Pequeno Príncipe registra aumento de 28% no número de atendimentos a crianças vítimas de violência
O Dia Nacional de Enfrentamento à Violência contra Crianças e Adolescentes é lembrado em todo o país neste 18 de maio e nesta data reforça-se a importância do cuidado e da proteção de meninos e meninas por parte de toda a sociedade, bem como da denúncia da suspeita de maus-tratos. Neste ano, o Hospital Pequeno Príncipe – referência no atendimento de situações de violência em Curitiba – divulga um dado preocupante: em 2016, 533 casos foram atendidos na instituição, um número 28% maior do que o verificado em 2015.
Do total de atendimentos, 61,2% eram meninas e 30% das crianças tinham até dois anos de idade (dessas situações, 27,5% eram crianças de zero a seis meses; 36,9%, de sete meses a um ano; e 61,9%, de um a dois anos). Sobre os tipos de violência, 54,8% dos casos eram de agressão sexual; 26,6%, negligência; e 15,6%, física. Em 29,1% dos casos, não era a primeira vez que o paciente sofria violência. E em relação às cidades onde os casos aconteceram, 44,1% deles eram de Curitiba; 55,2% de outros municípios do Paraná; e 0,7% de outros Estados.
Agressões dentro da família
O ambiente familiar é aquele no qual as crianças e os adolescentes deveriam se sentir mais seguros. Mas, infelizmente, muitas vezes isso não ocorre. Uma estimativa da Sociedade Internacional de Prevenção ao Abuso e Negligência na Infância mostra que a cada dia 18 mil meninos e meninas são vítimas da violência doméstica no Brasil.
Nos atendimentos feitos no Pequeno Príncipe, essa triste realidade também é verificada. Em 71,1% dos casos de 2016, a violência ocorreu no ambiente intrafamiliar, sendo que 52% dos agressores eram a mãe, o pai, amigos e conhecidos, ou o padrasto. Ao considerar as 533 notificações do ano passado, 50,3% dos agressores eram homens; 25,6%, mulheres; e 12,9%, homens e mulheres.
Pra Toda Vida
O Hospital Pequeno Príncipe trabalha para combater os casos de agressões diversas contra meninos e meninas, e, desde a década de 1970, mobiliza a sociedade na luta contra a violação dos direitos do público infantojuvenil. Além de fazer parte da Rede de Proteção à Criança e ao Adolescente em Situação de Risco para a Violência, realiza há 11 anos a Campanha Pra Toda Vida – A violência não pode marcar o futuro das crianças e adolescentes. A iniciativa, inclusive, foi contemplada no ano passado com o Prêmio Criança 2016, concedido pela Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente a projetos inovadores voltados à Primeira Infância.
Em 2017, a campanha tem como mote “Quem ama cuida. Quem cuida protege. Quem protege denuncia”. A meta é reforçar a ideia de que o cuidado e a proteção dos meninos e meninas são de responsabilidade de toda a sociedade, e que em uma atuação conjunta é possível transformar a vida de cada um deles. Além disso, destaca a importância da denúncia, que pode ser feita à prefeitura de Curitiba, pelo telefone 156; ao governo do Estado, pelo número 181; e ao governo federal, pelo Disque 100.
Ações de 2017
Como parte da campanha, serão distribuídos 5 mil exemplares de dois manuais sobre o enfrentamento à violência contra o público infantojuvenil. Serão 1 mil manuais voltados a profissionais de saúde distribuídos para unidades básicas de saúde e regionais de Curitiba e Foz Iguaçu. Outros 4 mil exemplares destinados a educadores serão entregues em creches, escolas, Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) e Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS) dos dois municípios. Em breve, o material também será disponibilizado em meio digital para profissionais das áreas da saúde, educação e assistência social.
Juntamente com essas publicações, serão entregues em cada local três kits com os livros de poesia Eu sei de mim – volume 1, voltado a crianças de três a oito anos – e Eu sei de mim, Ah! Sei sim! – volume 2, para meninos e meninas de nove a 12 anos –, de autoria da psicóloga e assessora da direção do Hospital, Thelma Alves de Oliveira. No total, serão distribuídos 3 mil exemplares de cada volume, que dão ênfase ao autocuidado contra agressões. A impressão dos manuais e dos livros foi possível a partir de um projeto viabilizado pela Itaipu Binacional.
Paralelamente, o Hospital Pequeno Príncipe mantém a constante capacitação e atualização dos profissionais que atuam no atendimento a crianças e adolescentes vítimas de violência. Médicos, enfermeiros, auxiliares de Enfermagem, professores e assistentes sociais da instituição, por exemplo, participam das atividades.