Saiba mais sobre a história de superação do paciente Vicente Sgarbossa Medeiros

“Com 4 meses de vida, o Vicente chorava muito, vivia irritado e não dormia à noite. Em uma consulta, fui informada de que poderia ser uma infecção na garganta. Mas o quadro de saúde do meu filho não melhorava, e decidi procurar outras opiniões médicas. Após vários exames, meu pequeno foi diagnosticado com miocardiopatia dilatada, que é um tipo de cardiomiopatia que aumenta o tamanho dos ventrículos do coração, impedindo-o de bombear sangue suficiente para atender às necessidades do corpo, podendo levar à insuficiência cardíaca. A partir desse diagnóstico, fomos direto para tratamento na UTI. Se meu filho não reagisse, iriam nos transferir para um centro de referência cardiológico. Após 47 dias de internamento em Chapecó, Santa Catarina, tivemos que ser transferidos. Conseguimos vaga no Hospital Pequeno Príncipe. Quando chegamos, o médico me explicou a gravidade do caso e que a única solução seria o transplante de coração, e que o Vicente teria que entrar para a fila [de transplante]. Minha vida desabou. Eu tinha ouvido falar muito pouco sobre doação de órgãos e transplante. Conversando com outras mães, consegui me conformar e me aprofundei mais no assunto. E com muita fé, orações, com a graça de Deus e da família doadora, tudo deu certo. A espera é dolorosa, cansativa, preocupante e angustiante. Para quem tem fé, não existe sorte, existe Deus. Para quem tem Deus, não existe perda, só vitórias. Para quem crê, não existe impossível, existem milagres. E Vicente é um milagre na minha vida. Meu pequeno chegou ao Hospital Pequeno Príncipe em abril de 2024 e ganhou alta em setembro de 2024. No começo, fiquei um pouco assustada, pois não conhecia ninguém. Mas, sabendo que poderia ficar 24 horas ao lado do meu filho, já sentia um alívio. E dia após dia fui conhecendo outras mães, filhos, outras histórias. Em agosto, recebemos a notícia de que havia um coração. Foi uma sensação inexplicável, de alívio de que tudo aquilo tinha acabado, muita alegria, gratidão. O Vicente está se recuperando muito bem. Já caminha, corre por tudo, come, toma todos os medicamentos. Só temos a agradecer à família doadora por este gesto de amor e solidariedade, que em meio à maior dor do luto disse sim para a doação de órgãos, e o milagre aconteceu na vida do meu pequeno. Parecia impossível, mas o seu sim chegou. A cicatriz no peito do Vicente mostra o quanto ele foi guerreiro e venceu. Teve uma nova chance de viver e está desfrutando de sua infância pelo gesto de amor ao próximo que essa família teve. Vicente é um milagre e está aqui, firme e forte. Eu só tenho a agradecer a todos os profissionais do Hospital, que nos atenderam com toda a atenção, paciência e dedicação nesses meses de internamento. As equipes médicas, de enfermagem e do Família Participante foram acolhedoras e carinhosas. Nos tornamos família e me senti em casa. Além disso, no Pequeno Príncipe, tínhamos todo o suporte de que precisávamos, como o da psicologia e da fisioterapia. Estávamos no melhor lugar que poderia ter. Hoje, se estou com meu filho comigo, é graças a todos esses heróis e heroínas, que nos cuidaram diariamente com muito amor. Obrigada, doador, família doadora, Deus, nossa família e a todos os amigos que oraram e estiveram conosco nessa batalha.”
A doação de órgãos e tecidos é um ato de amor ao próximo
“No Brasil, a doação de órgãos só acontece após a autorização familiar, independentemente se o paciente possui autorização pessoal em vida. É por conta disso que conscientizo as famílias a autorizarem essas doações, para que assim consigam salvar vidas que esperam por uma chance, como o Vicente, o meu único filho. A doação de órgãos é um ato de amor que transcende a própria vida. Doar órgãos é um ato de solidariedade que oferece ao próximo a esperança para recomeçar. Doe órgãos, salve vidas. Doar órgãos é um compromisso com a humanidade e com a continuidade da vida. O presente mais valioso que você pode dar a alguém é o dom de viver. Torne-se um doador de órgãos e deixe um legado de amor e esperança. Doe órgãos, salve vidas. A sua decisão pode mudar destinos. Seja um herói. Seja o anjo de alguém. Doar órgãos é um ato de solidariedade e amor. Significa oferecer ao próximo uma nova oportunidade, uma esperança para essa vida recomeçar. Se Deus te chamar e seu coração ainda bater perfeito, permita que ele continue a vida em outro peito.”
Raquel Sgarbossa, mãe do paciente Vicente Sgarbossa Medeiros. O menino de Ponte Serrada, município de Santa Catarina, foi diagnosticado com miocardiopatia dilatada e realizou o transplante cardíaco no Pequeno Príncipe. A família contou com o atendimento do Serviço de Cardiologia e da UTI da Cardiologia, além do suporte das equipes da psicologia, fisioterapia e do Programa Família Participante.