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ALTA COMPLEXIDADE | Transplante hepático oferece nova chance de vida aos pacientes
O transplante de fígado é um procedimento considerado de alta complexidade, especialmente em crianças. No Brasil, cerca de 39 mil pessoas esperam por um transplante, sendo que 2.170 aguardam por um fígado, segundo o Ministério da Saúde. Em 2022, o Serviço de Transplante Hepático do Pequeno Príncipe realizou 21 transplantes (metade desse tipo feita no estado em menores de 18 anos). O serviço é referência nacional e o único do Paraná a executar o procedimento em crianças até 10kg.
Para que o transplante de fígado aconteça são necessárias duas cirurgias ao mesmo tempo. A primeira é realizada no doador para a retirada do órgão. A segunda é feita no paciente que receberá o órgão. No Pequeno Príncipe, a complexidade é ainda maior devido à idade do paciente receptor, à distância entre a cirurgia de retirada e a de inserção do órgão e ao preparo do fígado.
A especialidade no Pequeno Príncipe também atua em conjunto com diferentes áreas, como a Radiologia Intervencionista e a Cirurgia Pediátrica. Conta com um atendimento multidisciplinar de profissionais especializados no público infantojuvenil, que inclui cirurgiões, hepatologistas, anestesistas, intensivistas, enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas, psicólogos e assistentes sociais.
Transplante hepático pediátrico
No Pequeno Príncipe, a condição mais comum que necessita do transplante de fígado é a atresia de vias biliares. A doença ocorre quando há a inflamação dos ductos biliares, canais por onde passa a bile (que ajuda na digestão de gorduras e carrega substâncias a serem eliminadas pelo intestino). Com essa inflamação, a bile fica retida no fígado, provocando danos ao órgão.
O Pequeno Príncipe possui uma alta taxa de sobrevida, acima de 92%, depois do primeiro ano de transplante de fígado, um número excelente se comparado a hospitais internacionais, de acordo com o médico responsável pelo Serviço de Transplante Hepático do Hospital, José Sampaio Neto. Em crianças com até 10kg, o cuidado no momento do procedimento é um dos principais fatores que garantem o sucesso da cirurgia. “Em crianças, a margem dos líquidos – medicamento, soro, entre outros – que aplicamos é menor e precisa ser dosada de forma exata. Por exemplo, a medida de soro aplicada é proporcional ao peso do paciente, que, em alguns casos, chega a 50ml nos pequenos, enquanto para um adulto seriam dois litros”, explica.
As técnicas realizadas na cirurgia também necessitam de atenção. “Se perdermos 40ml ou 50ml de sangue durante o procedimento em um adulto, não há problemas. Porém, se perdermos essa mesma quantidade em uma criança, o coração dela quase para. Então a complexidade do procedimento em crianças é muito maior do que em adultos”, completa o especialista.
Procedimento cirúrgico
A cirurgia para o transplante de fígado inicia quando há um órgão disponível para ser transplantado. No Brasil, somente pacientes com morte cerebral podem ser doadores de órgãos, e a doação só pode ser feita após autorização da família. Cada estado possui uma central de transplantes, que é responsável pelo recebimento de notificação de morte cerebral e encaminhamento de órgãos que podem ser doados. Todos os casos passam por análise técnica para verificar se o doador não tem uma infecção generalizada ou se está com suspeita de câncer, por exemplo. As doações também podem ser de tecidos, ossos e córnea, entre outros.
No caso de um doador pós-morte encefálica, o órgão passa por uma preparação até ser colocado no paciente receptor. “A forma como o fígado estava no doador não ficará igual em quem vai receber. Para ser inserido no paciente, o órgão passa por uma preparação, por exemplo, com enxerto de vaso ou fechamento de óstio [orifício ao qual chegavam vasos sanguíneos]”, contextualiza o cirurgião.
Quando o doador está vivo – um parente próximo e compatível com o paciente –, o procedimento cirúrgico tem início com a retirada de parte do órgão do doador. A porção que será doada é encaminhada para a instituição onde o receptor também já está no processo cirúrgico de retirada do órgão doente para inserir a parte saudável. O fígado é o único órgão do corpo humano que tem a capacidade de regenerar-se.
O procedimento cirúrgico na criança ou adolescente que receberá o órgão dura entre seis e sete horas. Quando o doador está vivo, a cirurgia para retirada acontece entre três e quatro horas antes da operação do paciente que receberá o fígado. Esse procedimento é complexo, pois grande parte das crianças que receberão o órgão já fez algum tipo de cirurgia, devido a doenças preexistentes ou outras comorbidades relacionadas. Além disso, o fígado doente pode estar inflamado ou com complicações mais sérias.
Para o médico, a conscientização sobre a doação de órgãos é uma forma de respeitar quem doa. “Estudos comprovam que famílias que doam órgãos têm um processo de aceitação da morte melhor. Ao decidir doar, a vida de alguém muda. Não é só deixar uma pessoa viva, é oferecer um novo futuro para essa pessoa”, finaliza o médico.
Pós-transplante hepático
Além do procedimento cirúrgico, o pós-transplante também é complexo. A criança ou adolescente transplantado precisará fazer o uso de imunossupressores por boa parte da vida, que são medicamentos prescritos para garantir a aceitação e manutenção do novo órgão, evitando rejeições que podem acontecer anos depois do transplante.
Após o procedimento não há um tempo médio em que o transplantado ficará na unidade de terapia intensiva (UTI), pois vai depender de como cada organismo reagirá. Além disso, a criança ou adolescente transplantado precisará realizar consultas médicas de forma regular e seguir a dieta alimentar prescrita por um especialista, para que a recuperação ocorra da melhor forma possível.
O Pequeno Príncipe é signatário do Pacto Global desde 2019. A iniciativa presente nesse conteúdo contribui para o alcance do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS): Saúde e Bem-Estar (ODS 3).