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Como saber se o meu filho tem dislexia?
A dislexia é um transtorno neurobiológico da aprendizagem caracterizado por uma dificuldade de aprender a ler, sem que haja qualquer outra alteração física, neurológica, visual, auditiva ou emocional que justifique esse problema. É considerada o distúrbio de maior incidência nas salas de aula e atinge de 5% a 17% da população mundial, de acordo com a Associação Brasileira de Dislexia (ABD).
Neste Dia Nacional de Atenção à Dislexia, o Hospital Pequeno Príncipe reforça a importância de identificar o distúrbio precocemente, acolher e propiciar o tratamento correto para melhor qualidade de vida da criança e do adolescente. “O diagnóstico em tempo adequado e com intervenções precoces permite uma melhora significativa dos sintomas e previne consequências como baixa autoestima, ansiedade, depressão e até evasão escolar”, salienta o neurologista pediátrico Anderson Nitsche, do Hospital Pequeno Príncipe.
Segundo o especialista, existem dois tipos de dislexia, que podem ser classificados em leves, moderados ou graves. Na via de codificação fonológica, a criança tem dificuldade em analisar os sons da linguagem humana e identificá-los no que está escrito. Já na via de codificação visual, o impasse está em compreender os símbolos de linguagem, chamados grafemas, e os transformar em uma informação concreta.
Causas da dislexia
No Brasil, cerca de 80% dos casos são hereditários, segundo a ABD, e não existe ainda uma causa para as diferenças no cérebro das pessoas com dislexia. Entretanto, um estudo recente da Universidade de Edimburgo, na Escócia, descobriu 42 variantes genéticas associadas ao transtorno de neurodesenvolvimento.
“Os sintomas da dislexia surgem conforme as conexões cerebrais se desenvolvem nos primeiros anos de vida de uma pessoa. Ela é causada por múltiplos fatores, mas tem uma forte predisposição genética”, complementa o especialista. Em alguns casos, a dislexia pode ser adquirida após algum trauma, lesão ou acidente vascular cerebral (AVC).
Tratamento da dislexia
A dislexia ainda não tem cura. Mas com o tratamento e intervenção adequados e precoces é possível que o paciente leve uma vida de qualidade, com uma melhora significativa do transtorno. De acordo com o neurologista pediátrico, os casos são avaliados e acompanhados por uma equipe multidisciplinar, que inclui um médico, neurologista, psiquiatra, fonoaudiólogo, pedagogo e psicólogo.
Apesar das limitações, a pessoa com dislexia é capaz de desenvolver habilidades a partir dos estímulos realizados. “Por meio de um treinamento auditivo adequado com fonoaudiólogo, adaptações pedagógicas no ensino e avaliação e identificação de comorbidades como o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), é possível observarmos uma melhora no comprometimento da leitura e expressão escrita”, finaliza o médico.
Serviço de Neurologia
O Serviço de Neurologia do Hospital Pequeno Príncipe é considerado um dos mais completos na área da pediatria. É formado pelo Ambulatório de Epilepsia, Ambulatório de Distúrbios de Movimento e Paralisia Cerebral, Ambulatório de Erros Inatos do Metabolismo, Ambulatório de Distúrbios de Aprendizagem e Serviço de Eletroencefalografia. Em 2021, a especialidade realizou 3.670 consultas e 1.207 internamentos.