O Hospital Pequeno Príncipe reforça a importância da detecção dos sinais de alerta
Existem mais de 300 tipos de imunodeficiências primárias (IDP) – defeitos genéticos que afetam o sistema imunológico, provocando constantes infecções. No Brasil, estima-se que 170 mil pessoas tenham a doença. Porém, o Registro Latino-Americano de Imunodeficiências Primárias tem informação de apenas 1.500 pacientes brasileiros diagnosticados e registrados. Por conta disso, na Semana Mundial de Imunodeficiências Primárias, celebrada de 22 a 29 de abril, o alerta para o diagnóstico precoce ganha força.
A estimativa no mundo é de uma criança para cada oito mil nascidas vivas com IDP, porém, de 70% a 90% permanecem sem diagnóstico. A médica imunologista do Hospital Pequeno Príncipe, Carolina Prando, ressalta que a descoberta da doença ainda é lenta e demora, em média, de sete a dez anos. “Por serem de origem genética, as imunodeficiências primárias podem estar nas famílias há várias gerações. Por isso, a notícia do diagnóstico é um alívio para que se possa buscar um tratamento dirigido”, destaca a especialista.

Diagnóstico
Quanto antes é feito o diagnóstico, maiores são as chances de um tratamento dirigido que aumente a qualidade e expectativa de vida do paciente. “Se a criança tem uma imunodeficiência primária, ela corre o risco de fazer infecções de repetições, possui predisposição para determinados tipos de cânceres e pode desenvolver doenças autoimunes ou autoinflamatórias. Em quadros mais graves, as infecções podem até levar à morte nos primeiros anos de vida”, ressalta a médica.
Tratamento
Varia de acordo com o tipo e a gravidade da doença. Cerca de 50% dos pacientes teriam de fazer a infusão periódica de imunoglobulina, que oferece anticorpos e protege de muitas infecções.
Sinais de alerta
Além dos profissionais de saúde, os pais também têm o papel fundamental para identificar a doença cedo. Por isso, é imprescindível a atenção para alguns sinais. Caso a criança ou adolescente apresente dois ou mais desses sinais, é importante que seja encaminhado para um médico imunologista:
- Quatro ou mais otites no último ano.
- Duas ou mais pneumonias no último ano.
- Estomatites de repetição ou sapinhos na boca por mais de dois meses.
- Abscessos de pele ou órgãos internos.
- Um episódio de infecção grave (meningite, infecção nos ossos, infecção generalizada).
- Infecções intestinais de repetição/diarreia crônica.
- Asma grave ou doença autoimune.
- Efeito adverso à BCG e/ou infecção por micobactéria.
- Infecções de difícil tratamento, que precisam de internamento para uso de antibióticos pela veia.
- História de imunodeficiência primária ou de infecções de repetição na família.
(Informações adaptadas de materiais da Fundação Jeffrey Modell, Cruz Vermelha Americana e Grupo Brasileiro de Imunodeficiências Primárias)

Serviço de Imunologia do Pequeno Príncipe
Desde 2012, o Pequeno Príncipe oferece atendimento para crianças e adolescentes com deficiência congênita no sistema imunológico. O Ambulatório de Imunologia atende pacientes encaminhados pelos médicos do Hospital, sendo pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ou Convênios. A instituição realiza também o projeto 150 Mil Chances de Vida, que oferece testes para diagnóstico precoce de imunodeficiências primárias por deficiência de linfócitos T ou B.