Romilda Vieira Varistelo: a enfermeira que incentiva a superação

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Romilda Vieira Varistelo: a enfermeira que incentiva a superação

“Aqui você amadurece não só com o sofrimento, mas com as alegrias também; é um aprendizado para a vida toda.”
19/06/2023
Romilda Vieira Varistelo
A enfermeira Romilda Vieira Varistelo encontrou no Hospital a chance de crescer profissionalmente e transformar vidas.

Natural de Rio Bom, cidade do interior paranaense, Romilda Vieira Varistelo sempre teve em sua essência o cuidado com o próximo. Um breve momento foi o bastante para que a enfermagem cruzasse seu caminho: trabalhando como empregada doméstica, fez um curativo na filha de sua empregadora e, assim, recebeu incentivo para seguir a carreira de enfermeira. Chegou ao Hospital Pequeno Príncipe há 36 anos e, desde então, tem aprendido com cada desafio superado – não apenas seu, mas de seus pacientes também.

Chegada ao Pequeno Príncipe

“Aos 17 anos, comecei a trabalhar como empregada doméstica na casa de uma família com boa situação financeira. Um dia, a filha da patroa machucou o pé e cortou o dedo. Ajudei ela a lavar o machucado, higienizei bem e fiz o curativo. Vendo meu cuidado, ela disse que eu tinha dom para a enfermagem e que eu deveria fazer um curso. Comecei então um curso de atendente de enfermagem, que na época equivalia à formação técnica da profissão. Um dia, conhecendo Curitiba com a minha irmã, passamos perto do Pequeno Príncipe, e ela sugeriu que eu trouxesse um currículo aqui. Vim, fiz uma entrevista e consegui uma vaga. Comecei aqui em 1987, no Setor de Hematologia; um ano depois, fui para o Serviço de Nefrologia.”

Primeiro transplante no Hospital

“Alguns anos depois da minha chegada ao Pequeno Príncipe, realizamos o primeiro transplante renal. Foi uma responsabilidade muito grande. Criei um vínculo de amizade com a mãe do paciente, o Roni. Na época não existia o Programa Família Participante e, por isso, sua mãe só conseguia vir para o Hospital poucas vezes por mês. O doutor Donizetti, diretor-técnico, fez uma carta de liberação autorizando que eu levasse ele para ficar na minha casa – e assim passei a cuidar dele nos finais de semana. Depois de um tempo, ele fez transplante e voltou para sua cidade após a recuperação. Ele é como se fosse um filho para mim. Hoje ele está muito bem, já é casado, tem um filho e trabalha na área da saúde também. Tenho muito orgulho da sua história.”

Incentivos e reconhecimentos

“Minha vida inteira gira em torno do Pequeno Príncipe. Quando entrei, era bem jovem e solteira ainda, mas meu objetivo de vida sempre foi casar, ter filhos e dar oportunidades de vida diferentes das que eu tive para ele. E assim foi… Casei, tive meu filho, e ele cresceu aqui no Centro de Educação Infantil (CEI) do Hospital. Sempre o incentivei, e hoje ele é professor de Química – porque tudo é incentivo, não é? Assim como tive aqui. Me aperfeiçoei profissionalmente, ganhei incentivo para fazer faculdade. Eu não tinha nem o ensino médio, mas estudei e consegui me graduar, fiz duas pós-graduações e um aprimoramento em transplantes. Esse último eu fiz em 2017, no Hospital Samaritano, em São Paulo. Fiquei um ano lá e foi muito legal, porque o Pequeno Príncipe é reconhecido como uma instituição de referência, com uma qualidade muito boa nos transplantes.”

Superar-se todos os dias

“Muita coisa mudou desde que entrei, mas o principal é que ganhamos muito com a humanização do Hospital. Toda mãe tem o direito de ficar com seu filho durante a internação, e a gente percebe que isso impacta muito na recuperação da criança. E além dos pacientes, existe a humanização dos profissionais. Aqui você cresce profissionalmente e aprende a ser mais humano. Aqui você aprende muito criando vínculo com as famílias e com os colegas de trabalho – e, com isso, você amadurece. Não só com o sofrimento, mas amadurece com as alegrias também. É um aprendizado para a vida toda. E, por isso, posso resumir minha trajetória na palavra superação. É uma superação além do teu limite. Você se emociona nos bastidores, mas na frente você tem que ser forte para auxiliar as famílias. Assim já superei muitos obstáculos com as minhas crianças, pois todas são guerreiras ao extremo.”

Aprender com o passar dos anos

“Tenho muito orgulho em fazer parte de uma instituição há tanto tempo como o Pequeno Príncipe. Na comemoração do centenário, parei para refletir e cheguei à conclusão que a gente não tem noção do tanto que fazemos aqui. Todos os dias, no automático, você se levanta, sai para trabalhar, vai para faculdade, academia, igreja, e os dias vão passando. Quando você para e se dá conta de quanto tempo passou, é um choque de realidade, mas ao mesmo tempo uma reflexão de vida. Nesse momento a gente pensa: ‘Será que eu poderia ter mudado algo? Será que ofendi alguém? Será que deixei de melhorar a vida de alguém?’ Porque eu sempre falo para as pessoas que trabalham comigo: ‘A gente tem que dar o melhor de si, para no final do dia poder deitar e dormir com a consciência tranquila de que você não deixou nada pendente.’”

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