O Serviço de Transplante de Medula Óssea (TMO) do Pequeno Príncipe é referência nacional e um dos maiores centros do Brasil e da América Latina que realizam o procedimento em pacientes pediátricos. No Pequeno Príncipe, 56 pacientes pediátricos receberam esse tipo de transplante em 2022.
Além disso, o serviço é especializado no tratamento de doenças malignas e no atendimento de pacientes com falências medulares adquiridas e hereditárias, imunodeficiências primárias e erros inatos do metabolismo, especialmente crianças com menos de 3 anos de idade. Atualmente, 650 pessoas estão na fila aguardando por um transplante de medula óssea – também chamadas de células-tronco hematopoiéticas –, segundo o Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome).
O que é a medula óssea?
A medula óssea é o tecido líquido que ocupa a cavidade dos ossos e na qual são produzidos os seguintes componentes do sangue:
hemácias, que são os glóbulos vermelhos, responsáveis por transportar oxigênio dos pulmões para as células de todo o organismo e levar o gás carbônico das células para ser expirado pelos pulmões;
leucócitos, que são os glóbulos brancos, responsáveis por defender e proteger o organismo de infecções;
plaquetas, compõem o sistema de coagulação do sangue, evitando sangramentos e hemorragias.
Tipos de transplante de medula óssea
O transplante tem como objetivo substituir uma medula doente por uma saudável. O procedimento é a chance de cura para cerca de 80 doenças, como as leucemias – tipo de câncer mais comum na infância –, principalmente a leucemia linfoide aguda. Para que a criança ou o adolescente receba a medula, existem dois tipos de procedimento.
Transplante alogênico
O tipo mais comum de transplante realizado no Hospital – 50 crianças e adolescentes transplantados em 2022 na instituição. O procedimento é realizado com a medula óssea de um doador compatível, que pode ser um familiar ou alguém cadastrado no banco de doadores de medula óssea.
O Redome é o órgão responsável por armazenar os dados dos doadores não aparentados, ou seja, que não são parentes – atualmente são mais de cinco milhões e meio de pessoas cadastradas. As chances de encontrar um doador compatível são de 25% quando é da família e um em cem mil entre pessoas que não são parentes, segundo o Ministério da Saúde.
O Pequeno Príncipe é reconhecido também por realizar esse tipo de procedimento com doadores familiares haploidênticos – quando a compatibilidade não é de 100%, uma vez que encontrar um doador compatível é um dos grandes desafios para realizar um TMO.
Transplante autólogo
Nesse tipo de transplante, o paciente doa células para si mesmo, como explica a médica Cilmara Cristina Dumke, que integra o Serviço de TMO do Hospital Pequeno Príncipe. “O procedimento consolida o tratamento de alguns tumores sólidos, como por exemplo, um neuroblastoma. As próprias células-tronco hematopoiéticas da criança ou adolescente são coletadas, armazenadas e, posteriormente, utilizadas em seu próprio transplante, após altas doses de quimioterapia”, diz. Em 2022, o Pequeno Príncipe realizou seis procedimentos.
Você sabia?
O Serviço de TMO do Pequeno Príncipe iniciou sua história no Setor de Oncologia e foi implantado em abril de 2011, inicialmente com três leitos. Um sonho realizado em parceria com o médico Eurípides Ferreira. O hematologista foi pioneiro no Brasil ao realizar o transplante de medula óssea (TMO) nos anos 1970. Em 2016, o TMO foi ampliado, passando a ter dez leitos e proporcionando a um número maior de crianças e adolescentes um tratamento humanizado e de qualidade. E, em 2017, o Hospital passou a realizar transplantes utilizando doador não aparentado.
Complexidade da especialidade
Assim como os demais transplantes, o TMO necessita de acompanhamento por um longo tempo. “A recidiva da enfermidade, que é a volta da doença, é um dos fatores de alerta em pacientes que receberam o transplante de medula óssea para doenças malignas. Apesar disso, a taxa de sobrevida no Pequeno Príncipe é entre 80% e 90% dos casos, dependendo da doença e do transplante”, pontua a médica.
O procedimento envolve várias etapas, entre elas a passagem de um cateter, que fica cem dias com o paciente e é por onde as células tronco saudáveis são transplantadas. O cateter também é responsável por levar medicamentos para o corpo, além de transfusões e coletas de exames de sangue. Após isso, é realizado o procedimento chamado de pré-transplante, que consiste em quimioterapia e radioterapia de altas doses para que o corpo seja preparado para receber as novas células tronco. A recuperação leva de 20 a 30 dias, durante este processo, a criança ou adolescente fica com a imunidade muito baixa, necessitando de uma série de cuidados.
O tempo em que a criança ou adolescente transplantado ficará internado depende de como cada organismo irá reagir com essas novas células. Independentemente disso, o paciente precisará ser acompanhado semanalmente por uma equipe médica por cerca de cem dias, para que receba as orientações para uso do imunossupressor de forma adequada e a realização de exames de sangue, por exemplo.
“Nós avaliamos se a recuperação do paciente está adequada, com a nova medula funcionando e sem evidências da doença. Conforme a recuperação da imunidade, a criança ou adolescente recebe novamente o esquema vacinal para que possa voltar às suas atividades normais do dia a dia, geralmente cerca de seis meses após o transplante”, ressalta a especialista. E completa: “A longo prazo, nós acompanhamos o crescimento, a questão cardiológica, oftalmológica, cognitiva, entre outros, para que esse paciente seja um adulto o mais saudável possível. É um acompanhamento para a vida.”
Diferenciais do serviço
O transplante de medula óssea é considerado um procedimento de alta complexidade, pois não pode ser realizado em qualquer centro. Precisa seguir requisitos estabelecidos pelo Ministério da Saúde e pela Central de Transplantes, que incluem critérios de infraestrutura, laboratórios adequados e profissionais qualificados.
No Pequeno Príncipe, o sucesso se deve também à assistência ofertada pela equipe multidisciplinar, como enfermeiros, farmacêuticos, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, dentistas, assistentes sociais, entre outros. Médicos com formação em transplante pediátrico contam com o suporte de profissionais de outras 35 especialidades para uma atuação de excelência, como oncologia e hematologia, radiologia intervencionista, cardiologia, nefrologia, dermatologia e neurologia.
Quem pode ser doador de medula óssea?
Para tornar-se um doador de medula óssea, alguns requisitos são necessários:
ter entre 18 e 35 anos para efetuar seu cadastro;
estar em bom estado geral de saúde;
não ter doença infecciosa ou incapacitante;
não apresentar doença neoplásica (câncer), hematológica (do sangue) ou do sistema imunológico; e
algumas complicações de saúde não são impeditivas para doação, sendo analisado caso a caso.
Se você cumpre as condições citadas, procure o Hemocentro do seu estado para mais informações e realização do cadastro. Se você já for doador, lembre-se de manter o seu cadastro atualizado no Redome.
O Pequeno Príncipe é signatário do Pacto Global desde 2019. A iniciativa presente nesse conteúdo contribui para o alcance do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS): Saúde e Bem-Estar (ODS 3).
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