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Autismo: criança apresenta traços do espectro em diversas intensidades
Comportamento repetitivo, rejeição a toques, pouco contato visual e dificuldade de relacionamento e comunicação são alguns dos sinais mais frequentes de quem é diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 70 milhões de pessoas no mundo convivem com algum nível do autismo. Já a projeção do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos – que equivale ao Ministério da Saúde no Brasil – é de que o transtorno atinja uma a cada 44 crianças.
O autismo é um espectro, ou seja, cada pessoa experimenta diferentes combinações e traços em diversas intensidades. Ele foi descrito em 1943 pelo psiquiatra Leon Kanner e trata-se de uma condição grave que afeta diversas áreas do desenvolvimento neurológico, prejudicando, principalmente, a capacidade de interação social, comunicação verbal e não verbal, além do comportamento.
A causa do autismo é uma complexa interação entre fatores genéticos e condições ambientais. Alguns aspectos podem influenciar o aparecimento do espectro, como o uso de substâncias durante a gravidez, nascimento prematuro ou uso excessivo de telas, especialmente no primeiro ano. “O autismo é um transtorno que apresenta dois eixos principais: a dificuldade de relacionamento e a dificuldade de comunicação social, além da tendência a um comportamento repetitivo e estereotipado. É importante lembrar que todo o transtorno tem que causar um problema, se tornar, literalmente, um transtorno para a pessoa”, explica o neuropediatra Anderson Nitsche, do Hospital Pequeno Príncipe.
Diagnóstico e tratamento
Um dos fatores que envolvem um bom desfecho para o tratamento do espectro autista é identificá-lo o quanto antes. Os sinais surgem nos primeiros meses de vida, mas o transtorno é investigado, em média, entre os 4 e 5 anos. O diagnóstico do TEA é eminentemente clínico, por isso é importante pais, familiares e professores observarem o comportamento da criança ou do adolescente em diversos contextos. Em alguns casos, é possível fazer testes neuropsicológicos que pontuam e graduam as chances de um padrão comportamental autista ou não. “Começar cedo significa identificar os sintomas e iniciar o tratamento. Se existe alguma suspeita, é preciso procurar um médico especialista e fazer uma intervenção”, conta o neuropediatra.
Depois do diagnóstico, outro ponto que requer atenção dos pais ou responsáveis é o método de acompanhamento. Hoje em dia, o autismo não tem um tratamento medicamentoso, por isso se faz necessária uma equipe multidisciplinar focada em cada paciente. “O tratamento principal é o terapêutico e envolve três profissionais principais além do neurologista, que são o psicólogo, o terapeuta ocupacional e o fonoaudiólogo”, frisa.
O acompanhamento médico também varia conforme o nível do espectro e as necessidades de cada criança ou adolescente e é personalizado. Um consenso entre os profissionais indica que é preciso abordar cada uma das características do autismo – como o atraso no desenvolvimento da linguagem ou seletividade alimentar – para que uma melhora global seja notada. “Uma criança ou adolescente com TEA pode ter uma qualidade de vida muito boa e ser feliz, especialmente aquelas do nível 1, que estejam em um bom tratamento e vivam em um bom ambiente familiar”, reforça Nitsche.
Projeto Integra
Buscando oferecer acesso ao diagnóstico diferencial e ao tratamento interdisciplinar a crianças e adolescentes com transtorno ou deficiência intelectual, múltipla e de autismo, o Projeto Integra oferta atendimentos em diversas modalidades como psiquiatria, fonoaudiologia, psicologia, terapia ocupacional e atendimentos comunitários.
“É sempre importante observar não somente as dificuldades, mas também as potencialidades da criança e do adolescente. Por exemplo, uma pessoa que tem dificuldade de comunicação pode desempenhar atividades instrumentais de uma maneira muito à frente do seu desenvolvimento. O importante é que a gente consiga dar esse apoio e fornecer o tratamento que ela precisa”, ressalta a psiquiatra Jaqueline Cenci, que também coordena o Projeto Integra, do Hospital Pequeno Príncipe.
A iniciativa, que é colocada em prática com recursos provenientes do Programa Nacional de Apoio à Atenção da Saúde da Pessoa com Deficiência (Pronas), atende crianças e adolescentes de Curitiba e municípios da região metropolitana. O projeto tem cem vagas disponíveis e, atualmente, atende 60 pacientes.
- Confira a história emocionante do William, ex-paciente do Hospital:
Serviço de Neurologia
O Serviço de Neurologia do Hospital Pequeno Príncipe é considerado um dos mais completos na área da pediatria. É formado pelo Ambulatório de Epilepsia, Ambulatório de Erros Inatos do Metabolismo, Ambulatório de Distúrbios de Aprendizagem e do Comportamento, Ambulatório de Doenças Raras e Ambulatório de Dieta Cetogênica.