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Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência: a participação feminina tem papel fundamental
O Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, celebrado nesta sexta-feira, dia 11, foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o objetivo de fortalecer a igualdade de direitos entre homens e mulheres no meio científico. O Pequeno Príncipe apoia e incentiva a ciência. Em sua unidade de pesquisa, no Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe, 75% são pesquisadoras, que têm um papel fundamental no combate à mortalidade infantojuvenil. Infelizmente, essa não é a realidade ao redor do mundo, onde apenas 28% dos pesquisadores são do sexo feminino, segundo dados publicados em relatório de 2021 da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
O Complexo Pequeno Príncipe, formado pelo Hospital, Faculdades e Instituto de Pesquisa, essencialmente, tem equipes com mais mulheres desde o início da sua história. “A trajetória do Pequeno Príncipe começou a partir do trabalho de um grupo de mulheres voluntárias. A dona Ety da Conceição Gonçalves Forte, a quem tenho o privilégio de chamar de mãe, é a presidente da nossa mantenedora há mais de 55 anos e trouxe um olhar de cuidado integral aos pacientes e familiares. Contamos com mais de 80% das colaboradoras mulheres e 72% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres. Trabalhamos muito para difundir conhecimento e acreditamos que é por meio de um acesso à educação eficiente que as meninas poderão ver um futuro em áreas como ciências da saúde, robótica, tecnologia, programação, engenharia, entre outras, que ainda são majoritariamente ocupadas por homens”, aponta a diretora-executiva do Hospital e diretora-geral do Instituto de Pesquisa, Ety Cristina Forte Carneiro.
A médica imunologista, pesquisadora e diretora de Medicina Translacional do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe, Carolina Prando, destaca a importância do debate sobre as mulheres na ciência. “Embora crescente, a representatividade das mulheres na ciência mundial ainda representa apenas 30% do total de cientistas. Precisamos trazer visibilidade ao trabalho das mulheres, não somente no que se refere ao levantamento de fundos para o desenvolvimento de pesquisas, mas também ações para melhorar a autoconfiança feminina, lembrando-as do quanto podem realizar.”
“Entre as mais antigas cientistas: Hypatia de Alexandria (351 a 370 a.c.) – matemática, filósofa, astrônoma –, e Julia Estradioto – estudante de escola pública, premiada aos 19 anos por criar um plástico biodegradável –, existem milhares de mulheres inteligentes e curiosas, que se dedicam à pesquisa e compõe essa ‘Constelação da Ciência’. Como estrelas, ocupam seu lugar e aprendem a brilhar. Curioso que a palavra ‘cientista’ é um substantivo de dois gêneros, não exigindo flexão para o masculino ou feminino. O cientistA e A cientistA. A única flexão importante é a nossa em reverência a todas as mulheres que fazem da sua vida a ciência e brilhantemente pesquisam como uma garota”, homenageia a assessora da diretoria, Thelma Alves de Oliveira.
De ex-paciente do Pequeno Príncipe para atuante na ciência
Aos 14 anos de idade, em 2010, Suzany Hellen Soczek foi encaminhada ao Hospital Pequeno Príncipe para tratar um cálculo renal. Na época, ela ainda não fazia ideia de que seu destino seria atuar nessa instituição. “Lembro que os profissionais me tratavam com muito respeito. Por conta de eu ser mais velha, me explicavam tudo com muita atenção. Me sentia participante do cuidado”, relembra.
Decidida, logo no primeiro ano do ensino médio, Suzany tinha a certeza de que trabalharia na área da saúde – mas sem atuar diretamente na assistência ao paciente. “Foi aí que surgiu meu sonho de fazer Biomedicina, só não tinha a dimensão das possibilidades que esse curso poderia me proporcionar”, assume. Em 2013, ela ingressou na Faculdades Pequeno Príncipe como bolsista integral e foi em contato com um professor, que também era pesquisador do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe, que viu seus olhos brilharem pela pesquisa.
Durante a graduação, Suzany teve a oportunidade de fazer iniciação científica, que possibilitou muito aprendizado e trocas entre alunos e docentes. Ao terminar a faculdade, fez mestrado, foi auxiliar de pesquisa e hoje é aluna do Doutorado de Biotecnologia da Faculdades Pequeno Príncipe, em parceria com o Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe. “Aqui é um lugar privilegiado, que temos mulheres em sua maioria. Mas, de forma geral, na grande parte dos lugares não é assim, infelizmente”, completa.
Ela reflete sobre o cenário atual. “Muita gente critica que os resultados da ciência demoram muito para sair, mas não veem que o investimento nesta área é muito baixo. A exceção foi em relação ao coronavírus, onde o mundo se mobilizou para investir na vacina, tanto financeiramente como intelectualmente. Só uma pandemia global fez com que a ciência e a pesquisa fossem vistas como importantes. Tomara que agora isso mude”, finaliza.
O Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe conta com 16 pesquisadores, e 12 deles são mulheres. Neste Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, conheça as pesquisadoras e seus principais assuntos pesquisados.
Carolina Prando – Dedica-se a desvendar a genética envolvida em uma das principais causas de mortalidade infantil, as infecções, por meio do estudo de um grupo de doenças genéticas raras conhecido como erros inatos da imunidade. Desde o início da pandemia da COVID-19, estuda também a genética de pessoas que tiveram infecção ou são resistentes ao vírus SARS-CoV-2, buscando entender por que a infecção se comporta de forma tão diversa entre as pessoas para, assim, identificar alvos ao desenvolvimento de novos tratamentos.
Carmem Bonfim – Atua em pesquisas que englobam TMO para pacientes com síndromes de falência da medula óssea hereditária e adquirida, erros inatos da imunidade e erros inatos do metabolismo. Estuda TMO de recém-nascidos com doenças genéticas e no uso de fontes alternativas de células-tronco para o TMO pediátrico (sangue de cordão e transplantes haploidênticos com ciclofosfamida pós-transplante), também no cenário internacional, especialmente em países em desenvolvimento.
Claudia Sirlene de Oliveira – Atua em pesquisas que englobam os aspectos farmacológicos e toxicológicos de elementos da tabela periódica. Os projetos visam a compreender mecanismo de ação do selênio em patologias como câncer, melasma e doença de Alzheimer; e efeito do mercúrio no desenvolvimento de doenças neurodegenerativas.
Daniele Maria Ferreira – Dedica-se a investigar o potencial de novas moléculas, principalmente isoladas de produtos naturais, para o tratamento das doenças inflamatórias intestinais, incluindo a colite ulcerativa e a mucosite intestinal induzida pelo tratamento quimioterápico antineoplásico. Além disso, devido à pandemia da COVID-19 e à demanda por tratamentos para o manejo da doença, projetos que envolvem o desenvolvimento de novas terapias para a COVID-19 têm sido conduzidos.
Elizabeth Soares Fernandes – Atua na investigação de mecanismos envolvidos na interação patógeno-hospedeiro e de novas terapias para doenças infecciosas como a sepse e as aboviroses. Ainda busca o entendimento das bases patológicas de doenças crônicas, incluindo artrite reumatoide e síndrome metabólica, e novas perspectivas terapêuticas para ambas.
Fhernanda Ribeiro Smiderle – Dedica-se a pesquisas sobre compostos naturais extraídos de cogumelos e plantas medicinais, bem como suas propriedades terapêuticas como ativadoras do sistema imunológico e contra o câncer. Entre os projetos desenvolvidos, inclui-se o desenvolvimento de gel orabase para tratamento de mucosite oral em pacientes submetidos a tratamentos antineoplásicos.
Izonete Cristina Guiloski – Atua na avaliação da toxicidade de fármacos, agrotóxicos e ftalatos, sobretudo nas funções hepáticas, renais, cerebrais e reprodutivas. Os projetos buscam esclarecer os riscos relacionados ao uso dessas substâncias, efeitos estes relacionados ao câncer, distúrbios reprodutivos e órgão-específicos e, dessa forma, ajudar no controle das concentrações permitidas, comercialização e utilização dos produtos, prevenindo assim danos à saúde.
Katherine Athayde Teixeira de Carvalho – As pesquisas em que atua estão relacionadas às novas terapias baseadas em células-tronco humanas, tais como cordão umbilical, tecido adiposo, medula óssea e seus derivados (exossomos e microRNAs) na medicina regenerativa, com ênfase nas doenças do sistema nervoso central (neurodegenerativas e do neurodesenvolvimento). Os projetos se relacionam com a biossegurança por meio de ensaios de toxicidade, pré-clínicos e de novos processos de cultivo e isolamento celular.
Líbera Maria Dalla Costa – O principal foco das pesquisas que realiza inclui o estudo fenotípico e molecular da resistência aos antimicrobianos de bactérias e fungos no contexto da saúde humana, bem como sua detecção no meio ambiente. Para tanto, são utilizadas técnicas microbiológicas clássicas e novas tecnologias, para elucidar a dinâmica dos processos de desenvolvimento, aquisição e disseminação da resistência. Além disso, realiza estudos do microbioma humano e sua relação com a saúde e a doença.
Luciane Regina Cavalli – Dedica-se ao estudo da instabilidade genômica do câncer por meio da caracterização das alterações genéticas e moleculares que ocorrem na origem e progressão dessa doença. O objetivo principal é a aplicação desses dados moleculares na prevenção, prognóstico, diagnóstico e tratamento do câncer, reduzindo as suas taxas de mortalidade. Entre os principais tumores estudados estão os de mama, particularmente os de pacientes do Sul do Brasil, e os neuroblastomas, tumores pediátricos raros de comportamento clínico e biológico agressivo.
Mara Lúcia Cordeiro – Atua nos seguintes temas: aspectos psicológicos, neurológicos, genéticos, mecanismos moleculares, celulares e farmacológicos dos transtornos mentais e doenças raras em neuropediatria como ênfase em: transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH), autismo, transtorno bipolar e doenças raras em neuropediatria.
Rosiane Guetter Mello – Dedica-se a pesquisas de revisões sistemáticas e meta-análises, que se tornaram métodos de pesquisa fundamentais que alicerçam a prática baseada em evidência. Dessa forma, o objetivo dos projetos desenvolvidos é dar subsídios de base científica sobre a eficácia e utilização de terapias farmacológicas ou não farmacológicas. É coordenadora do projeto Deficiência Intelectual e Autismo – Caracterização Clínica e Genética de uma População do Sul do Brasil.