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Qual é a importância da amizade na infância?

A amizade na infância é muito mais que brincadeira. Ela tem papel central na formação emocional, social e cognitiva da criança. Desde os primeiros meses de vida, os vínculos afetivos com outras pessoas — além da família — já começam a surgir. Mas por que essas relações são tão importantes? E como os pais podem ajudar seus filhos a construir amizades saudáveis?
A psicóloga Rita Lous, gerente do Serviço de Voluntariado do Hospital Pequeno Príncipe, ajuda a entender os impactos da amizade na infância e o papel fundamental dos adultos nesse processo.
Importância da amizade na infância
A socialização infantil começa desde o nascimento. Segundo a psicóloga, “a criança já está inserida na cultura e se relaciona com o entorno desde o início da vida”. Os vínculos afetivos familiares são os primeiros pilares da sociabilidade e dão à criança segurança emocional para, mais tarde, abrir-se a outros laços, como os amigos. A amizade é um espaço de escolha espontânea, diferente do vínculo familiar. É por meio dela que a criança vivencia confiança, cumplicidade, empatia, admiração e resolução de conflitos, habilidades fundamentais para a vida em sociedade.
Nesse sentido, a história da Gabi e da Helô no Hospital Pequeno Príncipe mostra como a amizade é enriquecedora em diversos aspectos. Elas se conheceram durante o tratamento, vinham de países diferentes, cada uma com a sua história, mas bastou um sorriso para o primeiro laço surgir. Entre a rotina hospitalar e dividindo o mesmo quarto ao longo do internamento, elas inventaram brincadeiras, combinaram penteados, compartilharam sonhos e construíram uma amizade.
Quais são os benefícios da amizade na infância?
Os aspectos não apenas melhoram o convívio escolar e social, mas preparam a criança para relações mais saudáveis na vida adulta. Entre eles estão:
- autonomia emocional;
- capacidade de lidar com frustrações;
- entendimento das diferenças;
- resolução de conflitos;
- maior adaptação em grupo;
- desenvolvimento da empatia;
- melhor compreensão dos sentimentos;
- valorização da presença e do diálogo.
Como agir quando seu filho tem dificuldade em fazer amigos?
Essa é uma dúvida muito comum entre pais e cuidadores. “Quando a criança encontra um ambiente favorável e estruturante, com adultos presentes, ela tende a criar vínculos de amizade com mais facilidade”, reforça a psicóloga. Por isso, se a criança apresenta dificuldade em relacionar-se, é essencial:
- escutar com atenção e empatia, entendendo o que ela sente e o que a impede de conectar-se;
- observar o comportamento em diferentes contextos, como escola, família e atividades externas;
- evitar críticas e comparações, respeitando o tempo da criança;
- oferecer oportunidades reais de interação, em parquinhos, encontros e atividades em grupo;
- buscar apoio profissional, se necessário, pois um psicólogo pode ajudar a entender e intervir, caso haja algum bloqueio emocional.
Como estimular seu filho a desenvolver amizades saudáveis?
Crianças aprendem pelo exemplo. Nesse sentido, tendem a reproduzir o tipo de relação que veem nos adultos. Se os pais demonstram empatia, diálogo, escuta e afeto com os outros, a criança aprende, de forma natural, a valorizar e nutrir essas qualidades nas suas próprias relações. Ou seja, a qualidade das amizades está diretamente relacionada ao ambiente emocional e social que vivencia em casa.
Além disso, é importante:
- dar o exemplo nas suas próprias relações;
- conhecer os amigos dos filhos e suas famílias;
- promover momentos de convivência presencial;
- estar emocionalmente disponível e presente;
- ensinar habilidades sociais com brincadeiras;
- evitar o excesso de telas como forma de socialização.
Amizade virtual substitui a amizade presencial?
Não. A psicóloga Rita é categórica: amizades virtuais não substituem as experiências reais. Apesar de vivermos em uma era hiperconectada, a formação emocional da criança exige presença física, contato visual e escuta ativa.
“É preciso cautela para que as ferramentas digitais não afastem as crianças daqueles que estão por perto. As novas formas de comunicação devem ser coadjuvantes, nunca protagonistas na vida afetiva da criança”, afirma. Além disso, as telas podem empobrecer as experiências reais de amizade e até trazer riscos, como exposição a conteúdos inadequados e amizades virtuais sem supervisão.