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Aprendizados sobre como tratar pacientes com COVID-19 reduzem mortalidade
Neste dia 4 de abril completa-se dois anos do primeiro atendimento a um caso confirmado da COVID-19 no Hospital Pequeno Príncipe. Até o último dia 31 de março de 2022 – ou seja, em cerca de dois anos de pandemia – foram 2,9 mil casos positivos, 510 internamentos, 127 internamentos em UTI e 16 óbitos.
Segundo o vice-diretor-técnico da instituição, Victor Horário da Costa Souza Junior, que está à frente dos atendimentos da COVID-19, nesse período houve muito aprendizado sobre como cuidar dos pacientes, e esse conhecimento se refletiu nos indicadores relacionados à assistência. “A taxa de óbito, por exemplo, caiu bastante. Em 2020, registramos uma taxa de 1,6% de letalidade. Em 2021, essa taxa caiu para 0,8%. E nesse terceiro ano, que começou com uma explosão no número de casos de COVID-19 em crianças, nossa taxa de letalidade está em 0,1%. Ou seja, assim como aconteceu em todo o mundo, aprendemos sobre essa doença, e esse aprendizado se traduziu em melhores práticas e melhores resultados”, enfatiza.
Entre as mudanças no atendimento está a descontinuidade de algumas drogas e a adoção de outras. “No início, nós achávamos que o uso de imunoglobulinas auxiliava no tratamento, mas com o passar dos dias percebemos que a melhora trazida não era significativa. Por outro lado, passamos a usar o tocilizumabe, um moderno anti-inflamatório, e percebemos uma boa melhora dos pacientes. Esse medicamento foi incorporado ao nosso protocolo de atendimento aos pacientes graves”, explica o médico.
A enfermeira Flávia Marafigo Vecina, coordenadora das unidades críticas do Pequeno Príncipe, também elenca alguns aprendizados trazidos pela crise sanitária. “O primeiro grande aprendizado foi o uso intensivo dos equipamentos de proteção individual (EPIs). Já fazíamos uso deles, mas a pandemia reforçou a necessidade e a importância do uso constante.” Outro ganho foi a aproximação ainda maior com as famílias. “Nós conseguimos trazer a família para dentro da UTI COVID-19 num momento em que a recomendação era de isolamento mesmo para as crianças. Essa iniciativa é uma atitude de humanização que tem um enorme poder de acalmar tanto a criança quanto a família, colaborando para o processo de recuperação dos pequenos pacientes”, relata.
Com relação à assistência direta ao paciente, Flávia ressalta mais um grande aprendizado trazido pela pandemia: o uso das máscaras full faces em pacientes com necessidade de ventilação mecânica. Ligadas a um respirador, elas promovem a necessária ventilação, muitas vezes evitando a necessidade de entubação. “Com isso, reduzimos riscos de alguma eventual lesão da traqueia e sequelas pulmonares, além de proporcionarmos mais conforto e diminuirmos o trauma que uma entubação pode gerar”, explica a vice-diretora de Enfermagem, Junia Selma Freitas. Outro benefício é a redução da necessidade de sedação, isso tudo sem comprometer a ventilação do paciente”, completa.
O equipamento precisou ser importado, pois no Brasil não havia disponível para crianças. Inicialmente usadas para os pacientes com COVID-19, hoje as full faces estão beneficiando também pacientes de outros setores do Hospital.
Síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P)
Uma das condições mais graves enfrentadas por crianças que se contaminam com o coronavírus é a síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P). “Esta síndrome é extremamente letal, pois afeta diversos sistemas do corpo, com manifestações respiratórias, cardíacas, neurológicas, renais, gastrointestinais, hematológicas, hipotensão, choque cardiogênico e, até mesmo, problemas de pele”, ressalta Dr. Victor.
Nestes quase dois anos de pandemia no Pequeno Príncipe, foram atendidos 23 pacientes com a SIM-P. Em média, esses pacientes ficaram 31,6 dias internados no Hospital, sendo oito dias em UTI. Três pacientes foram a óbito em função das complicações desencadeadas pela síndrome.
O dado que mais chama a atenção, no entanto, é que, das 23 crianças com SIM-P atendidas, apenas seis tinham comorbidades. “Ou seja, essa condição que é a mais grave em decorrência da infecção pelo coronavírus afeta crianças saudáveis”, frisa Victor.
Vacinas no combate à COVID-19
Depois de quase dois anos de pandemia, os especialistas do Hospital Pequeno Príncipe são categóricos em afirmar que o maior aprendizado até aqui é o poder protetor das vacinas. “Não existe vacina para doença que não mata. As famílias precisam entender isso e levar seus filhos para tomar as duas doses da vacina, confiando na ciência e no que nós, pediatras, estamos recomendando”, destaca o profissional.
“Olhando para a população adulta, cuja vacinação está mais adiantada no país, nós vemos que a onda de infecções provocada pela variante ômicron provocou um grande aumento no número de pacientes contaminados, mas isso não se refletiu no número de óbitos. Essa proteção que os adultos alcançaram com a vacinação precisa ser oferecida também aos nossos meninos e meninas”, finaliza o médico.