Vacinação infantil contra COVID-19: seis orientações que você não deve esquecer
Com o início da vacinação para a faixa etária de 5 a 11 anos contra a COVID-19, muitos pais ainda estão inseguros e com dúvidas sobre a eficácia da vacina. Para esclarecer os principais questionamentos e estimular a imunização do público infantil, o Pequeno Príncipe promoveu uma live com o vice-diretor-técnico e infectologista pediátrico Victor Horácio de Souza Costa Junior, do Hospital Pequeno Príncipe.
Em cerca de uma hora de bate-papo, ele enfatizou que a melhor vacina para dar às crianças é a que está disponível no posto de saúde. “Não existe vacina para doença que não mata. O Brasil foi um dos países em que mais morreu criança e também um dos que ficou mais tempo com as escolas fechadas. Estamos punindo demais as nossas crianças. Precisamos urgentemente protegê-las”, disse.
A seguir, confira as seis orientações que você não deve esquecer em relação ao tema:
1- A vacina contra a COVID-19 é segura e diminui a chance de mortalidade
Estatísticas mostram que o Brasil é o segundo país com mais óbito infantil causado pelo coronavírus no mundo. Portanto, é importante ficar atento ao calendário de vacinação da Secretaria Municipal da Saúde e às convocações dos grupos para imunização. Vale lembrar que uma pesquisa publicada na revista The Lancet demonstra que as vacinas reduzem em 50 vezes a morte de crianças, e outros mais de seis mil estudos confirmam a segurança do esquema vacinal completo.
2- As sequelas da COVID-19 pediátrica são muito mais graves e recorrentes do que os possíveis efeitos colaterais da vacina
Os efeitos colaterais após a vacinação mais recorrentes são dor no local da aplicação, indisposição e febre. Já o risco de ter miocardite (inflamação em músculo cardíaco) em decorrência da vacina é raro. Os casos registrados foram todos reversíveis, ao contrário do que ocorre em quem não se vacinou: miocardite com complicações que podem evoluir para óbito, diabetes, encefalite, pneumonia e síndrome de Guillain-Barré (que causa diminuição da força muscular em caráter ascendente) são algumas das sequelas que apareceram em crianças com COVID-19. Por esse motivo, inclusive, o Pequeno Príncipe implantou um ambulatório para acompanhamento cardiológico de pacientes pós-infecção pelo vírus.
3- A vacinação infantil contra a COVID-19 é importante também para quem tem comorbidade
Independentemente da comorbidade, todas as crianças devem ser vacinadas. Principalmente aquelas com síndromes genéticas, que foram as mais afetadas pelo coronavírus. E sua proteção também fica garantida a partir do momento em que familiares continuam tomando os cuidados necessários, mantendo a vacinação em dia e as consultas pediátricas regulares. Todos os estudos publicados pelo laboratório da Pfizer mostram não haver contraindicação nem a possibilidade de algum efeito diferente nas crianças que têm doença genética. A única contraindicação se aplica aos quadros de pacientes com COVID-19, que precisam esperar quatro semanas para tomar a vacina.
4- A vacinação contra a gripe é tão importante quanto a vacina contra a COVID-19
A vacina contra a gripe, disponibilizada na campanha de 2021, não possui a nova cepa do vírus H3N2 (também conhecida como Darwin). Mesmo assim, um estudo do Instituto Butantan aponta que aquela versão trivalente confere proteção cruzada (quando a vacina consegue neutralizar outros vírus além daqueles inseridos em sua composição), já que é composta por vírus das influenzas H1N1, B e uma outra cepa do H3N2. Uma nova versão do imunizante já está sendo produzida e será disponibilizada na campanha de 2022. Portanto, é extremamente importante que os familiares mantenham as consultas de rotina com o pediatra da criança e fiquem atentos aos calendários do Programa Nacional de Imunização, da Sociedade Brasileira de Pediatria e da Sociedade Brasileira de Imunização.
5- A febre é o principal sintoma que diferencia a infecção por coronavírus e influenza
Os sintomas do H3N2 e da COVID-19 são semelhantes e fazem com que os diagnósticos sejam baseados no exame de coleta da secreção nasal ou da saliva, feito em laboratórios ou pronto-atendimento hospitalar. As duas infecções causam quadros de coriza, irritação na garganta, dor pelo corpo e para deglutir. Mas o que chama a atenção e pode ser o fator que diferencie o H3N2 da COVID-19 pediátrica é a febre. Nos casos confirmados da variante ômicron, a febre baixa (ou ausência dela) e sintomas com duração prolongada são frequentes. Por outro lado, as infecções de H3N2 apresentam febre alta e quadros súbitos. O rápido diagnóstico e a prescrição de medicamentos podem evitar evoluções da doença para casos graves. O estado do Paraná ainda não registrou óbito pelo H3N2 pediátrico, mas dados recentes já mostram óbitos em pacientes acima de 44 anos – cenário que pede atenção para todas as faixas etárias.
6- Cuidados básicos ainda são a principal forma de prevenção contra a COVID-19 e o H3N2
A Sociedade Brasileira de Pediatria, baseada em relatos de pediatras, observou que há baixa procura pelas consultas de rotina nos consultórios. Além disso, o pediatra também alerta para atrasos significativos no calendário de vacinação que deixam as crianças vulneráveis às doenças imunopreveníveis – como o sarampo, doença infecciosa com alto nível de transmissibilidade e que tem vacina. Mesmo com vacinação, o vírus continua circulando. Por isso, é preciso proteger meninos e meninas seguindo protocolos de segurança: utilizar máscara, realizar higiene das mãos, evitar aglomerações e manter distanciamento social. Medidas como essas ainda são necessárias enquanto não houver, pelo menos, 70% da população total vacinada e um tratamento eficaz contra a COVID-19. E o alerta é redobrado para os pequenos com comorbidade, pela dificuldade em fazer o uso correto da máscara de proteção. Sendo um grupo prioritário na vacinação, procure uma unidade de saúde o quanto antes.
- Confira a live na íntegra no canal do Hospital Pequeno Príncipe no YouTube: