Enzo Eliseu chegou ao Hospital Pequeno Príncipe em 2015 com apenas 2 meses de vida, pesando menos de dois quilos. Apesar da pouca idade, o menino já travava uma longa batalha pela vida. Nascido em Belém do Pará, Enzo havia sido encaminhado para atendimento em um hospital de São Paulo. Porém, com o diagnóstico de uma doença rara, foi encaminhado para o Pequeno Príncipe em busca do único tratamento que poderia restaurar a sua saúde: um transplante de medula óssea.
O transplante de Enzo é um dos 303 procedimentos realizados pelo Serviço de TMO do Pequeno Príncipe, que celebra dez anos em 2021. “Nesse período, nos tornamos um dos maiores centros de transplante pediátrico da América Latina, principalmente na área de transplantes alogênicos [quando as células transplantadas vêm de outro doador]”, conta a médica-chefe do serviço, Carmem Maria Sales Bonfim.
O transplante foi um sucesso, e o menino, hoje com 5 anos, conseguiu superar a grave desnutrição que ameaçava a sua vida, bem como a doença rara. “O Enzo só está aqui porque a equipe do Pequeno Príncipe se doou integralmente a ele. Eles são anjos na nossa vida”, declara a mãe, emocionada, Marcilene Oliveira Silva.
Desafios e conquistas
Encontrar um doador compatível é um dos grandes desafios para realizar um TMO. Como a população brasileira é altamente miscigenada, as chances de conseguir um doador 100% compatível na família é de apenas 25%.
“No Pequeno Príncipe temos uma pessoa exclusivamente dedicada a esta busca. Ela pode identificar rapidamente as chances que um determinado paciente tem para encontrar um doador nos bancos nacionais ou internacionais. Se esta chance for pequena ou a disponibilidade do doador não for imediata, temos experiência para prosseguir com outros tipos de doadores, como, por exemplo, doadores haploidênticos [quando a compatibilidade não é de 100%] identificados dentro da própria família, como foi o caso do Enzo”, explica a médica.
Doenças raras
Outro grande diferencial, segundo a médica, Carmem, é o atendimento a crianças de pouca idade e a crianças com doenças raras. Este foi o caso do pequeno Henry. O garoto nasceu com a mesma doença rara do irmão. Como havia chances de ele ter o mesmo diagnóstico, sua mãe, Kelly Akemi Bueno, foi acompanhada durante toda a gravidez.
A família foi integrada a um projeto do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe que investiga as doenças raras. Com isso, o diagnóstico do garoto foi fechado no seu primeiro dia de vida e imediatamente ele começou a receber os cuidados necessários. Ao completar 2 meses, ele foi submetido ao TMO e está tendo a oportunidade de crescer e se desenvolver de forma saudável. “O diagnóstico precoce, que foi possível por meio da pesquisa, e a excelência da equipe do TMO fizeram toda a diferença na vida do meu filho mais novo”, declara a mãe. De todos os transplantes realizados nestes dez anos, 26% foram em crianças com idade abaixo de 3 anos.
Equipe multidisciplinar
O fato de ser um hospital que oferece 32 especialidades e conta com equipes multidisciplinares também é determinante para o sucesso do Serviço de TMO do Pequeno Príncipe. O atendimento é realizado por médicos com formação em transplante pediátrico, que recebem o suporte diário de profissionais de outras especialidades, como infectologistas, intensivistas, nefrologistas, cardiologistas, neurologistas, endocrinologistas, dermatologistas e hemoterapeuta. O trabalho é realizado em conjunto com uma equipe multidisciplinar, formada por psicólogos, nutricionistas, assistentes sociais, fisioterapeutas, dentistas e farmacêuticos.
O serviço também atua em parceria com as unidades de terapia intensiva do Pequeno Príncipe, o Laboratório Genômico e o Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe, por exemplo. Esse trabalho em equipe garante um atendimento de excelência e faz toda a diferença no tratamento dos pacientes e nos resultados dos transplantes.
Planos futuros
O Serviço de TMO do Pequeno Príncipeiniciou sua história no Setor de Oncologia e foi implantado em abril de 2011, inicialmente com três leitos. Um sonho realizado em parceria com o médico Eurípides Ferreira. O hematologista foi pioneiro no Brasil ao realizar o transplante de medula óssea (TMO), nos anos 1970.
Em 2016, o TMO foi ampliado, passando a ter dez leitos e proporcionando a um número maior de crianças e adolescentes um tratamento humanizado e de qualidade, referência no país.
Em 2021, o objetivo é inaugurar mais dois leitos. “Com esta nova ampliação, acreditamos que poderemos transplantar mais dez pacientes por ano”, planeja a médica Carmem. Em 2020, mesmo com a pandemia do coronavírus, o serviço realizou 61 transplantes.
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