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ALTA COMPLEXIDADE | Serviço de Eletrofisiologia

A eletrofisiologia é a especialidade da cardiologia que trata das alterações do ritmo cardíaco, chamadas de arritmias. Ela é dividida em duas vertentes: clínica e invasiva. Na primeira, são realizados exames para avaliação da parte elétrica do coração para identificar distúrbios do ritmo. Na segunda, as arritmias são abordadas por meio de cateteres posicionados gentilmente dentro do coração para localizar o foco do distúrbio, liberando energia e interrompendo a atividade elétrica errada. Essa energia pode ser via aquecimento, chamada de radiofrequência, ou por congelamento, chamada de crioablação.
O Hospital Pequeno Príncipe foi pioneiro no Brasil ao disponibilizar o Serviço de Eletrofisiologia para o público infantojuvenil, além de ser referência na realização de procedimentos clínicos e invasivos, e contar com um centro de excelência para colocação de marca-passos voltados exclusivamente para crianças e adolescentes. Hoje, é um dos maiores centros da América Latina com ambulatório específico para avaliação de dispositivos eletrônicos.
Além disso, é o maior serviço de eletrofisiologia pediátrica do Brasil que faz o mapeamento do coração simultaneamente ao procedimento cirúrgico cardiovascular de uma cardiopatia congênita específica chamada de anomalia de Ebstein – condição que atinge um em cada dez mil bebês nascidos vivos e consiste na má-formação de uma das quatro válvulas do coração. Com essa abordagem, a taxa de sobrevida e o bem-estar do paciente são aumentados.
“Como se trata de uma cardiopatia complexa, nesse mapeamento conseguimos identificar o foco e realizar a correção da arritmia com maior precisão. Isto diminui o risco de uma arritmia no pós-operatório. Já realizamos esse procedimento, em conjunto com o Serviço de Cirurgia Cardiovascular, em quase 50 pacientes”, detalha a médica cardiologista e chefe do Serviço de Eletrofisiologia do Hospital Pequeno Príncipe, Lânia Fátima Romanzin Xavier.
Em 2021, a especialidade realizou 7.888 exames e procedimentos, entre eles eletrofisiológico e ablação por cateter, eletrocardiograma, monitor de eventos – looper, teste de esforço, holter 24 e 48 horas e teste de inclinação. Por semana, são realizadas em média 60 consultas ambulatoriais do serviço na instituição.

Estudo eletrofisiológico
Considerado a técnica mais moderna no tratamento das alterações da atividade elétrica do coração, o estudo dentro do órgão foi desenvolvido para descobrir os defeitos no sistema elétrico do coração. Por meio dele, é possível realizar diagnósticos precisos da arritmia, determinar a indicação de marca-passo e, nos casos de taquicardia, viabilizar a cura por meio da ablação do local responsável pela arritmia.
No Pequeno Príncipe, o estudo é desenvolvido na Sala de Hemodinâmica, localizada dentro do Centro Cirúrgico – considerado o coração do Hospital. O espaço, todo pensado no público infantojuvenil, conta com equipamentos de hemodinâmica, anestesia, monitores cardíacos, monitores de pressão arterial e oxigenação, equipamentos para desfibrilação e cardioversão, um polígrafo, um gerador de radiofrequência, um gerador de crioablação, além de mapeamento eletroanatômico tridimensional.
Depois da criança anestesiada, o procedimento é iniciado por meio de punções de veias, em que são introduzidos cateteres especiais guiados por radioscopia (radiografia) ou por mapeamento tridimensional e posicionados dentro das cavidades cardíacas. Esses cateteres são conectados a polígrafos computadorizados que capturam sinais gerados pela atividade elétrica do coração, permitindo a identificação do local responsável pela arritmia. A duração do estudo é de, em média, uma hora, mas pode variar de acordo com a gravidade da doença do paciente.
Segundo a médica especialista, o menor paciente do serviço a passar pelo estudo tinha 2,5kg. “Ainda dentro do útero foi observada uma arritmia cardíaca que ocasionou uma alteração na contratilidade do coração, e após o nascimento não respondia à medicação, por isso veio encaminhado para o Pequeno Príncipe, sendo realizada ablação por cateter com cura da arritmia e melhora da contração cardíaca.”
Entre as indicações para a realização do estudo eletrofisiológico está a avaliação de palpitações recorrentes não esclarecidas por métodos não invasivos e a avaliação de síncope (desmaio) em pacientes com ou sem doença cardíaca, assim como as arritmias já documentadas para tratamento curativo.
Ablação na eletrofisiologia
Por meio da leitura de sinais elétricos e avaliação do sistema de condução, a causa da arritmia – que pode ser um foco ou um circuito elétrico, como uma via acessória – é localizada, e a ablação é realizada por radiofrequência ou crioablação (via cateter) durante o estudo eletrofisiológico. A ablação é um tipo de cauterização que acontece pelo aquecimento ou congelamento da ponta de um cateter especial, gerando uma cicatriz na área do coração que está causando a arritmia.
O procedimento é considerado a alternativa terapêutica mais segura e eficiente em crianças e adolescentes com taquicardias recorrentes. A taxa de sucesso da equipe de eletrofisiologia do Pequeno Príncipe nesse tratamento é de 95%. “A ablação na criança é diferente do adulto – em que temos mais liberdade dentro do coração porque ele é maior e as arritmias devem estar mais longe de estruturas nobres. Em uma criança, o risco de uma lesão definitiva ocorrer aumenta, já que o coração é estruturalmente menor e a parede cardíaca é mais fina. Por isso é importante a família procurar um profissional especialista em eletrofisiologia pediátrica com experiência”, salienta Lânia.
O Pequeno Príncipe possui o equipamento de raio X convencional e tridimensional para realizar o procedimento, e a utilização deles difere para cada arritmia. Segundo a médica, em arritmias simples é utilizado o aparelho convencional, que tem ativação elétrica na ponta do cateter guiada por radioscopia. Em anatomias diferenciadas, é preferível o uso do mapeamento tridimensional.
Os profissionais necessários para fazer uma ablação e o estudo eletrofisiológico são: um cardiologista com especialidade em eletrofisiologia pediátrica invasiva e habilitação pela Sociedade Brasileira de Arritmia Cardíaca (Sobrac), um anestesista, um instrumentador e enfermeiros com experiência com o equipamento do laboratório. Entre as indicações para a realização da ablação está a síndrome de Wolff-Parkinson-White – a causa mais comum de aumento de frequência cardíaca em crianças com coração estruturalmente normal.

Marca-passo
O marca-passo corresponde a um dispositivo eletrônico implantável que serve para aumentar o número de batimentos cardíacos, quando esses são insuficientes. Alguns também são indicados para reverter arritmias muito rápidas, chamados desfibriladores cardioversores implantáveis, e outros servem para organizar a contração e performance cardíaca, chamados de ressincronizadores cardíacos.
As avaliações no ambulatório de marca-passo por telemetria são realizadas nos diferentes tipos de marca-passos e consistem em analisar o funcionamento do dispositivo eletrônico e programar de acordo com as necessidades cardíacas específicas da criança. O marca-passo pode ser indicado em qualquer fase da vida de um paciente, mas na instituição grande parte dos pacientes chega com o diagnóstico ainda dentro do útero ou imediatamente após o nascimento. “Eles chegam ao nosso serviço entre duas e quatro horas de vida. Nosso menor paciente tinha 920 gramas e hoje tem 21 anos”, compartilha.
No Pequeno Príncipe, a otimização do marca-passo convencional é corriqueira, evitando assim uma evolução insatisfatória do dispositivo eletrônico no paciente. Hoje, na instituição, a criança faz a implantação e, em seguida, vai para a otimização – que é uma programação individualizada guiada pelo ecocardiograma. Para obter essas informações, um aparelho é colocado sobre o gerador do marca-passo, na pele. Esse equipamento consegue ler as informações registradas no marca-passo e realizar os ajustes de programação, se necessários.
Depois da primeira programação, o paciente retorna em um mês, para os casos mais graves, ou entre três meses e um ano, para casos mais simples, para fazer uma revisão. O Serviço de Eletrofisiologia faz 80 atendimentos por mês de reprogramação do marca-passo em crianças e adolescentes. “Deve-se manter um acompanhamento periódico destes pacientes para leitura do dispositivo, análise da harmonia do aparelho com o coração, assim como ajustes nas diferentes fases do paciente e para obter informações clínicas, garantindo máxima segurança”, finaliza.
