Violência digital contra crianças e adolescentes: saiba mais

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Violência digital contra crianças e adolescentes: saiba mais

Hospital Pequeno Príncipe orienta sobre uso excessivo de telas, sinais de alerta de problemas no ambiente digital e como agir
21/05/2025
violência digital contra crianças
A violência digital contra crianças e adolescentes é uma realidade que exige atenção de toda a sociedade. (Imagem gerada por IA)

No Brasil, 93% das crianças e adolescentes estão na internet, sendo que 98% acessam por um celular. A presença crescente desse público no ambiente digital traz riscos, como aponta a pesquisa da SaferNet e da TIC Kids Online. Um em cada 11 jovens já foi vítima de cyberbullying, e mais de 53 mil denúncias de crimes sexuais on-line foram registradas em 2024. Além disso, 30% falaram com desconhecidos na internet. Os dados pedem a atenção de toda a sociedade.

A psicóloga e coordenadora do Serviço de Psicologia do Hospital Pequeno Príncipe, Angelita Wisnieski da Silva, reforça a importância de que proteger as crianças e adolescentes no mundo digital é uma tarefa coletiva. “Vivemos um momento em que o uso das redes sociais e do universo virtual deixou de ser apenas uma questão familiar. Ele se tornou um problema de saúde coletiva, que exige o envolvimento de diferentes esferas da sociedade: políticas públicas, profissionais da saúde, educação e, claro, a família”, acrescenta.

A família exerce um papel fundamental no desenvolvimento emocional e social, pois é o primeiro espaço de segurança, afeto e aprendizado da criança. É nesse ambiente que ela deveria aprender a lidar com suas emoções. No entanto, essa função tem sido muitas vezes substituída pelo uso excessivo de telas. Nesse cenário, é essencial que os adultos atuem como modelos positivos, porque as crianças aprendem muito mais com os comportamentos que observam. Nesse sentido, é importante o resgate do brincar livre e da convivência real.

Principais tipos de violência digital contra crianças e adolescentes

  • Cyberbullying: agressões morais e psicológicas feitas por meio da internet, com o objetivo de humilhar, intimidar ou prejudicar alguém. É crime previsto no Código Penal Brasileiro.
  • Jogos e desafios perigosos: brincadeiras ou desafios virtuais que incentivam comportamentos arriscados e podem levar a situações graves, inclusive à morte.
  • Sextorsão: chantagem ou ameaça com uso de imagens íntimas, muitas vezes obtidas via sexting (envio de conteúdo sexual por celular), sem o consentimento da vítima.
  • Pornô de vingança: divulgação de nudes ou vídeos íntimos de alguém como forma de punição ou vingança após o fim de um relacionamento.
  • Aliciamento sexual on-line: quando adultos se aproximam de crianças ou adolescentes nas redes com a intenção de abusar sexualmente, manipulando ou chantageando para obter imagens ou atos sexuais.
  • Cultura do cancelamento: prática de atacar publicamente uma pessoa nas redes, muitas vezes sem provas, o que pode causar danos emocionais e limitar o diálogo respeitoso.
  • Fake news: notícias falsas divulgadas com a intenção de enganar, manipular ou causar medo, muitas vezes com manchetes exageradas para chamar atenção.

Impactos do uso das telas

Segundo a psiquiatra e coordenadora do  Serviço de Psiquiatria do Hospital Pequeno Príncipe, Luciana Gusmão Abreu, as pesquisas têm mostrado que, quanto maior o tempo de tela, maior a vulnerabilidade ao desenvolvimento de transtornos mentais. Isso afeta diretamente o bem-estar emocional. Inclusive, há estudos que apontam uma redução no QI médio dessa nova geração – sendo essa a primeira geração com QI inferior às anteriores – possivelmente pela substituição de vivências reais por estímulos digitais.

Quando crianças e adolescentes passam muito tempo conectados, deixam de vivenciar experiências essenciais à construção de habilidades sociais e emocionais, que só se desenvolvem na convivência e nas interações do mundo real. E o tempo para adquirir essas habilidades é limitado – existe uma janela de desenvolvimento que precisa ser respeitada.

Soma-se a isso o impacto fisiológico da luz azul das telas, que inibe a produção de melatonina – hormônio essencial para o sono –, prejudicando a qualidade do descanso. Outro ponto importante é o sentimento de solidão, que, além de afetar o emocional, aumenta o risco de doenças cardiovasculares e mortalidade. Ainda mais, crianças e adolescentes com menor socialização também adquirem menos habilidades para lidar com a vida adulta.

Sinais de alerta e como acolher crianças e adolescentes

Apesar de serem considerados “nativos digitais”, os jovens ainda não desenvolveram plenamente as competências digitais e socioemocionais necessárias para lidar de forma segura e crítica com o ambiente on-line. Por isso, a mediação de adultos – pais, cuidadores, educadores e profissionais da saúde – é considerada essencial.

Muitos jovens, ao se depararem com situações de risco na internet, têm receio de compartilhar o ocorrido com adultos. O medo de julgamentos ou punições, como a proibição do uso das tecnologias, acaba levando ao silêncio. Diante disso, as especialistas reforçam a importância de criar um vínculo de confiança. Ou seja, escutar com empatia, conhecer os influenciadores que são acompanhados, entender os conteúdos consumidos e as plataformas utilizadas, essas são atitudes fundamentais para fortalecer o diálogo.

Além do acolhimento, é preciso estar atento a sinais de alerta do uso excessivo de telas e de possíveis ocorrências de violência digital contra crianças. Ao identificar essas mudanças comportamentais, é necessário buscar ajuda especializada. Entre os sinais mais comuns estão:

  • agressividade e irritabilidade;
  • isolamento social e perda de interesse por atividades que antes eram prazerosas;
  • incapacidade de ficar longe do celular;
  • atraso na linguagem ou em marcos do desenvolvimento;
  • dificuldades escolares, especialmente de atenção e concentração;
  • sintomas de ansiedade e depressão.

Como agir no caso de violência digital contra crianças e adolescentes?

Algumas dicas práticas para situações de violência digital contra crianças e adolescentes:

  1. Não responder às ameaças. Isso pode aumentar os riscos.
  2. Reportar conteúdos violentos ou inapropriados.
  3. Registrar todas as provas: capturas de tela, URLs, mensagens, e-mails.
  4. Bloquear e denunciar o perfil agressor após salvar as evidências.
  5. Ensinar como utilizar ferramentas de denúncia nas plataformas.
  6. Estabelecer limites para o uso das tecnologias, com temporizadores e bloqueio de notificações excessivas.

Ferramentas de proteção

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