Pesquisadores de várias partes do mundo discutem imunoterapia como forma de tratamento para o câncer
Pesquisadores, médicos e estudantes de várias partes do mundo estão reunidos em São Francisco do Sul, em Santa Catarina, no evento Immunobiology, immunotherapy and new therapeutic perspectives of ACC (Imunobiologia, imunoterapia e novas perspectivas terapêuticas para o Tumor de Córtex Adrenal), promovido pelo Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe. O encontro científico iniciou na tarde dessa segunda-feira, dia 3, e segue até quarta-feira, dia 5, com palestras e apresentação de casos clínicos. Cerca de 60 pessoas têm trocado experiências e conhecimento sobre novos métodos para o tratamento do tumor de córtex adrenal (TCA).
Com a participação de pesquisadores europeus, norte-americanos e brasileiros, o evento tem como objetivo debater a imunoterapia como forma de tratamento para esse tipo de câncer, que é predominantemente pediátrico. Segundo o diretor científico do Instituto de Pesquisa, Bonald Cavalcante de Figueiredo, a imunoterapia é a mais nova descoberta para combater o câncer. “Nos últimos 30 anos, nada de novo foi encontrado para lutar contra a doença. E as novas formas de terapia que estão sendo pesquisadas envolvem o sistema imunológico, e tem grande potencial de expansão”, apontou ele, que é um dos idealizadores do encontro.
A favor dessa ideia, o professor de Imunologia da Universidade de São Paulo (USP), José Alexandre Marzagão Barbuto, ressaltou a importância em acelerar o embate entre os clínicos e os estudiosos do tema, assim como da genética e áreas afins, para que todos os benefícios dessa nova forma de tratamento sejam eficientes e estejam disponíveis. “Nós estamos há muito tempo querendo ‘pegar’ o tumor. Mas ele cria um ambiente, e todo o ambiente tem que ser o alvo. A doença induz o sistema imune a uma resposta de tolerância. Então, tenho que ‘desligar’ essa tolerância e, ao fazer isso, o sistema imune passa a ‘correr atrás’ do tumor”, explicou Barbuto.
Troca de experiências
O encontro tem sido uma oportunidade de troca de experiências sobre as formas de tratamento do tumor de córtex adrenal. Recorrente em crianças e adolescentes de zero a 15 anos, o TCA tem incidência 18 vezes maior no Sul do país do que no restante do Brasil e do mundo. Para a médica responsável pelo Serviço de Oncologia e Hematologia do Hospital Pequeno Príncipe, Flora Mitie Watanabe, um evento que reúne referências mundiais é de extrema relevância. “Isso porque aumenta demais a visão do médico clínico. Nosso relacionamento é direto com o paciente e a família dele. Quando temos essa visão mais científica, da pesquisa, conseguimos ampliar o diagnóstico precoce, que é essencial para praticamente todos os tipos de tumor”, salientou. “No caso do tumor de córtex adrenal, em específico, a troca de informações e conhecimento com profissionais de outras partes do mundo é muito importante, pois precisamos pensar sempre no que é preventivo, no diagnóstico precoce. Temos bastante a aprender uns com os outros”, completou.
O médico assistente do Hospital Erasto Gaertner, Thiago Tormen, também reforçou a importância do encontro. “Um evento deste porte é fundamental porque discute um tumor pontual. Trocar experiências reais com outros pesquisadores é uma oportunidade de saber quais são as novidades sobre a doença, já que cada profissional trata um caso único”, finalizou.
Confira a programação:
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