Carolina Prando: a pediatra que une a medicina, o ensino e a pesquisa como missão

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Carolina Prando: a pediatra que une a medicina, o ensino e a pesquisa como missão

“Ver os bastidores e observar de perto por trás das cortinas, para que o espetáculo do Pequeno Príncipe aconteça, é incrível. É lindo ver a quantidade de pessoas, em suas mais diversas funções e setores, fazendo tudo acontecer – tudo feito para as crianças.”
10/04/2023
Carolina Prando
A médica imunologista e pesquisadora Carolina Prando uniu suas paixões em um só lugar: no Pequeno Príncipe.

A médica Carolina Prando até pensou em ser musicista ou psicóloga, mas foi vendo o exemplo de seu pai que decidiu a profissão, a qual não troca por nada: a medicina. Ao longo de sua formação como médica, pediatra e imunologista, a pesquisa científica também chamou sua atenção. Hoje, como diretora de Medicina Translacional e pesquisadora do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe, além de médica imunologista do Hospital Pequeno Príncipe, ela une a ciência com a prática clínica, transformando vidas por meio da medicina, do ensino e da pesquisa.

A escolha pela medicina

“Meu pai era pediatra, o primeiro da minha cidade natal, Telêmaco Borba, no interior do Paraná. Via ele trabalhando com um amor imenso pela profissão. Mesmo assim, eu não imaginava ser médica. Durante um final de semana, viajei ao interior para visitar minha família e pedi ao meu pai para ver o trabalho dele no hospital. Nesse dia, o acompanhei atendendo os pacientes e depois até pedi para visitá-lo outras vezes. Até que contei ao meu pai: ‘Quero fazer medicina.’ Passei no vestibular, em Curitiba, e comecei a graduação. Me formei em 1999, saí de Curitiba, fiz a residência, o mestrado e o doutorado fora até voltar para cá. Meu pai faleceu em 2020, mas continua me inspirando até hoje. Pelas lembranças em casa e no trabalho, pelo carinho e dedicação. Já atendi netos de pacientes dele, inclusive. Sempre o vi trabalhando de um jeito tão fantástico, tanto que em alguns momentos eu não me achava capaz de fazer aquilo.”

Chegada ao Pequeno Príncipe

“Após passar 15 anos fora de Curitiba (sendo quatro deles fora do país) me especializando, decidi retornar – principalmente por conta de ficar mais próxima da minha família na época em que meu pai estava doente. Uma amiga me falou que o Pequeno Príncipe contava com um instituto de pesquisa. Até então eu só o conhecia como um hospital. Ao me mudar para Curitiba, mandei mensagem para o doutor Bonald, diretor-científico da unidade, que me chamou para conversar, mas na época ainda não tinha vaga para pesquisador. Então, como tinha experiência na parte de informática e de exame de sequenciamento, trabalhei em um projeto dele. Até que, no ano seguinte, fui efetivamente contratada como pesquisadora.”

Organização da imunologia no Hospital

“Além da pediatria, também me especializei em imunologia. Na época, ainda não tinha uma especialidade específica sobre isso no Pequeno Príncipe, e tive a oportunidade de organizá-la. A imunologia começou a se desenvolver muito nas últimas décadas; antes tínhamos pouca perspectiva de diagnósticos e tratamentos. Quando eu era aluna de medicina, tive a oportunidade de conhecer o Pequeno Príncipe, mas voltar como médica e pesquisadora foi muito diferente. Ver como tantas coisas mudaram, se modernizaram e evoluíram. Os médicos que foram meus professores e que continuam pelos corredores. Parece que, por mais que o tempo tenha passado, continuam com o mesmo amor que tinham antes.”

Conhecimento que ultrapassa barreiras

“Os conhecimentos obtidos por meio das pesquisas não se restringem apenas às nossas crianças. Afinal, a partir do momento que nós produzimos conhecimento, que publicamos os artigos, que damos aulas em congressos, trabalhamos para que isso passe a ser aplicado em outros lugares. Com a pandemia, também foi muito bacana poder nos unirmos a mais de 80 laboratórios ao redor do mundo para investigar a suscetibilidade genética da COVID-19. Tenho a sorte muito grande por sempre trabalhar com pessoas muito especiais, principalmente no Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe. O trabalho de pesquisa é intenso, a frustração é constante e a remuneração é escassa. Mas tenho privilégio de trabalhar com alunos – que inclusive se tornaram meus amigos – que não deixam a peteca cair. Estar em um ambiente acadêmico, no qual todo ano entram residentes, estagiários e alunos, com novos projetos iniciando, é uma renovação constante. Parece que eles nos rejuvenescem, nos preenchem de motivação para fazer cada vez mais pelas crianças e adolescentes.”

“Ver os bastidores e observar de perto por trás das cortinas, para que o espetáculo do Pequeno Príncipe aconteça, é incrível. É lindo ver a quantidade de pessoas, em suas mais diversas funções e setores, fazendo tudo acontecer – tudo feito para as crianças.”

Por trás das cortinas do Pequeno Príncipe 

“Quando assumi a Diretoria de Medicina Translacional no Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe, tive acesso a uma parte do Complexo que eu não conhecia. Ver os bastidores e observar de perto por trás das cortinas, para que o espetáculo do Pequeno Príncipe aconteça, é incrível. É lindo ver a quantidade de pessoas, em suas mais diversas funções e setores, fazendo tudo acontecer – tudo feito para as crianças do ponto de vista assistencial, de pesquisa e de ensino. A história da Dona Ety é uma inspiração, e ver que as filhas continuam fazendo sempre mais e melhor por essa instituição é encantador. Os projetos de pesquisa que eu desenvolvo aqui nascem de demandas do Hospital. Se eu tivesse que trabalhar em outro lugar que eu não pudesse fazer pesquisas, eu ia me sentir totalmente fora de contexto. Os diagnósticos, assim como os encaminhamentos de tratamento, só são possíveis com a pesquisa na área da imunologia.”

Ensinamentos para a vida

“Aprendo imensamente com cada família que passa. Mas tem um pai que me chamou muita atenção. Ele veio me procurar no Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe, com um maço de fotos na mão e um papel com o diagnóstico da doença da filha dele. Ele disse que a filha estava internada no Hospital Pequeno Príncipe e ficou sabendo que ali fazíamos estudos sobre as doenças. Eu escutei, mas falei que, apesar de eu fazer pesquisa para oferecer diagnósticos e tratamentos mais precisos, a doença da filha dele não era o foco dos meus estudos. Falei também que podia encontrar instituições que trabalhassem com esse enfoque, mas que levava tempo, que não sabia se iria conseguir ajudá-la tão rapidamente assim. Mas ele disse algo que jamais vou esquecer: ‘Eu não estou trazendo isso por causa da minha filha, doutora, porque sei que ela está em estado muito grave, as chances dela são mínimas. Mas para que vocês saibam o que fazer quando chegar alguém com a mesma doença que ela.’ Isso me marcou muito, porque a filha dele estava morrendo na UTI, e ele veio até nós para trazer um alerta de que aquela doença existia, de que aquela doença era grave, para que algo pudesse ser feito. E nas doenças raras isso é muito comum. As famílias falam que podem ajudar no que for preciso. Sabem que a pesquisa demora, mas que ela constrói a base para a construção de conhecimento para que outras famílias não passem por aquilo.”

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