Artigos científicos na era digital
Orientar estudantes e profissionais de diversas áreas técnicas sobre a produção de publicações acadêmicas é o objetivo do Workshop e Curso de Redação de Artigos Científicos começou ontem e termina hoje em Curitiba paralelo ao II Simpósio de Nanobiotecnologia. A proposta do curso é orientar os participantes para que possam melhorar suas habilidades e preparar artigos e outros manuscritos mais assertivos.
O professor Valtencir Zucolotto, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo – São Carlos, apresentou a escrita científica como um gênero literário. “É difícil publicar um bom artigo, não basta ter os bons resultados da pesquisa, é preciso também saber escrever – ainda mais em países nos quais o inglês não é a primeira língua”, explicou o professor.
Segundo Zucolotto, um bom artigo deve trazer novidades, ser claro, conciso e sempre citar as referências utilizadas. Nessa linha, o professor também destaca que utilizar parte de artigos próprios anteriores é autoplágio. “Pode ser da mesma linha de pesquisa ou ter referências a trabalhos anteriores para situar ideias, mas apenas republicar é algo antiético”, destaca.
Publicar e disseminar
Após os cuidados com a elaboração e publicação é imprescindível. É famosa nos meios acadêmicos a máxima “publish or perish”, (ou seja: publique ou morra) que coloca pressão nos profissionais para que estejam sempre produzindo novas pesquisas e se fazendo presente nas melhores publicações mundiais.
Donald Samulack, presidente da Cactus Communication Inc, é um expert em publicações científicas no mundo e viaja para diferentes continentes para explicar como publicar e se fazer notar em meio à enxurrada de informações disponíveis. “É essencial para os pesquisadores marcar presença nas mídias sociais. Hoje, os pesquisadores podem não achar tão importante, mas daqui cinco anos vai ser algo essencial”, aponta o especialista que está pela primeira vez no Brasil.
A dobradinha academia e mídias sociais têm tudo para se consolidar na opinião de Samulack. “Causar impacto e ser notado se tornam cada vez mais imprescindíveis em meio a tanta informação disponibilizada. Temos que aprender com os jornalistas a disseminar o conhecimento material. A imprensa está fazendo isto há muito tempo, mas a academia ficava limitada às suas publicações específicas. Isto mudou”, ressalta.
Se antes a publicação era o último passo de um trabalho acadêmico, agora é apenas um começo. O papel da própria imprensa também mudou neste novo mundo digital. “Se antes a imprensa dependia do recebimento de releases para saber o que estava acontecendo no mundo acadêmico, agora ela tem na internet uma ferramenta de procura que a torna ativa neste processo de divulgar novas pesquisas.”
Dicas
– Marque presença na web com contas no Twitter, Linkedin e outras redes nas quais você possa expor sua pesquisa e também encontrar outros pesquisadores.
– Faça contato com blogs que abordam o seu tema de pesquisa.
– Figure seu nome em vários sites que tenham crosslinks, valorizando sua exposição na internet.
– Aproxime-se da assessoria de imprensa da instituição na qual você realiza a pesquisa para potencializar sua pesquisa na imprensa.
– Faça parte das conversas, no Brasil e no mundo, por meio da internet. Torne-se conhecido e respeitado na sua área para ter visibilidade.
– Sites voltados ao mundo acadêmico: Research Gate, Mendeley, Plos, CiteULike, Academia.edu, Google Scholar e outros específicos a cada área.
– Ao decidir por onde quer ser publicado, não pense apenas na “marca” ou prestígio da publicação, mas sim naquela que atinge seu público alvo.
– Acompanhe sua presença (citações) na web. Se o resultado for positivo, você pode até incluir no seu currículo.
– Evite publicações predadoras, que não são consideradas sérias. Para se informar sobre o assunto, ele recomenda acompanhar pela internet sites que monitoram estas publicações, como o Beall’s List.