“Seja grato pela saúde, pela vida e por tudo que você tem”
Cada pessoa tem alguma lembrança específica que marcou o início da pandemia do coronavírus. E para a enfermeira do trabalho, Angela Danieli Miguel, de 42 anos, esse período foi marcado por muito trabalho e novos fluxos, que foram adotados precocemente para a prevenção do contágio da doença no Pequeno Príncipe. Com a função de cuidar da saúde do colaborador, a profissional viu sua rotina mudar devido à alta procura pelo setor de Medicina do Trabalho.
Com a transmissão comunitária em Curitiba, o coronavírus chegou no Pequeno Príncipe em meados de 20 de março. Nesse período, Angela começou a sentir sintomas leves de gripe e, ao fazer o teste, teve o resultado positivo. “No início, achei que era algo psicológico, por conta de falarmos o dia todo sobre a COVID-19. Mas ao receber a notícia, foi muito difícil. Pareceu que meu estado de saúde piorou naquele momento.”
A luta contra a COVID-19
Após dois dias em que recebeu o resultado do teste, Angela começou a ter muita febre, fraqueza e dores nas articulações, e precisou ficar internada no hospital por quatro dias. “Tive todos os medos juntos. De uma doença totalmente nova. De ter passado o vírus para outras pessoas e também de ter que ficar afastada do trabalho em um momento que sei que precisavam de mim”, relata a enfermeira.
Depois da primeira internação, Angela se recuperou, mas, infelizmente, teve que voltar para o hospital após três dias. Devido à baixa saturação, a colaboradora precisou respirar com o auxílio de oxigênio. “Não precisei ir para a UTI, mas meu pulmão estava debilitado e meus exames bem alterados. Fazia exercícios respiratórios e mentalizava para que eu melhorasse. Até que consegui voltar para casa.”
De acordo com a enfermeira, além do medo e da incerteza, o fato de ter que ficar isolada e sem o contato de outras pessoas foi um grande aprendizado e desafio. “Meu esposo ficou desesperado quando tive que ser internada, pois ele dizia que não sabia como iria me tirar de lá. Não deu nem para darmos um abraço. Essa parte dói, pois o calor humano nos conforta”, desabafa.
Cuidando de quem cuida
Angela voltou a trabalhar no dia 14 de abril, após 23 dias afastada. O primeiro mês foi o mais difícil, pois ainda sentia o cansaço decorrente da COVID-19. Ao retornar, além de atender os casos no Ambulatório Estratégico COVID-19, a profissional teve a missão de monitorar os colaboradores contaminados, para saber como estão, por meio de ligações diárias. “Eles agradecem pela preocupação e carinho. Uso da minha experiência para ajudar os outros e sinto na voz deles a gratidão.”
“Hoje, vejo que o Hospital faz ainda mais do que é recomendado pelo Ministério da Saúde. Estamos sempre um passo à frente. Um exemplo disso é o nosso ambulatório exclusivo para atender profissionais com sintomas da doença. Não conheço nenhum outro lugar que fez isso. Além disso, percebo que as pequenas coisas se juntam e fazem uma grande diferença no cuidado com o colaborador”, avalia a enfermeira.
O maior presente é a vida
Angela compartilha que sua recuperação foi um verdadeiro presente de aniversário. “Meu esposo até brincou… ‘Esse ano, eu estava planejando fazer uma festa surpresa para você’, e eu respondi que o que importa é que estamos bem e juntos. Acho que ver tantas coisas tristes e difíceis que estão acontecendo junto com a pandemia só faz a gente valorizar mais a vida. Seja grato pela saúde, pela vida e por tudo que você tem. O resto a gente corre atrás”, finaliza.