Atleta paralímpico faz a alegria dos pacientes do Pequeno Príncipe em visita inédita
De botinas, chapéu e muito bom humor, o paratleta Fernando Rufino visitou o Hospital Pequeno Príncipe na tarde desta sexta-feira, dia 23. O “cowboy”, como é conhecido, faz parte da Confederação Brasileira de Paracanoagem e disputa os 200 metros da categoria K2 individual, em que só são permitidos os movimentos dos braços e tronco. No currículo, vice-campeão e terceiro colocado no campeonato mundial em Milão e na Rússia, respectivamente. Na vida, muitos mais títulos conquistados.
Morando em São Paulo há dois anos, o paratleta tem uma história de superação. Conversador, ele conta que ainda está se adaptando à rotina da cidade grande, já que foi nascido e criado em Itaquiraí, cidadezinha do Mato Grosso do Sul que tem menos de 20 mil habitantes. “Eu cresci em contato com a natureza, claro que sinto falta disso. Mas o rio me aproxima das minhas raízes. O que não posso é desistir dos meus sonhos”, explica.
Sonhos esses que poderiam ser interrompidos em vários momentos, se não fosse a determinação de Rufino. Aos 20 anos, ele tinha um único: conhecer os Estados Unidos. “Foi aí que decidi ser cowboy. Montava os melhores touros e lá fora essa profissão é muito bem vista”, relembra sorrindo. Mas o destino não o permitiu. Ser cowboy, no caso. Porque ele foi além das Américas.
Rufino sofreu alguns acidentes: o perigo que parecia estar nas arenas de rodeio, veio das ruas. Ainda jovem foi atropelado por um ônibus e perdeu os movimentos parciais das pernas. O que poderia ser o fim de um sonho multiplicou a vontade de vencer. Com a força dos pais e de toda a família, ele queria continuar no esporte. “Eu fui testando algumas opções e não gostava de nada adaptado. Até que cheguei à canoagem e me apaixonei. A canoagem me deu vida, me deu asas”, aponta.
Humilde e prestativo, o cowboy chamou atenção por onde passou no Hospital Pequeno Príncipe. Simpático e atencioso, contava com orgulho que esse estilo é todo dele mesmo. O rodeio, que ainda vive em seu coração está além da vestimenta, foi para as águas. “Meu barco chama ‘burro branco’”, conta feliz o paratleta que é “tão famoso quanto o Neymar lá em Itaquiraí”.
Brincalhão, disse que essa é a primeira vez que vem a um hospital sem ser o paciente. Encantado com as histórias, posou para fotos, visitou quartos, emprestou o chapéu e trocou experiências. “Vim para contar, mas também para ouvir. É sempre bom conhecer histórias de superação e força. Vou levar esses livros que ganhei para os meus médicos, para os meus amigos. Hoje eu conto minha história, amanhã essas crianças contarão as delas”, finaliza Rufino, detentor de uma alegria de viver inquestionável.