecer o que eu possa ter de energia e capacidade a um projeto que se dedica a equidade há muitas décadas e que também dá seus passos na área ambiental. Depois de fazer com que o Pequeno Príncipe melhorasse no quesito financeiro, pude evoluir nessa área, onde fomos até reconhecidos por meio de prêmios. Antes, tínhamos um viés gerencial, de reduzir o consumo de água, energia e resíduos para gastar menos dinheiro. Hoje, trabalhamos com aspectos morais, onde nos preocupamos e mudamos as nossas atitudes. A implantação do projeto ‘Pequeno Príncipe Norte’ no terreno no Bacacheri, traz um novo e enorme desafio. Além da instalação da sede da Faculdades, Instituto de Pesquisa e dois novos hospitais, complementares ao atual, o projeto permite a integração entre gestão ambiental já realizada em nossos braços operacionais (agenda marrom clássica) com trabalhos de enriquecimento biológico no bosque e a implantação de ‘jardim botânico’, que traga aos visitantes a importância das plantas, notadamente as medicinais. Fazendo compostagem dos resíduos orgânicos de nossos refeitórios, criamos um nexo com uma ‘agenda verde’. Se a gente cuida da saúde das pessoas, precisamos cuidar também da saúde do planeta. Trabalhar aqui é um privilégio, pois posso me dedicar em duas coisas que considero as mais difíceis da humanidade, equidade e natureza – e ainda no terceiro setor.”

Energia para fazer sempre mais e melhor

“Como ser humano cresci, aprendi e aprendo muito, todos os dias, com as crianças e famílias que acolhemos no Pequeno Príncipe. Acho que com quem mais aprendi foi com esses pacientes e personalidades que conheci por meio do Hospital. São tantas pessoas excepcionais que passaram pela minha vida, que não consigo dar destaque em só uma história. Para mim, não tem diferença entre a paciente Fabiele ou o Pelé, por exemplo. Nunca imaginei trabalhar em um lugar que me fizesse emocionar e chorar tanto, mas de forma positiva. Mesmo que eu tenha tido momentos de tristeza, eles não foram tão emocionantes como os de alegria profunda. E essa mola da inteligência emocional é que nos traz energia para fazer mais, melhor e querer jogar sempre na primeira divisão. Hoje, estamos na primeira divisão (lembram do Pelé?). e nosso desafio é continuar. O que faz a diferença é não se acomodar nunca. Para isso, contamos com pessoas extraordinárias que trabalham aqui e que, com a motivação das nossas crianças, possuem a vontade permanente de oferecer o que têm de melhor.”

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