Fernanda Salgueiro: a assessora de marketing que encontrou no Hospital o seu propósito

Sua história, nossa história

Fernanda Salgueiro: a assessora de marketing que encontrou no Hospital o seu propósito

“É mais que um trabalho, é um propósito, uma missão. O que vejo em comum com as pessoas é esse brilho nos olhos.”
28/10/2020
Fernanda Salgueiro
Fernanda Salgueiro encontrou no Pequeno Príncipe a realização de sonhos e de trabalhar com um propósito.

Com 20 anos de atuação no maior hospital pediátrico do Brasil, a assessora de marketing, escritora e grande incentivadora de leitura Fernanda Salgueiro encontrou no Pequeno Príncipe a realização de sonhos e de trabalhar com um propósito. De um lado, a profissional aplica seus conhecimentos obtidos em terceiro setor e responsabilidade social para fazer a diferença na vida de milhares de crianças e adolescentes. De outro, utiliza a sua criatividade e paixão pela literatura para escrever livros infantis e auxiliar os meninos e meninas a viajarem pelo mundo da imaginação.

Encontro de almas

“Sou de Campo Grande (MS) e vim para Curitiba aos 17 anos fazer faculdade de administração na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Sempre gostei de escrever e tive um sonho de ser escritora, tanto é que passei no curso de Letras, mas achei que isso não me levaria a lugar nenhum. Na época, dava para escolher duas matérias para fazer como especialização e uma delas foi o marketing. Trabalhei por um tempo no segundo setor, mas em determinado momento, aquilo não fazia mais sentido, pois queria fazer a diferença no mundo. Queria fazer mais do que me dedicar tanto para vender uma geladeira. Pedi demissão e embarquei em uma nova área, de marketing cultural e social, para impactar a sociedade de verdade. Em um dos projetos, em 2000, conheci a Ety. Digo que foi uma conexão entre almas, pois na hora que nos vimos, ela já pediu meu telefone e me chamou para trabalhar com ela. A partir disso, iniciei minha trajetória no maior hospital pediátrico do Brasil.”

Marketing com propósito

“Quando cheguei ao Hospital, casaram-se vários desejos, entre eles, de fazer a diferença e trabalhar com crianças. Na época, a área de Marketing estava no início, eram cinco colaboradores. O terceiro setor estava crescendo e começava-se a substituir caridade e filantropia por marketing social. 2000 foi um momento muito especial no Brasil, de grande reconhecimento da responsabilidade social e me especializei nisso. Hoje vemos a consolidação do que começou naquele momento. Quando olho para trás, me orgulho em perceber todas as sementes que plantamos e como isso prosperou. Acredito muito nesse propósito. Direcionei minha carreira no terceiro setor, para usar meus conhecimentos em fazer a diferença no mundo, pautada nos meus valores. Desde o início, acreditávamos em profissionalizar o terceiro setor, com as boas práticas do segundo setor e, assim, mobilizar para essa causa.”

Sonho de infância realizado

“Há 15 anos, eu tive um câncer de tireoide, que foi um divisor de águas na minha vida. No mesmo período, eu estava cuidando de um projeto sobre o teste do pezinho, que permite saber se a criança pode desenvolver um tipo de câncer. Lembro que iria passar o Natal com a minha família em Campo Grande e recebi a notícia. Fiz a cirurgia lá mesmo e fiquei afastada por um período. Tinha 30 anos, um filho pequeno, diagnóstico de câncer… E nesse momento percebi que a literatura era um canal de expressão importante para mim. Quando estava me recuperando, achei um diário de quando era criança, que estava escrito ‘Quando crescer, quero ser escritora’. Decidi que queria estudar e entender melhor sobre essa área. Quando retornei ao Hospital, surgiu uma oportunidade de escrever para o projeto Bichonário, com desenhos das crianças e meus contos sobre cada um dos bichos imaginários. Uni duas paixões: fazer a diferença no mundo com o marketing do terceiro setor e a literatura. Tive o privilégio de realizar o sonho de infância. E percebi que dei tantas voltas na minha vida para descobrir o que sabia com 10 anos.”

Grande incentivo à leitura

“Na sequência, lancei o livro ‘Fada de Botas’, um projeto de incentivo à leitura. Uma pesquisa ‘Retratos da Leitura no Brasil’ mostrava que 86% dos não-leitores nunca ganharam um livro na vida. Queria presentear as crianças – em especial, as do Pequeno Príncipe – com uma obra. Tinha que ser um livro bonito, de capa dura, para que sentissem orgulho em possuí-lo. Foi uma época muito boa, pois eu parava minhas atividades de marketing e ia para o setor de Educação e Cultura para contar histórias e distribuir os livros aos pacientes. Depois, lancei a obra ‘Fada de Botas e o Menino Adormecido’, que além de ser distribuído no Hospital, também era entregue nas escolas públicas. Por fim, disponibilizamos o ‘Dicionário Ilustrado de Sentimentos’, no qual queria que as crianças participassem da concepção do livro. Conversei com mais de 300 meninos e meninas, inclusive em oito oficinas no Hospital. Foi muito emocionante. Tinha muito receio em falar com crianças hospitalizadas, mas foi uma lição. As crianças não estão tristes. É impressionante a força, a superação e a esperança que elas têm.”

Lugar certo, na hora certa

“Tem muitas histórias que me marcaram, estar no Hospital é um aprendizado diário e uma verdadeira lição de vida. Um dos projetos que tenho mais orgulho é o ‘Criando Laços’, que foi usado em uma exposição em Nova York. Uma paciente muito especial, a Fabiele, participou e falou da preocupação com o outro. Mesmo em uma situação debilitada, ela só desenhou depois que o colega fez. Outra história que marcou foi quando uma criança estava com o acesso na mão direita, e conseguiu pintar com a mão esquerda, mostrando sua superação. Em uma Copa do Mundo, a taça veio para Curitiba, e não sei porquê veio parar no Pequeno Príncipe. Tinha uma criança internada na Oncologia que estava muito triste de estar aqui e não poder ver a taça. A hora que a gente passou pelo quarto, a mãe falou que tinha sido o primeiro sorriso dele naquela semana. Isso faz tudo valer a pena.”

“É mais que um trabalho, é um propósito, uma missão. O que vejo em comum com as pessoas é esse brilho nos olhos.”

Vivendo para quem tem muito o que viver

Ano passado também foi muito intenso. Durante a apresentação da Camerata Antiqua de Curitiba, em homenagem aos 100 anos do Hospital, enquanto o coro cantava ‘Meu Coração, Não sei Porque, Bate Feliz, Quando te vê’, olhei para a plateia com a coroa na cabeça, e chorei de emoção. Naquele momento, senti que todo o trabalho dos últimos tempos tinha valido a pena, eu estava vivendo o planejamento. Ao mesmo tempo, me passou um filme na cabeça. Do primeiro projeto, da primeira prestação de contas, do primeiro projeto cultural… Fiz muitas primeiras coisas que depois viraram estratégias adotadas pelas outras áreas. Fiquei pensando em como a celebração dos 100 anos fazia parte da história da minha vida, e de como nossas histórias se cruzaram por tanto tempo e de forma tão intensa. Vivi muitos momentos especiais aqui, que é difícil escolher só um. É mais que um trabalho, é um propósito, uma missão. O que vejo em comum com as pessoas é esse brilho nos olhos.”

Acompanhe os conteúdos também nas redes sociais do Pequeno Príncipe e fique por dentro de informações de qualidade – FacebookInstagramTwitterLinkedIn e YouTube

????????????????????????????????????

+ Sua história, nossa história

Ver mais