Aluno da Faculdades Pequeno Príncipe disputa título mundial com jogo eletrônico
Esta semana promete ser de muita emoção e expectativa para o médico Leandro Diehl, aluno de doutorado da Faculdades Pequeno Príncipe, que representa o Brasil na final mundial da Imagine Cup 2013, competição de tecnologia da Microsoft realizada em São Petersburgo, na Rússia, de hoje (8) até quinta-feira.
O endocrinologista leva na bagagem o InsuOnLine, um jogo eletrônico que ajuda médicos clínicos-gerais ministrarem doses corretas de insulina conforme a necessidade de cada paciente. Diehl está acompanhado de Rodrigo Martins de Souza, sócio da empresa de informática que desenvolveu o game. A dupla forma a equipe Oniria Games for Health Brazil, vencedora da edição brasileira, realizada em abril, na categoria Cidadania Mundial.
A paixão pelos jogos eletrônicos começou na infância e acompanha Leandro Arthur Diehl até hoje. Aos 35 anos e com o tempo escasso em função da vida profissional e da atenção à família e ao seu doutorado na Faculdades Pequeno Príncipe (FPP), em Curitiba, o endocrinologista já não se dedica mais aos games como o fez até o fim da residência médica em 2005.
Diehl nasceu em Carazinho (RS), mas mora no Norte do Paraná, onde é professor assistente do Departamento de Clínica Médica da Universidade Estadual de Londrina. Nas poucas horas de lazer, brinca com o filho, Miguel, de um ano e quatro meses, assiste a filmes e acompanha o time do coração: o Grêmio.
Em relação aos jogos eletrônicos, prefere os de tiro em primeira pessoa, como Halo, Medal of Honor, Battlefield e Call of Duty. “São ótimos para descarregar a tensão do dia a dia”, contou. Entretanto foi com um outro estilo que o médico passou de personagem virtual para protagonista real. Trata-se do InsuOnLine, criado por ele em parceria com o colega de profissão e mentor Pedro Gordan, para aperfeiçoar nos clínicos-gerais a prescrição da insulina no tratamento do diabetes.
“A partir de minha experiência na rede pública de saúde, tive muitas oportunidades de testemunhar a dificuldade que os médicos não especialistas em diabetes apresentam com o manejo de insulina, apesar de estes médicos serem responsáveis, na verdade, pelo tratamento da maioria dos pacientes diabéticos no Brasil e em todo o mundo”, revelou.
O jogo começou a ser desenvolvido no início de 2011 em conjunto com Rodrigo Martins de Souza, sócio de uma empresa de Londrina especializada em simuladores e games para computador. Além deles, o projeto tem a colaboração dos médicos Roberto Esteves, da Universidade Estadual de Maringá (UEM), e Isabel Coelho, da Faculdades Pequeno Príncipe (FPP).
“Todos estamos aprendendo bastante durante o processo. O game já está praticamente pronto, mas eu e o Rodrigo somos perfeccionistas e sempre achamos alguma coisa para consertar antes de passar à próxima fase do projeto, que será a avaliação do jogo”, afirmou Diehl.
O jogo
No InsuOnLine, o jogador assume o lugar de um jovem médico numa unidade básica de saúde e fica encarregado de atender diversos pacientes diabéticos, ministrando corretamente a insulina. A complexidade dos casos aumenta com o passar dos níveis. Para auxiliar o profissional, ele tem a ajuda de um colega mais experiente e de uma enfermeira.
“Um game para ensinar esse tópico nos pareceu uma ideia extremamente atraente, pois pode ser capaz de simular situações clínicas muito semelhantes às encontradas no dia a dia, permitindo ao médico jogador que possa experimentar com a prescrição de insulina e aprender com suas tentativas, sem risco de causar danos a nenhum paciente de carne e osso”, ressaltou.
Segundo Diehl, várias pesquisas no mundo revelam a dificuldade de clínicos-gerais prescrevem a insulina, sendo um empecilho ao controle da doença – que atinge 370 milhões de pessoas no planeta. Por isso, mesmo ainda em versão de testes, o jogo já começa a despertar interesse do público-alvo (profissionais e estudantes de medicina).
O lançamento está previsto para 2014, após a conclusão da tese de doutorado do endocrinologista. O trabalho deve comparar o resultado de uma pesquisa com médicos que atendem pelo SUS. “Metade deles vai jogar nosso game, e a outra metade vai receber uma atividade tradicional de ensino médico. Vamos comparar o aprendizado desses dois grupos com relação ao uso de insulina nas situações mais comuns encontradas numa unidade básica de saúde”, explicou.