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Doenças gastrointestinais: veja as mais comuns por faixa etária
A saúde e a qualidade de vida de uma pessoa estão relacionadas ao trato gastrointestinal, que tem influência sobre comportamentos, emoções e sono. Não é à toa que o intestino é chamado de segundo cérebro. O bom funcionamento dele garante uma infância e adolescência com disposição e crescimento saudáveis. Alguns problemas do trato digestório são mais comuns em determinadas faixas etárias. Neste Dia Mundial da Saúde Digestiva, lembrado em 29 de maio, o gastroenterologista pediátrico Mário Vieira, chefe do Serviço de Gastroenterologia Pediátrica do Hospital Pequeno Príncipe, cita algumas doenças gastrointestinais mais comuns em crianças e adolescentes. Confira!
De 0 a 3 anos:
– Regurgitação ou refluxo gastroesofágico: é considerada uma ação involuntária e natural do organismo, de colocar para fora o que acabou de engolir, de forma natural e sem incômodos. É frequente em bebês recém-nascidos, podendo ocorrer várias vezes por dia.
“O bebê saudável pode regurgitar várias vezes no dia sem que isso indique alguma doença. Então, nosso papel como especialista é justamente identificar se é um problema real, como a doença do refluxo gastroesofágico, ou uma situação fisiológica que o bebê apresenta”, explica o médico.
Quando, além da regurgitação, há sintomas associados como perda ou ganho insatisfatório de peso, problemas no trato respiratório e recusa alimentar, pode ser necessária investigação especializada para se identificar se há doença do refluxo gastroesofágico.
– Cólica: no lactente, é definida quando há irritabilidade e choro que começa e termina sem causa aparente, com duração de cerca de três horas por dia, ao menos três dias por semana, por mais de uma semana, e quando não há sinais de comprometimento do desenvolvimento.
“Neste caso, também é importante a avaliação de um médico especialista para avaliar se a cólica é normal, fisiológica ou se é decorrente de alguma doença”, alerta Vieira.
– Alergia alimentar: é uma reação adversa que ocorre quando o sistema imunológico considera uma determinada substância de um alimento – como o leite de vaca, soja, trigo e ovo – como um agente estranho. Os sintomas podem surgir na pele, no sistema respiratório ou gastrointestinal. Na dependência do segmento do trato digestório envolvido, as manifestações podem incluir dificuldades alimentares, engasgos, vômitos, alterações na frequência de evacuações ou até mesmo sangramento nas fezes.
De 4 a 7 anos:
– Constipação intestinal: conhecido também como prisão de ventre ou intestino preso, o problema é caracterizado por um esforço ou dificuldade para evacuar, além de retenção anormal de fezes. De modo geral, tem início no primeiro ano e pode perdurar até a vida adulta.
“Na maioria dos casos, a constipação é funcional e está relacionada a dieta inadequada. Em outros casos, há uma pressa no momento de retirar a fralda, que pode fazer com que a criança tenha receio ou medo de evacuar, levando a um círculo vicioso de retenção de fezes”, observa o médico.
– Diarreia crônica: alteração prolongada (mais de 30 a 90 dias) na consistência das fezes, as quais podem ficar líquidas ou amolecidas e vir acompanhadas de um aumento da frequência das evacuações. Se houver comprometimento do crescimento e/ou ganho de peso e/ou alterações ao exame físico, pode ser que haja má absorção intestinal.
“As alterações na consistência das fezes e frequência das evacuações podem ser provocadas por simples erros alimentares, como o excesso de guloseimas ou alimentos fermentativos. No entanto, pode haver alguma enfermidade que leve à diarreia crônica, como doenças inflamatórias intestinais, doenças do pâncreas e das vias biliares, alergias ou intolerâncias alimentares, e para isso é necessário uma avaliação clínica”, argumenta Vieira.
De 7 anos em diante:
– Dor abdominal crônica: um problema clínico comum na infância e adolescência, que é caracterizado pelo quadro de desconforto abdominal com duração maior que três meses. Usualmente, a DAC é funcional, ou seja, não é secundária de alguma doença orgânica.
– Doença do refluxo gastroesofágico é caracterizada pelo retorno do ácido do estômago ou da bile para o esôfago, causando náuseas, regurgitação ou vômitos. Nessa idade, as crianças já expressam os sintomas como azia, queimação e dor no peito.
– Constipação intestinal: de acordo com descrição acima.
Cuidados
Entre os cuidados para evitar ou amenizar algum desconforto gastrointestinal está a alimentação, que deve ser saudável e adequada para cada idade. No primeiro ano de vida, o aleitamento materno é indispensável e deve ser exclusivo nos primeiros seis meses. Durante a introdução alimentar – e para o resto da vida – é imprescindível o consumo de frutas, legumes e verduras. “De forma geral, é importante descascar mais e desembalar menos. Essa é uma regra importante para uma alimentação adequada e saudável”, pontua o especialista.
O médico Mário Vieira ressalta que os sintomas devem sempre ser avaliados por um pediatra. “Algumas doenças gastrointestinais podem se manifestar com alguns desses sintomas, por isso é importante uma avaliação clínica, e em alguns casos podem ser necessários alguns exames complementares”, finaliza.
Serviço de Gastroenterologia Pediátrica
O Serviço de Gastroenterologia Pediátrica do Hospital Pequeno Príncipe é o mais importante do Paraná e está entre os principais serviços de gastroenterologia pediátrica do país. A especialidade é dirigida ao estudo, à prevenção e ao tratamento clínico das doenças do aparelho digestório em crianças e adolescentes. O trato digestório inclui diversos órgãos, como boca, esôfago, estômago, vesícula biliar, pâncreas, fígado, intestino delgado e intestino grosso.