Dia dos Pais: “Eu fui o escolhido para doar a medula para meu próprio filho”
“Não me via passar pela vida sem a paternidade, eu nasci para ser pai”. A revelação de Claudio Roberto Pereira evidencia a dedicação de quem passou as últimas semanas dividindo os seus dias entre o trabalho e as visitas frequentes ao filho, que estava internado no Hospital Pequeno Príncipe, em tratamento na Unidade de Transplante de Medula Óssea. A sua participação foi fundamental para a recuperação de Heitor Ribeiro Pereira, já que ele foi o doador da medula óssea para o menino.
“Quando o Heitor tinha de quatro para cinco anos, foi diagnosticado com leucemia linfoide aguda. A alternativa para ele era o transplante de medula e achamos que o irmão gêmeo seria o doador, mas eu fui o escolhido”, narra o pai, que conta ainda que toda a família fez exames e que a filha mais velha, de nove anos, também queria ser a doadora.
Pereira afirma que a boa nova foi carregada de emoção. “Eu falava para a minha esposa que faria todo o possível para o Heitor ficar bom. E graças a Deus, foi isso o que aconteceu. Foi a minha medula que deu certo. Claro que você nunca quer que seu filho passe por isso, mas ter uma medula compatível é um sonho realizado, por poder contribuir para a cura dele”, ressalta.
O transplante de medula óssea foi realizado no Pequeno Príncipe e nos mais de 40 dias de internamento, Heitor, hoje com cinco anos de idade, foi acompanhado de perto por sua mãe nesse período e recebeu visitas frequentes do pai. Na terça-feira, dia 7 de agosto, chegou o momento que há muito tempo era aguardado pela família: o garoto recebeu alta do Hospital e pode voltar para casa – de quebra, Pereira recebeu um presente antecipado de Dia dos Pais, que é lembrado neste domingo, dia 12. “Foi o melhor presente, ter a família inteira reunida”, diz.
A figura do “novo pai”
Histórias como a de Pereira e Heitor evidenciam a figura de um “novo pai”, que, segundo a coordenadora do Serviço de Psicologia do Hospital Pequeno Príncipe, Ângela Bley, tem sido observada nos últimos tempos e com a qual a sociedade está se acostumando. “Antigamente, o pai trazia a autoridade para os filhos. Hoje, ele também faz isso, mas de uma forma mais doce. Ele tem um outro tipo de cuidar e de dar carinho”, pontua. A psicóloga completa que a presença do pai no dia a dia faz com que a criança se sinta mais segura e amparada. “O filho precisa se sentir amado. Isso é fundamental para que desenvolva a sua autoestima e sua capacidade de resiliência”, destaca.
Ângela lembra também que o pai entra na vida de um filho para ampliar o universo dele. “É o pai que desde o início mostra à criança, que até então era bastante ligada com a mãe, uma outra forma de cuidar e de se relacionar com o mundo. Assim, amplia o horizonte do filho e isso é muito positivo para o seu desenvolvimento”, conclui.
Claudio Roberto Pereira, pai do paciente Heitor Ribeiro Pereira. Ele foi o doador de medula óssea para o próprio filho, de cinco anos de idade.