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Neste 23 de outubro, meu amigo Edson = Pelé faria 83 anos
Durante 17 anos, ele compartilhou momentos muito especiais com todos aqui no Pequeno Príncipe. Por conta do amigo Nilson (que junto com ele, em outra dimensão, está curtindo saborosas passagens que tiveram juntos) e da neurocientista Mara Cordeiro, sentimo-nos encorajados a criar o Instituto de Pesquisa – e, com ele, obtivemos múltiplas vitórias, as quais – todos juntos – oferecemos às crianças do Brasil. Com a inauguração do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe, nos tornamos o primeiro “Children’s” do Brasil, termo conhecido no Hemisfério Norte para designar as organizações que atuam na assistência, ensino e pesquisa em pediatria.
Entre os casos em que nos envolvemos, destaco a primeira triagem genética que fizemos, avaliando mais que 170.000 bebês nascidos vivos aqui no Paraná. Por meio de uma gota extra de sangue do teste do pezinho, procuramos detectar uma mutação genética indicativa da possibilidade de desenvolvimento do câncer de córtex adrenal, patologia prevalente na pediatria. As crianças com a mutação passaram a ser monitoradas, e aquelas que desenvolvessem o tumor viriam para sua remoção em nosso Centro Cirúrgico.
A ideia era comprovar, via diagnóstico precoce, a cura, pois se retirado o tumor a doença não volta. Depois de bastante tempo, uma primeira criança tem o tumor detectado, chega ao Hospital, e o procedimento é realizado com sucesso. O longo processo, conduzido pelo nosso diretor científico, Bonald Figueiredo, que há muitos anos mergulhou na pesquisa do TCA, não apenas comprovou a eficácia do diagnóstico precoce como tangibilizou no rosto de uma criança o sucesso dos avanços da ciência. Jamais me esquecerei da emoção que senti ao saber que ela se chamava Maria Eduarda. Foi a primeira vez que acompanhei um trabalho de aprofundamento científico, que se desenvolveu até plena comprovação e materialização do salvamento de uma primeira vida, além da transbordante felicidade da família. Depois dela, já foram muitas crianças.
Sou grato ao Pelé pelo estímulo à nossa inteligência emocional que esta vitória nos trouxe. Como diria o amigo irlandês Don Mullan, com ele no time fizemos um bonito gol 1284. Para além da ciência, ter o Pelé no time nos trouxe visibilidade e, com isso, a coragem de promover captação de recursos em eventos muito especiais no Brasil e exterior. Neste ano, fomos demandados quanto ao futuro e a como honrar o legado social de Edson = Pelé.
Continuar nossos trabalhos em alto nível é o primeiro ponto, depois, uma lembrança óbvia: o “Rei” é insubstituível. Valorizar a relação dele conosco tem nexo direto com os cuidados que dispensamos às crianças num volume e nível que honra a dimensão da inspiração representada por ele. Essa condição nos remete ao milésimo gol e sua dedicatória às crianças, bem como ao pedido que ele fez para que delas cuidássemos.
Expressamos tudo isso para nossas autoridades, pois entendemos que o legado social do Pelé está aqui em Curitiba e com os trabalhos do Complexo Pequeno Príncipe. A partir disso, nossa Câmara de Vereadores, nosso prefeito, nossa Assembleia Legislativa e nosso governador instituíram o dia 19 de novembro, data do milésimo gol, como o “Dia do Rei Pelé”. Assim, teremos todos a oportunidade de celebrar, seja o atleta seja a pessoa, em sua amorosidade com as crianças de Curitiba, Paraná, Brasil e mundo.
Na comemoração de hoje vai um muito obrigado especial pelo apoio sempre recebido da família Nascimento, notadamente de Dona Celeste e da Flávia que sempre nos prestigiaram. Onde estiverem, meus amigos Pelé e Nilson, sei que estão torcendo para que todos os “pequenos” deste mundão possam crescer, brincar, desenvolver-se, ter acesso à saúde e à educação, e assim poder transformar este planeta – hoje tão atrapalhado – em um ambiente mais bem orientado pelo amor ao próximo e à natureza.
José Álvaro da Silva Carneiro
Diretor-corporativo do Complexo Pequeno Príncipe