Pequeno Príncipe na luta contra a violência e a exploração sexual
No Brasil, 18 de maio é o Dia Nacional de Combate à Violência, Abuso e Exploração Sexual Contra Crianças e Adolescentes. Por ser referência no atendimento às crianças vítimas de violência sexual e maus-tratos em Curitiba e na região metropolitana, o Hospital Pequeno Príncipe realiza, desde 2006, a Campanha Pra Toda Vida – A Violência Não Pode Marcar o Futuro de Nossas Crianças.
O objetivo dessa iniciativa é contribuir com a redução dos casos de maus-tratos registrados no Brasil, por meio da capacitação de profissionais de saúde e de educação para reconhecer e denunciar casos de violência. Da mesma forma, visa a orientar as crianças sobre seus direitos e como se proteger, além de estimular as denúncias por parte da sociedade. O papel de mobilizador social faz parte da história do Complexo Pequeno Príncipe.
Estatísticas
Em 2012, o Hospital Pequeno Príncipe registrou 315 casos suspeitos de violência contra crianças e adolescentes. Desses, 72% (227 atendimentos) são agressões sexuais, sendo 168 a meninas e 59 a meninos. A faixa até cinco anos de idade concentra a maioria dos casos com 55,95% das ocorrências – equivalente a 127 crianças. O que mais impressiona é que a faixa entre dois e três anos reúne 70 crianças abusadas.
Em relação à natureza das agressões sexuais, a maior parte dela acontece dentro de casa, aproximadamente 60% dos casos (135), enquanto as extrafamiliares totalizam 30% (69). O levantamento aponta em primeiro lugar como possível agressor o pai da criança ou do adolescente. Nas estatísticas do Hospital, 14,54% (33 casos) têm pais como principais suspeitos; amigos ou conhecidos aparecem com 11,89% (27 ocorrências); seguidos por primos e tios, empatados com 9,25% (21 casos).
Este ano, para marcar a data, o Complexo Pequeno Príncipe (Hospital, Instituto de Pesquisa e Faculdades) desenvolverá a ação “Mude o rumo de uma história: denuncie a violência infantojuvenil”. Entre os objetivos estão impactar o maior número possível de pessoas sobre a questão de maus-tratos contra a criança e o adolescente, gerar mobilização e comprometimento da sociedade em prol dessa causa, divulgar as formas de violência, explicar a importância da denúncia, divulgar os canais e estimular a denúncia.
Os dados mostram a necessidade de divulgar o tema. Por isso, o Hospital reeditará a Campanha Pra Toda Vida, pela qual a organização trabalha a conscientização e o estímulo à denúncia junto aos colaboradores das unidades do Complexo e parceiros. Cerca de 20 mil fôlderes serão distribuídos externamente, por meio de parceiros Ecovia, Shopping Palladium, Grupo Positivo, entre 17 e 25 de maio.
O Hospital ainda participará de uma audiência pública para debater o enfrentamento à exploração sexual de crianças e adolescentes no Paraná durante a Copa do Mundo. O encontro, promovido pela Comissão de Direitos Humanos e da Cidadania da Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP) e pelo Fórum Estadual de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Fórum DCA/PR), será realizado amanhã, dia 15, das 9h às 12h, no Plenarinho da Assembleia Legislativa.
No dia 17, a diretora-executiva do Hospital, Ety Cristina Forte Carneiro, e a coordenadora de Relações Institucionais, Paula Baena, participarão do II Seminário Municipal de Enfrentamento da Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes em Curitiba. Na oportunidade, também será distribuído o Manual Enfrentamento dos Maus-Tratos Contra a Criança e o Adolescente. Esse material foi produzido pelo Complexo para auxiliar profissionais da saúde, professores, entre outros que têm contato frequente com crianças e adolescentes, a identificar e classificar os tipos de violência, orientando para a denúncia.
E no dia 20, durante a Palestra de Ação de Enfrentamento e Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, Paula Baena abordará o Programa de Ações Integradas e Referenciais de Enfrentamento da Violência Sexual Infantojuvenil no Território Brasileiro e o papel do Comtiba.
Denúncias
O Hospital Pequeno Príncipe também integra a Rede de Proteção à Criança e ao Adolescente em Situação de Risco para a Violência, formada ainda pelas Secretarias Municipais da Saúde e da Educação, Poder Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública, Conselho Tutelar e outras organizações de defesa de direitos.
Os casos de agressão podem ser informados anonimamente ao Disque-Denúncia Nacional, pelo número 100, ou ao Disque-Denúncia Estadual, no 181. A Prefeitura de Curitiba atende pelo 156.
Por que 18 de maio?
O Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes é uma lembrança a toda a sociedade brasileira sobre a menina sequestrada em 18 de maio de 1973, Araceli Cabrera Sanches, então com oito anos, quando foi drogada, espancada, estuprada e morta por membros de uma tradicional família capixaba. Muita gente acompanhou o desenrolar do caso, poucos, entretanto, foram capazes de denunciar o acontecido. O silêncio de muitos acabaria por decretar a impunidade dos criminosos.