Acompanhe os conteúdos também nas redes sociais do Pequeno Príncipe e fique por dentro de informações de qualidade – Facebook, Instagram, Twitter, LinkedIn e YouTube
Referência nacional em TMO, Pequeno Príncipe realiza procedimentos com doadores parcialmente compatíveis
Quando o transplante de medula óssea (TMO) começou a ser realizado no mundo, o principal desafio das equipes médicas era encontrar doadores compatíveis. Com o passar dos anos, e com o uso de bancos nacionais e internacionais, a dificuldade mudou. Hoje em dia, o obstáculo é a representatividade de algumas etnias – como a negra, asiática e indígena – nos bancos.
“Quando começamos a fazer transplante, o paciente precisava ter um irmão totalmente compatível. Com o aumento do número de doadores nos bancos, conseguimos encontrar doadores para pessoas que não tinham essa possibilidade dentro da família. Mas agora o desafio é que alguns pacientes, principalmente aqueles de minorias étnicas, não estão bem representados”, conta a médica-chefe do Serviço de TMO do Hospital Pequeno Príncipe, Carmem Bonfim.
Buscando entregar o melhor atendimento para crianças e adolescentes, desde 2014 o Pequeno Príncipe realiza o procedimento utilizando doadores parcialmente compatíveis. Esse tipo de transplante é chamado de haploidêntico e é possível entre mãe, pai, irmãos e outros familiares. Ele é uma alternativa para pacientes que não encontram um doador 100% compatível na família ou em bancos nacionais e internacionais.
De acordo com dados do Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome), cerca de 21 mil pessoas da raça indígena estão dispostas a doar a medula. Comparado com a raça branca – que registra mais de dois milhões de cadastros –, o número é extremamente pequeno. “A boa notícia é que, se o paciente não tem um doador totalmente compatível, nós podemos procurar um doador metade só compatível na família ou nos bancos”, explica a médica.
A importância do transplante
Um exemplo de sucesso na busca por um doador é Angélica Andrade, de 8 anos, moradora de Ouro Verde do Oeste, no Paraná, que chegou ao Hospital Pequeno Príncipe com diagnóstico de leucemia e precisava realizar um transplante de medula óssea. Ela tinha feito sessões de quimioterapia e radioterapia, mas sem sucesso. Assim, o transplante passou a ser a alternativa que significava a cura de sua doença. “A quimioterapia deixava a imunidade dela muito baixa. Ela precisava fazer transfusões de sangue e plaquetas, não conseguia se alimentar e foi perdendo os movimentos das pernas. Ela fez vários tipos de tratamento, mas não zerou a doença. Então, a última saída foi fazer o transplante”, relata Luciane Alves Teixeira, responsável por acompanhar a criança no tratamento.
Para muitos pacientes o TMO é visto como uma chance de viver. “Essas células são capazes de recuperar toda a função do sangue do paciente, inclusive o sistema imunológico”, frisa a médica. Foi o que aconteceu com a Angélica depois que “a medula pegou” – expressão usada quando o tecido consegue produzir células do sangue em quantidades suficientes. Mas foram 21 dias intensos até a recuperação da medula. Nesse tempo, a menina foi para a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), fez hemodiálise e realizou transfusões de sangue. “Foi uma vitória muito grande quando recebemos a notícia que a medula óssea tinha pego. A Angélica é um verdadeiro milagre”, relembra Luciane. Hoje, com 10 anos, a menina esbanja saúde e volta ao Pequeno Príncipe apenas para consultas de rotina.
- Em vídeo emocionante, Angélica conhece seu doador de medula:
Serviço de TMO do Hospital Pequeno Príncipe
O transplante de células-tronco hematopoiéticas (também conhecido como transplante de medula óssea) é um tratamento proposto para várias doenças malignas e não malignas. O procedimento permite que médicos substituam a medula óssea doente por células-tronco sadias de um doador compatível. “Estas células podem ser encontradas na medula óssea, no sangue de cordão umbilical ou no sangue periférico. E, muitas vezes, dentro das células-tronco existem células que produzem enzimas que vão corrigir algumas das doenças neurológicas raras”, esclarece Carmem Bonfim. O transplante é indicado para leucemia, linfomas e tumores sólidos, além de doenças não malignas, como anemia falciforme, talassemia, aplasia de medula, erros inatos do metabolismo e erros inatos da imunidade.
O Serviço de TMO foi inaugurado no Hospital com três leitos, em 2011, pelo médico Eurípides Ferreira. O hematologista foi um grande pioneiro na América Latina e realizou o primeiro transplante de medula óssea em 1979. Nesse período, o número de leitos aumentou de três para dez, e o serviço se tornou um dos maiores centros de transplantes pediátricos da América Latina, principalmente na área de transplantes nas doenças raras e nas leucemias agudas, proporcionando assim um tratamento humanizado e de qualidade a um número maior de crianças e adolescentes.
Até dezembro de 2021, foram realizados 357 transplantes de células-tronco hematopoiéticas – 74 apenas no ano passado. O fato de o Pequeno Príncipe oferecer 35 especialidades e ter equipes multidisciplinares também é determinante para as conquistas destes 11 anos. Nele, o atendimento é realizado por médicos com formação em transplante pediátrico que recebem suporte diário de outras especialidades, como infectologistas, hemoterapeutas e nefrologistas. “Ter um setor tão importante como esse também ajuda a alavancar outras áreas do Hospital, proporcionando melhorias em outros setores, e assim conseguimos oferecer um tratamento de qualidade para as crianças e adolescentes”, detalha a oncologista pediátrica Cilmara Kuwahara, do Serviço de TMO.
Anualmente, o Hospital recebe, aproximadamente, cem novos casos de crianças com câncer vindas de todo o país. O tratamento é disponibilizado a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), particulares e de convênios.