Acompanhamento psicológico faz a diferença no tratamento do câncer infantojuvenil
Neste Dia Internacional de Combate ao Câncer Infantil (15 de fevereiro), o Hospital Pequeno Príncipe reforça a importância do diagnóstico precoce da doença para aumentar as chances de cura. Ainda que represente apenas 3% dos tumores em geral, o câncer na infância e na adolescência é a principal causa de morte na faixa etária de 1 a 19 anos.
De acordo com estimativa do Instituto Nacional do Câncer (INCA), válida para os próximos três anos (2020-2022), os casos esperados para o Brasil para cada ano do triênio serão de pouco mais de 8,4 mil. Diferentemente do que acontece em adultos, não existem formas de prevenir a doença em crianças e adolescentes, mas a boa notícia é que a sobrevida de pacientes dessa idade pode chegar até 80%.
Pioneiro há mais de 50 anos no tratamento de crianças e adolescentes com doenças oncológicas, que conta com cuidado humanizado e multidisciplinar, o Pequeno Príncipe aproveita a data para também alertar para aspectos psicológicos que podem impactar o paciente e sua família durante o tratamento.
De acordo com a psicóloga do Hospital, Janaína Casaes, o câncer é uma doença que, mesmo com os constantes avanços tecnológicos na sua detecção e tratamento, ainda é extremamente temida e fortemente associada ao sofrimento e à morte. “Além disso, desde o diagnóstico até o fim do tratamento, o paciente pode sofrer danos tanto físicos quanto psicológicos, por conta de inúmeros motivos como procedimentos invasivos, internação e efeitos colaterais e restrições do tratamento. A vida também pode ser totalmente transformada pela presença da doença, que no caso de uma criança ou adolescente, também altera a rotina familiar”, explica.
Quando ouviu a confirmação do diagnóstico da filha Ana Paula, de oito anos, Jurema Felix Chistiano Barnabé, caiu no choro. “Eu perdi o chão. Tive que consolar o meu marido e ainda não podia deixar nossos filhos perceberem. O apoio psicológico da equipe do Pequeno Príncipe foi fundamental”, conta.
De acordo com a especialista, esse acompanhamento foi importante para ela perceber que a doença poderia ser enfrentada. “Em um outro momento, essa orientação foi necessária para eu entender e me relacionar com a Ana, que começou a se fechar quando o tratamento fez seu cabelo cair”, conta a mãe que já raspou a cabeça quatro vezes para apoiar a filha, que ainda tem oito sessões de quimioterapia pela frente. “Ela já tirou o tumor mas precisa seguir esse protocolo”, diz.
A doença e o tratamento podem deixar os pais confusos em relação a educação de seus filhos. Mas a família é muito importante no cuidado e a orientação é que todos devem participar de alguma forma, inclusive os irmãos. “Quando a família se une e se ajuda, torna-se um porto seguro para a criança e aumenta os benefícios do tratamento. O carinho é fundamental”, explica a psicóloga do Pequeno Príncipe.
- Confira o vídeo especial em celebração ao Dia Internacional de Combate ao Câncer Infantil (15/2)
Para ajudar os familiares, o Hospital sugere algumas dicas de como se comportar em relação ao paciente:
Busque informações. Tente compreender o que é e como está a doença. Converse com o médico e equipe multidisciplinar que atende seu filho.
Mantenha o tratamento de forma disciplinada, siga as orientações para hábitos saudáveis (alimentação, sono), compareça aos exames e consultas e dê a medicação nas horas certas, lembrando sempre de tirar todas as dúvidas em relação ao tratamento com a equipe médica.
Acompanhe e observe a reação de seu filho ao tratamento e sempre que necessário procure a equipe multidisciplinar.
Entenda os limites e restrições do tratamento e explique para a criança ou adolescente o que ela pode ou não fazer, sempre respeitando as condições de saúde do paciente.
Crie oportunidades de vida e hábito saudável, realizando atividades como ler, brincar, confraternizar, estudar, para além da dinâmica do tratamento.
Compreenda que mudanças serão necessárias, considere o desafio posto e busque mecanismo e recursos de ajuda e apoio.
Lide com as diferentes emoções, buscando atitude positiva e momentos de alegria, além de identificar espaços de oportunidades de inclusão e apoio na comunidade, de forma que se sinta confortável e possa expressar seus sentimentos.
Busque sempre o equilíbrio entre dar apoio e dar limite à criança ou adolescente em tratamento para que ela venha a ter autonomia.
Ouça o que o paciente precisa dizer, incentive-o a ter novos relacionamentos e grupos de apoio e estimule a construção de planos e projetos de superação.