Evento on-line apresenta o presente e o futuro das imunodeficiências primárias
O Complexo Pequeno Príncipe participa desde 2014 da Semana Mundial das Imunodeficiências Primárias (WPIW). Neste ano, a instituição promoveu um evento internacional on-line para marcar a data. Durante a programação do webinar, realizado nessa quarta-feira, dia 28, foi apresentado o trabalho do Grupo Clínico e de Pesquisa em Erros Inatos da Imunidade e do Serviço de Transplante de Medula Óssea (TMO), ambos do Hospital Pequeno Príncipe, e o que há de mais atual para o tratamento desse grupo de doenças, como o transplante de timo e a terapia gênica, apresentados por médicas pesquisadoras do Great Ormond Street Hospital for Children e da University College London.
Na abertura do evento, a diretora executiva do Hospital Pequeno Príncipe, Ety Cristina Forte Carneiro, salientou a importância da troca de experiências. “Compartilharmos ciência é sempre tão importante, ainda mais neste momento que a humanidade está passando. Além disso, precisamos compartilhar esperança”, afirmou ela, que também é diretora-geral do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe.
“Somos uma organização que tem muitos sonhadores e pessoas muito preparadas para a ciência e a medicina. Procuramos trazer para a nossa instituição o melhor que podemos proporcionar aos nossos pacientes, para alcançar a cura para essas doenças e oferecer melhor qualidade de vida às crianças, por meio de novas tecnologias”, completou o diretor corporativo do Complexo Pequeno Príncipe, José Álvaro da Silva Carneiro.
Serviço de referência
A construção de um serviço de referência em Erros Inatos da Imunidade, no âmbito clínico e de pesquisa, foi o tema da palestra da médica imunologista do Hospital e diretora de Medicina Translacional do Instituto de Pesquisa, Carolina Prando. “No Pequeno Príncipe, encontramos o ambiente ideal para trabalharmos a questão do ensino, da assistência e da pesquisa nesse grupo de doenças”, disse.
São atendidas no Hospital crianças que chegam a viajar mais de três mil quilômetros até Curitiba para diagnóstico e tratamento. “Isso traz uma grande responsabilidade para nós”, pontuou Carolina. O serviço também atende pacientes encaminhados internamente por outras especialidades e realiza estudos científicos no Instituto de Pesquisa, entre outras atividades.
Os Erros Inatos da Imunidade são formados por mais de 400 doenças diferentes, e para algumas delas, como no caso da Imunodeficiência Combinada Grave (SCID), o transplante de medula óssea é o tratamento que pode levar à cura. Esse tratamento também é realizado no Hospital Pequeno Príncipe. “Por meio do transplante, fazemos a administração de células hematopoiéticas sadias dentro da medula óssea disfuncional ou depletada. Essas células, que derivam da medula óssea, do sangue periférico ou de cordão umbilical, conseguem formar um novo sistema imunológico a partir dessa infusão da medula óssea”, explicou a médica Gisele Loth, do Serviço de TMO do Hospital.
Experiências internacionais
A programação do webinar também incluiu a apresentação dos resultados de pesquisas de ponta sobre Erros Inatos da Imunidade realizadas no Departamento de Imunologia do Great Ormond Street Hospital for Children e na University College London, na Inglaterra. A aplicação prática dessas pesquisas sobre o transplante de timo e a terapia gênica – procedimentos que ainda são inéditos no Brasil – também foi abordada.
“O transplante de timo tem sido utilizado no tratamento da Síndrome DiGeorge [um distúrbio que afeta o amadurecimento dos linfócitos T no timo e que resulta no desenvolvimento inadequado de vários sistemas do corpo]. Sem diagnóstico e tratamento, os pacientes acabam morrendo antes dos 2 anos de idade. Mas com o transplante – que já foi realizado em 50 pacientes, desde 2009 –, a sobrevida tem sido de 75%”, observou a médica Alexandra Kreins.
Já a médica Kritika Chetty destacou os resultados promissores da terapia gênica no tratamento de vários Erros Inatos da Imunidade, como no caso da SCID. Por meio da terapia gênica, é feita a inserção de genes sadios nas células e tecidos do paciente. “Com essa terapia, pacientes mais velhos também têm sido tratados com sucesso. Esses tratamentos transformam a vida das crianças, que podem ter uma vida normal agora”, concluiu.