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Anderson Nitsche: entre escolhas, viagens e paixão pela medicina

A trajetória de Anderson Nitsche, natural de Blumenau, reflete a conexão entre as suas escolhas e o desejo de cuidar do mundo e das pessoas. Inicialmente interessado em diplomacia e ecologia, encontrou na medicina a fusão de seus interesses. Após uma volta ao mundo transformadora, estabeleceu-se como neurologista pediátrico no Hospital Pequeno Príncipe. Na instituição, o médico enfrenta os desafios dos transtornos do neurodesenvolvimento e oferece o melhor cuidado às crianças e suas famílias. Além disso, compartilha e troca conhecimento com médicos e residentes, o que o enche de orgulho e satisfação, em uma instituição que se tornou sua segunda casa desde 2011.
Origens e escolhas
“Nasci em Blumenau e vim para Curitiba em 1997 para fazer cursinho. Na época, minha família não veio comigo, vim sozinho. Curiosamente, naquele momento, eu não pensava em medicina. Por gostar de geopolítica, pensei em ser diplomata. A ideia era fazer Direito e Relações Internacionais. Mas, na minha adolescência, junto com um grupo de amigos, fundei uma ONG chamada Sarita (Sociedade Amigo do Rio Itajaí-Açu). Nosso trabalho envolvia campanhas ambientais, palestras em escolas e gincanas, além de algumas ações na mídia para conscientização, e decidi ser ecologista. Passei em primeiro lugar no vestibular de Engenharia Florestal na UFPR e me mudei para Curitiba para estudar.”
Mudança de rumo
“Fiquei pouco tempo na Engenharia Florestal. Depois de um ano de curso, houve uma greve, e voltei para minha cidade. Comecei a refletir sobre minha escolha e percebi que não estava satisfeito. Com alguma influência dos meus pais, decidi tentar Medicina. Passei no vestibular para a UFPR e iniciei o curso em 2000. No fim das contas, acredito que todas as profissões que pensei [diplomata, ecologista e médico] têm um aspecto ligado, de formas diferentes, que é um pouco do cuidado do mundo, das pessoas e das relações.”
Interesse pela pediatria e mente
“Desde o início da faculdade, me interessei por saúde mental. Durante o curso, fui explorando diferentes especialidades e me atraí pela pediatria, psiquiatria e neurologia. Ao longo da formação, percebi que a neurologia pediátrica conectava esses interesses. Além disso, a área pediátrica sempre me atraiu. Trabalhar com crianças significa cuidar das próximas gerações e do futuro. Também é um ambiente mais leve: passamos o dia brincando, o que torna o trabalho prazeroso.”
Residência e viagem ao redor do mundo
“Ao terminar a faculdade, minha primeira preocupação era ganhar um pouco de dinheiro. Trabalhei por um ano antes de iniciar a residência em pediatria. No R2, decidi seguir para a neurologia pediátrica. Entre as duas residências, minha esposa e eu fizemos uma ‘pausa para qualidade de vida’ e viajamos pelo mundo por seis meses. Compramos um bilhete especial de volta ao mundo e conhecemos uns 20 países.”
Aprendizados para a vida
“A coisa que mais faço no meu tempo livre é programar viagens e viajar. E foi a partir dessa viagem que tive a oportunidade de conhecer diversas culturas diferentes e lidar com as situações. Eu lembro de uma situação na Índia, em especial. Eu já era médico, pediatra, conhecia já mesmo os quadros graves. Enfim, andando na rua, uma senhora veio carregando o bebê no colo, mais quatro crianças, pedindo dinheiro. Claramente a criança estava muito doente no colo dela. Tentei ajudar, esclarecer, mas era a cultura, era o jeito. E a mulher sumiu com as três crianças. São pequenas cenas que, aos pouquinhos, vão moldando a gente.”
Chegada ao Hospital Pequeno Príncipe
“Quando voltei da viagem, precisava trabalhar e comecei a dar plantões como pediatra no Pequeno Príncipe, em 2011. No final do ano, passei na seleção para a residência em neurologia e permaneci no Hospital como residente por mais dois anos. Depois, fui convidado a integrar o Serviço de Neurologia e sigo até hoje.”
Atuação na neurologia pediátrica
“O convite para entrar no grupo foi uma grande honra. O time de neurologia do Hospital é composto por profissionais altamente respeitados nacional e internacionalmente. Dentro da neurologia, desenvolvi um interesse especial pelos transtornos do neurodesenvolvimento, com foco em autismo. Nossa equipe tem diferentes especialidades: epilepsia, doenças metabólicas e neurocutâneas, entre outras.”
Os desafios da profissão
“O maior desafio nos transtornos do neurodesenvolvimento é a complexidade dos fatores envolvidos: genéticos, sociais e familiares. Infelizmente, muitas vezes o tratamento ideal é inacessível por questões financeiras, tanto para famílias quanto para o sistema de saúde. Isso exige criatividade no processo terapêutico, o que me instiga e faz pensar que posso contribuir nessa área. Outro ponto desafiador é a subjetividade das informações, pois precisamos captar muitos detalhes para orientar adequadamente as famílias.”
Histórias que marcam
“O atendimento pediátrico é completamente diferente. Aqui, lidamos com dois pacientes ao mesmo tempo: a criança e os pais. A sensibilidade para compreender e atender essas duas necessidades é essencial. Dentre um dos momentos mais marcantes foi o caso de uma criança que teve um AVC extenso e passou um tempo em coma. O prognóstico era reservado, mas os pais se dedicaram intensamente à reabilitação. Três meses depois, a criança voltou ao consultório muito melhor do que esperávamos. Era inacreditável comparar as imagens cerebrais com a recuperação dela. Esse caso mostrou o impacto do esforço conjunto entre família e equipe médica.”
Amor pela profissão
“O Hospital hoje é praticamente uma família para mim. É um espaço que me permite fazer a prática que me deixa feliz, especialmente junto com os residentes e os pacientes. Afinal, a coisa que eu mais gosto é de sentar no consultório e atender, conversar e estar com as crianças e suas famílias. Mas também tenho a grande oportunidade de conviver com profissionais extremamente capazes e competentes. É um grande prazer, e até uma honra, estar e pertencer a esse grupo.”
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