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Seu filho engoliu um objeto estranho? Veja o que fazer
Preocupação constante das famílias, a ingestão de objeto estranho ou substância tóxica por crianças pode ser prevenida. Naturalmente, os pequenos têm curiosidade para explorar o ambiente e, principalmente nos primeiros anos de vida, têm o hábito de levar objetos à boca. Esses acidentes são mais frequentes em crianças menores de 5 anos de idade, mas podem ocorrer em qualquer faixa etária.
De acordo com o chefe do Serviço de Gastroenterologia Pediátrica e Endoscopia Digestiva do Hospital Pequeno Príncipe, Mário C. Vieira, os objetos mais engolidos são moedas, partes de brinquedos, baterias alcalinas de equipamentos eletrônicos e bijuterias.
Riscos e procedimentos
Os objetos levados à boca podem ser deglutidos (engolidos) ou aspirados. No primeiro caso, “os corpos estranhos seguem o caminho do alimento, podendo se alojar no esôfago [o canal que leva a comida até o estômago], ou progredir para o estômago e para o intestino. Quando os objetos ficam alojados no esôfago, pode haver dificuldade de deglutição, recusa alimentar e vômitos”, relata o médico. As complicações decorrentes da ingestão desses corpos dependem das características do objeto, incluindo perfurações ou queimaduras químicas e elétricas causadas por baterias.
Em algumas situações, objetos pequenos e não perfurantes são eliminados naturalmente. Já quando eles ficam alojados no esôfago, são perfurantes, tóxicos, cortantes ou causam obstrução por sua dimensão, pode ser necessária a remoção por meio de endoscopia digestiva alta.
Quando os objetos são aspirados, eles seguem o trajeto do ar para os pulmões, com o risco de causar obstrução respiratória e comprometer a oxigenação. Nesses casos, os sintomas variam de tosse persistente, chio no peito e rouquidão até a dificuldade respiratória. Dependendo das características do corpo estranho, o problema maior é a asfixia grave, que pode levar à morte. Os objetos aspirados sempre devem ser removidos por meio de endoscopia respiratória. Em alguns casos pode ser necessária cirurgia.
Substâncias cáusticas
A ingestão de substâncias cáusticas pode ocorrer de forma voluntária ou acidental. Esses agentes químicos têm a capacidade de provocar lesões nos tecidos. Destacam-se dois grupos que atuam por diferentes mecanismos: os álcalis e os ácidos, aponta Vieira.
Entre os álcalis estão o hidróxido de sódio (soda cáustica) e o hidróxido de potássio, geralmente encontrados em produtos de limpeza, cosméticos e baterias. Esses produtos acometem preferencialmente o esôfago e causam necrose dos tecidos. Entre os ácidos, destaque para o ácido clorídrico, o sulfúrico, o nítrico, o fosfórico e o acético. Ao contrário dos produtos alcalinos, mais viscosos, os ácidos tendem a passar de forma mais rápida para o estômago, produzindo menor lesão esofágica.
O que fazer se meu filho ingeriu um objeto estranho?
Em qualquer situação não se deve tentar retirar o corpo estranho com o dedo ou a mão na boca da criança. Isso pode fazer com que o objeto seja empurrado ainda mais e cause obstrução. O especialista do Pequeno Príncipe ensina as formas corretas de encaminhar e tratar os casos:
- Ingestão de um objeto estranho: deve-se levar a criança a um serviço médico para avaliação clínica. Exames radiológicos são capazes de identificar a presença e a localização da maioria dos objetos. A depender do local onde está alojado, das características do corpo estranho e dos sintomas, pode ser indicada endoscopia digestiva alta para sua remoção. Esse é um procedimento realizado sob anestesia geral e, para que seja feito com segurança, é necessário que a criança esteja em jejum por seis a oito horas.
- Ingestão de produtos cáusticos ou corrosivos: é necessário levar a criança imediatamente a um serviço médico para avaliação. Recomenda-se não provocar vômitos ou oferecer qualquer líquido, como leite, suco, água ou alimento, na tentativa de neutralizar o efeito da substância.
- Aspiração de corpo estranho: a conduta varia de acordo com a gravidade dos sintomas. Caso o tamanho seja muito reduzido, é possível que o corpo estranho obstrua parcialmente a laringe ou chegue até algum brônquio, mas sem provocar a interrupção total da passagem de ar até aos pulmões. No entanto, caso o objeto tenha obstruído totalmente a laringe ou a traqueia, há o risco de impedir a chegada de ar aos pulmões e levar à asfixia grave.
Se houver sintomas leves a moderados (rouquidão, tosse, chio no peito), a primeira medida é procurar atendimento médico emergencial rapidamente. Se houver sinais de asfixia grave, além de pedir auxílio a outra pessoa para que entre em contato com um serviço de emergência, algumas manobras são indicadas: a percussão torácica (golpes nas costas) e a compressão abdominal.
Em casos de crianças menores, deve-se colocá-las com a boca para baixo sobre um antebraço, com a cabeça mais baixa do que o tronco, e aplicar algumas palmadas nas costas com a mão livre.
Se a primeira tentativa de ajuda não surtir efeito, a orientação é realizar a compressão abdominal, conhecida como manobra de Heimlich. Essa técnica baseia-se na compressão brusca no abdômen, que provoca um aumento de pressão nos pulmões, capaz de remover o corpo estranho e expulsá-lo para o exterior.
Em relação às crianças maiores, a técnica indicada consiste em abraçá-las pelas costas, colocando o punho na linha média do abdômen, por cima do umbigo, e colocar a outra mão aberta sobre o punho. Em seguida, é necessário comprimir vigorosamente o estômago com as mãos até a expulsão do corpo estranho. Em crianças menores, a manobra deve ser realizada utilizando-se os dedos indicador e médio de ambas as mãos ou apenas os dedos indicadores, comprimindo o peito do bebê repetidamente.
Cuidados com objeto estranho
Quando se trata de qualquer tipo de acidente, o aspecto mais importante é a prevenção. A ingestão de objeto estranho e de substância tóxica pode causar consequências graves. Por isso, confira sempre:
- se os brinquedos utilizados pelas crianças têm boa procedência e se são adequados para a faixa etária;
- se há pequenas partes dos brinquedos que possam ser removidas;
- se há moedas ou pequenos objetos caídos pelo chão ou ao alcance das crianças, mesmo dentro de gavetas ou sobre móveis, peças soltas de mobília e objetos decorativos, ou produtos químicos que possam ser ingeridos acidentalmente.
Serviço de Gastroenterologia Pediátrica
O Serviço de Gastroenterologia Pediátrica do Hospital Pequeno Príncipe é o mais importante do Paraná e está entre os principais serviços de gastroenterologia pediátrica do país. A especialidade é dirigida ao estudo, à prevenção e ao tratamento clínico das doenças do aparelho digestório em crianças e adolescentes. O trato digestório inclui diversos órgãos, como boca, esôfago, estômago, vesícula biliar, pâncreas, fígado, intestino delgado e intestino grosso.
O Pequeno Príncipe é signatário do Pacto Global desde 2019. A iniciativa presente nesse conteúdo contribui para o alcance do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS): Saúde e Bem-Estar (ODS 3).