Setembro Amarelo: o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio requer uma atenção especial à infância e à adolescência
Neste 10 de setembro, Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, é preciso um olhar sensível dos pais, cuidadores, escolas e de toda sociedade sobre o tema. Dados recentes divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) reforçam a importância de uma discussão maior em torno do assunto.
De acordo com a entidade, o suicídio é, atualmente, a terceira causa de morte de jovens de 15 a 19 anos no Brasil. Na visão dos especialistas, várias questões colaboram com essas estatísticas: bullying, violências e até situações cotidianas que influenciam a autoestima de meninos e meninas. Nesse contexto, jogos virtuais como o da Baleia Azul podem se tornar realmente perigosos nesse processo.
Por essas e outras razões, a campanha mundial Setembro Amarelo, que tem por objetivo a prevenção ao suicídio, reforça cuidados como a atenção à depressão, que é uma doença grave. Ainda na infância, a exposição a níveis de estresse muito elevados e os inúmeros estímulos recebidos muitas vezes prejudicam o desenvolvimento da criança. Por serem incapazes de lidar com essas situações, faz-se necessária nessa fase a participação dos responsáveis, que podem ajudá-la a superar inúmeros obstáculos, já que a capacidade de enfrentamento só aumenta com as experiências vividas e com a maturidade emocional adquirida com o tempo.
Com esse apoio, esses garotos e garotas terão mais facilidade para se adaptar às mudanças características da idade. “A criança que recebeu orientações adequadas se transforma em um jovem que conhece suas competências e limitações, que sabe se proteger e diferenciar o que lhe serve do que não lhe serve”, explica a coordenadora do Setor de Psicologia do Hospital Pequeno Príncipe, Ângela Bley.
Os adolescentes necessitam de regras, normas, limites, valores e princípios que norteiem suas condutas. “Dos 16 aos 21 anos, a região pré-frontal do cérebro está em processo de amadurecimento.
Porém, isso não ocorre de forma homogênea. Logo, as possibilidades de conter impulsos, de refletir antes de agir e de fazer escolhas ainda estão sendo desenvolvidas”, destaca a neurologista pediátrica da instituição, Mara Lúcia Santos. Por isso, a presença e orientação dos pais ou cuidadores é tão importante.
Assumir uma condição de liberdade supervisionada e estabelecer limites saudáveis, nesse contexto, é imprescindível. “Os adolescentes precisam de proteção, pois ainda não se desenvolveram o suficiente para conseguirem tomar conta de si. Eles irão descobrir como lidar com as coisas pela experiência, mas precisam ser acompanhados de perto por seus pais”, afirma a psiquiatra do Hospital Pequeno Príncipe, Maria Carolina Serafim.
Sinais
Se a ideia é a prevenção, é importante saber diferenciar reações de adolescentes que podem ser consideradas normais de sinais de alerta para algo mais sério. No livro “Crise Suicida”, o psiquitatra Neury José Botega destaca alguns pontos: afastamento da família e dos amigos; mudanças marcantes na personalidade ou nos hábitos; comportamento ansioso, agitado ou deprimido; piora no desempenho escolar; comentários negativos em relação ao futuro (desesperança); descuido com a aparência; comentários sobre morte, sobre pessoas que morreram e interesse por essa temática; e outras atitudes não perceptíveis anteriormente.
Diante da observação desses sinais de alerta é fundamental procurar um profissional especializado com urgência. Além disso, também é possível entrar em contato pelo 141 com o Centro de Valorização da Vida (CVV), que oferece apoio emocional e prevenção ao suicídio – sob total sigilo, 24 horas por dia – por telefone, e-mail, chat e Skype.
Da superação dos conflitos na adolescência surge o jovem adulto, preparado para os papéis sociais que o esperam. Para isso, algumas atitudes de estímulo devem ser adotadas ainda na fase da juventude. Saiba mais:
– Dar afeto: as trocas afetivas familiares e também aquelas que fogem desse contexto são muito importantes na adolescência. São a partir dessas relações que o jovem desenvolve sua identidade.
– Valorizar o adolescente: isso potencializa no jovem a possibilidade de transformar as dificuldades ou adversidades em desafios e enfrentá-los.
– Estabelecer limites: uma postura permissiva demais faz com que os adolescentes se sintam inseguros e desorientados, sem um modelo para se identificarem. Por isso, é importante, desde a infância, estabelecer limites saudáveis.
– Estimular a autoestima: esse é um fator de proteção importante na adolescência.