Transtorno de personalidade borderline: o que é e como identificar

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O que é e como identificar o transtorno de personalidade borderline?

Conheça os sintomas, as causas e a importância da psicoterapia como forma de tratamento
22/02/2024
transtorno de personalidade borderline
A psicoterapia é fundamental para o tratamento do transtorno de personalidade borderline.

O transtorno de personalidade borderline (TPB) é caracterizado pela instabilidade de humor, relacionamentos e comportamentos. A estimativa é de que uma em cada cem pessoas conviva com o transtorno, segundo a organização Mental Health and Money Advice, do Reino Unido. Por ser difícil de identificar em crianças e adolescentes, o diagnóstico geralmente só ocorre após os 18 anos de idade e é mais comum em meninas.

A psiquiatra Luciana Gusmão Abreu, do Hospital Pequeno Príncipe, explica que pacientes com TPB possuem um pensamento distorcido da realidade. “A interpretação equivocada do relacionamento ou da situação em que está envolvido leva a comportamentos desproporcionais. Os sentimentos de vazio, solidão e rejeição são fatores que influenciam as tentativas de suicídio e automutilação. Essa é a saída que encontram, mesmo que disfuncional, para evitar a dor, o sofrimento e o abandono”, pontua.

Sinais do transtorno de personalidade borderline

Como ocorre em grande parte dos transtornos de personalidade, os sinais do borderline podem variar, mas na maioria dos casos incluem:

  • comportamento constante de raiva;
  • instabilidade emocional;
  • crises de identidade, como autoimagem, autoestima, sexualidade, gostos e valores instáveis;
  • impulsividade em determinadas áreas, como gastos financeiros, sexo, drogas, álcool, vícios e comida;
  • sentimento de vazio;
  • dificuldades para lidar com a rejeição e abandono;
  • baixa tolerância à frustração;
  • tentativas ou ameaças de suicídio e automutilação;
  • relacionamentos instáveis e intensos.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico é complexo e demorado, porque alguns sintomas podem ser pertinentes à fase de desenvolvimento da criança. Ou seja, é importante levar em consideração que se trata de um cérebro que está em constante mudança. Por isso, o diagnóstico deve ser fechado após os 18 anos. Porém, isso não impede que os sintomas sejam identificados para que se possa intervir.

“Pacientes com diagnóstico e início do tratamento precoce podem ter até 74% de chance de remissão da doença [período em que o transtorno permanece controlado]”, destaca a psiquiatra. O borderline pode vir acompanhado de outras comorbidades, como depressão e ansiedade, além de ser frequentemente confundido com transtorno bipolar e esquizofrenia.

Diferentemente de outros transtornos, o borderline não tem a medicação como principal tratamento, mas a psicoterapia – com exceção de casos em que o TPB está associado a outros transtornos. “A medicação alivia os sintomas sentidos pelo paciente, mas não tem o efeito de cura. Pois ele é caracterizado por pensamentos e um padrão de comportamento já instalado, e o remédio não vai ter efeito sobre isso”, diz Luciana.

A família exerce um papel importante no momento do diagnóstico e é incentivada a participar de grupos de apoio, para que ofereça o melhor suporte possível ao paciente com borderline. O tratamento adequado e o acompanhamento de um profissional qualificado garantem qualidade de vida à pessoa com TPB.

transtorno de personalidade borderline
O acolhimento é a principal forma de dar suporte aos pacientes.

Acolhimento e suporte

O acolhimento é a principal forma de dar suporte aos pacientes com transtorno de personalidade borderline. “Ainda que os pais ou responsáveis se deparem com manipulações dos borderlines [como também são chamados os pacientes], é preciso entender que ali há muito sofrimento. Mas sem deixar a firmeza e a imposição de limites. Não é porque o paciente não tolera frustração que deve ser poupado disso; pelo contrário, os pais e responsáveis podem ajudá-lo a lidar com essa decepção de uma forma funcional”, salienta a especialista.

A recomendação dos profissionais é que o paciente mantenha uma rotina de sono, alimentação e momentos de lazer, como a prática de atividades físicas, hobbies e convívio social e familiar. Ainda que exista estigma em torno dos transtornos psiquiátricos, é importante ressaltar que as pessoas com transtorno de personalidade borderline são totalmente capazes de manter relações sociais, estudar, trabalhar e realizar suas atividades de rotina.

Serviço de Psiquiatria

O Serviço de Psiquiatria do Hospital Pequeno Príncipe atende crianças e adolescentes internadas em outras especialidades pediátricas e que necessitem de avaliação e atenção psiquiátricas. Cerca de 15% da população infantojuvenil é acometida por transtornos psiquiátricos em todo o mundo.  Isso exige uma abordagem terapêutica ampla, com cuidados redobrados de equipes interdisciplinares.

O Pequeno Príncipe é signatário do Pacto Global desde 2019. A iniciativa presente nesse conteúdo contribui para o alcance do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS): Saúde e Bem-Estar (ODS 3).

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