Colesterol alto também é coisa de criança
No Dia Nacional de Combate ao Colesterol, celebrado neste 8 de agosto, o Hospital Pequeno Príncipe alerta sobre os riscos das altas taxas em crianças. A atenção com a saúde dos pequenos também é o tema central da Campanha de Combate ao Colesterol 2019, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) em parceria com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Com o slogan “O colesterol alto do seu filho não é brincadeira. Proteja sua família. Procure seu pediatra ou seu endocrinologista”, a campanha pretende estimular o diagnóstico e o tratamento precoce.
Em crianças, a união de estilo de vida desequilibrado – má alimentação e sedentarismo – e a genética podem favorecer o aumento dos níveis de colesterol ruim ou triglicérides no sangue, o que pode representar uma ameaça à saúde. “O alto colesterol está diretamente associado ao maior risco de infarto e acidente vascular cerebral. E a formação de placas de gordura nas artérias pode começar ainda na infância e levar às doenças cardiovasculares no futuro”, explica a endocrinologista pediatra do Hospital Pequeno Príncipe, Gabriela Kraemer.
De acordo com a médica, como o colesterol elevado em geral não causa sintomas, a indicação é que o primeiro perfil lipídico seja realizado a partir de 10 anos. Já em crianças com doenças crônicas, obesidade, diabetes, problemas renais ou autoimunes, assim como naquelas com histórico familiar de doença cardiovascular precoce (antes dos 50 anos) ou com histórico familiar desconhecido, a recomendação é que os exames de colesterol sejam feitos a partir dos 2 anos.
Maus hábitos
Além dos fatores genéticos, a pediatra acredita que uma das explicações para os níveis elevados de colesterol em crianças são os maus hábitos alimentares em geral e o mau entendimento dos rótulos de produtos com gordura trans. “Quando a mãe lê zero, ela entende que o alimento é livre desse tipo de gordura, o que não é verdade”, diz. A legislação admite que o fabricante diga que seu produto tem “0% de gordura trans” quando tem até 0,2 g por porção. Com isso, a criança é liberada a consumi-los. A gordura trans é encontrada na margarina, bolachas (especialmente as recheadas), batatas fritas, sorvete e salgadinhos de pacote e frito, fast-foods, empanados (tipo nuggets) e embutidos (salsicha, por exemplo). E os seus efeitos no corpo não fazem nada bem à saúde, pois além de aumentar o colesterol ruim, reduz o bom.
“Não há alimentos proibidos, o problema está na quantidade de gordura consumida. Os pais e os avós querem demonstrar carinho e sempre oferecem alguma coisa para a criança comer. Mas sugerimos algumas trocas, no lugar da balinha, dê uma figurinha. Troque a bolacha por uma fruta, o bolo pronto por um bolo caseiro. Ao invés de levar a criança para tomar um sorvete, leve-a para brincar no parque”, aconselha.
O tratamento inicial para uma criança com colesterol alta se baseia em mudanças de estilo de vida, com aumento da prática de atividade física e adequação da dieta. Se essas medidas não surtirem efeito, o tratamento com remédios pode ser recomendado. “Por isso o acompanhamento de um pediatra e/ou endocrinologista é fundamental”, ressalta a endocrinologista. Ela lembra ainda que, para melhores resultados, é importante que a criança entenda seu diagnóstico. “Os pais devem explicar a ela o que acontece com seu organismo de forma acessível, para que ela se sinta envolvida no tratamento e aceite melhor as mudanças alimentares e de estilo de vida”, finaliza a médica.
Seguem algumas dicas de alimentação e hábitos saudáveis para as crianças:
1. Escolha bebidas saudáveis e evite bebidas açucaradas.
2. Aposte em frutas e legumes, produtos lácteos com baixo teor de gordura, alimentos ricos em fibras (por exemplo, grãos integrais) e com baixo teor de sódio.
3. Preste atenção no tamanho das porções e limite as refeições em restaurantes de fast-food, os níveis de triglicérides aumentam com a ingestão de carboidratos em excesso. Por isso, alimentos ricos em açúcar e carboidratos simples devem ser controlados.
4. Incentive seu filho a praticar alguma atividade física regularmente.
5. Limite a no máximo duas horas por dia o tempo que seu filho passa na frente de uma tela, seja assistindo à televisão, jogando videogames ou usando o computador.
6. Converse com seu filho sobre os perigos do tabagismo (fumar é um dos fatores de risco).
7. Seja um modelo exemplar para o seu filho. Por exemplo: coma alimentos saudáveis e participe de atividades físicas em família.