Primeiro beijo: qual o papel dos pais neste momento?

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Primeiro beijo: qual é o papel dos pais nesse momento?

O diálogo e o acolhimento são oportunidades para valorizar e intensificar a comunicação com os adolescentes
13/04/2023
O suporte dos pais em oferecer um ambiente de conversa com os filhos influencia diretamente na autonomia e consentimento dos adolescentes em uma relação.

A adolescência é uma fase com diversas novidades e transformações físicas, comportamentais e psicológicas. Entre elas, o momento do primeiro beijo, que costuma ser a primeira manifestação afetivo-amorosa do adolescente. A experiência pode ser rodeada de tabus e dúvidas, principalmente para os pais, que em muitos casos não sabem como abordar o assunto com os filhos.

O beijo é uma experiência que pode ser considerada pré-sexual, e existem diversas teorias sobre a sua origem. Uma delas é a do antropólogo americano Desmond Morris, segundo o qual o costume teve início no hábito das mães de mastigar os alimentos antes de passar à boca dos filhos. Com o tempo isso evoluiu até chegar ao que conhecemos hoje como o beijo.

Papel dos pais

O diálogo e o acolhimento dos pais são fundamentais para o desenvolvimento de um ambiente seguro para o adolescente. “Quando criamos um canal de diálogo aberto, honesto e respeitoso, também criamos um ambiente seguro para que o adolescente compartilhe suas experiências, como a do primeiro beijo, e suas dúvidas sem medo. Esse é o primeiro passo para uma descoberta da sexualidade sem culpa”, pontua a pediatra Gabriela Antunes de Oliveira, do Hospital Pequeno Príncipe.

O suporte dos pais em oferecer um ambiente de conversa com os filhos influencia diretamente na autonomia e consentimento dos adolescentes em uma relação. É importante explicar que um relacionamento precisa ter responsabilidade, concordância de ambas as partes e afeto, além de fazer bem aos envolvidos.

Para a médica, é também papel dos pais abordar saúde sexual com os filhos. “Vários estudos sobre saúde do adolescente mostram que, quando falamos desde cedo sobre sexualidade com nossos filhos, a tendência é que eles se tornem adolescentes mais cuidadosos com sua segurança e saúde no início de sua vida sexual, aprendendo a desenvolver relacionamentos saudáveis e respeitosos”, explica.

Dicas para conversar com os adolescentes sobre o primeiro beijo

Não existe uma regra sobre como conversar com os adolescentes sobre o primeiro beijo e sexualidade. No entanto, algumas dicas podem ajudar.

  • Procure lembrar como foi esse momento quando você era adolescente. Quais dúvidas tinha? Qual era a sua idade? Como você gostaria que tivessem abordado o tema com você?
  • O adolescente não irá compartilhar esses desejos se não estiver em um ambiente em que ele se sinta seguro. Por isso, ofereça sempre acolhimento, respeito e diálogo.
  • Ouça as perguntas sobre o primeiro beijo com atenção e responda de forma natural.
  • Converse com seus filhos desde pequenos sobre essas questões, utilizando a linguagem adequada para cada faixa etária. Um exemplo é ensiná-los a conhecer e nomear as partes do corpo, já introduzindo conceitos de consentimento e respeito.

“Se os pais não souberem ou não conseguirem abordar o assunto, está tudo bem. O importante é garantir uma fonte segura de informação, lembrando da importância do pediatra nesse processo. Faz parte da consulta pediátrica de rotina do adolescente conversar sobre saúde sexual, infecções sexualmente transmissíveis, métodos contraceptivos, entre outros. Por isso, se os pais não conseguirem abordar a temática, eles podem sempre conversar com o pediatra ou outro médico que os acompanhe para abordar o tema com o adolescente”, ressalta a especialista.

Cuidados

O beijo envolve a troca de saliva, por isso é um meio de transmissão de vírus, bactérias e fungos. Entre os principais estão o vírus Epstein-Barr – conhecido como mononucleose ou “doença do beijo” –,  HPV e sífilis, com possibilidade de transmissão se houver lesões ativas nos lábios ou mucosa oral. Também podem ser transmitidos vírus causadores de quadros gastrointestinais – como rotavírus, enterovírus e hepatite A – e respiratórios. Além de fungos, como o que causa a candidíase oral.

“É importante que os pais conversem com os filhos sobre os agentes patológicos que podem ser transmitidos por meio da saliva. Os pais podem orientar os adolescentes a evitar o beijo se a outra pessoa tiver alguma lesão na boca ou estiver com um quadro viral, como resfriado, febre, entre outros”, aconselha a pediatra.

O Pequeno Príncipe é signatário do Pacto Global desde 2019. A iniciativa presente nesse conteúdo contribui para o alcance do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS): Saúde e Bem-Estar (ODS 3).

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