Festas de fim de ano: a pandemia ainda exige cautela
Depois de dois anos de pandemia e distanciamento social, o desejo de reunir os familiares e amigos para celebrar as festas de fim de ano é ainda maior, principalmente pelo ritmo acelerado da vacinação no país e a flexibilização das medidas de prevenção. Mas, o momento ainda exige cautela.
O Pequeno Príncipe alerta que os cuidados ainda devem ser mantidos para preservar a saúde da população, porque o vírus continua em circulação. “Nos últimos meses estamos vivendo uma queda considerável no número de casos, mas isso não significa que a pandemia acabou”, destaca o infectologista e vice-diretor-técnico do Hospital Pequeno Príncipe, Victor Horácio de Souza Costa Júnior.
Com as crianças o cuidado deve ser redobrado, isso porque elas ainda não foram imunizadas contra a COVID-19. “Nosso temor é que os encontros de Natal e ano-novo, tão tradicionais, possam trazer um novo aumento no número de contaminados. Eu diria que ainda é cedo para promovermos e participarmos de grandes festas”, reforça o especialista.
Nova variante Ômicron
Desde novembro, a nova variante Ômicron começou a preocupar e deixar o mundo em alerta sobre uma nova onda da pandemia. “Ainda temos muitas dúvidas com relação a essa cepa, mas o que já se sabe é que a taxa de transmissão é maior. Em um cenário mundial em que está aparecendo uma cepa com transmissibilidade maior e que os casos de pacientes infectados por ela são de pessoas não vacinadas, não podemos esquecer da população pediátrica e que não está imunizada”, enfatiza o infectologista.
Uma das preocupações em relação a essa variante é a eficácia das vacinas já existentes contra ela, isso porque a Ômicron tem muitas mutações. “A gente viu recentemente que alguns estados queriam liberar as festas de Réveillon e o não uso de máscara em ambientes aberto, e voltaram atrás dessa ideia. E voltaram por quê? Porque não queremos reviver um passado recente. Precisamos sim manter o uso da máscara, fazer a higienização das mãos e evitar aglomeração”, afirma.
Os números ainda são preocupantes
De janeiro a novembro de 2021, por exemplo, o maior hospital exclusivamente pediátrico do país atendeu 1.274 crianças e adolescentes com diagnóstico positivo para COVID-19. A média mensal de pacientes internados em 2020 foi de nove pacientes. Neste ano, a média mensal ficou em 21 casos.
Do total de casos diagnosticados, 241 pacientes – quase 20% – necessitaram de internamento, sendo que 60 foram para a UTI. E 47% das crianças e adolescentes que internaram não tinham nenhuma comorbidade. “Se espalhou pelo mundo a ideia de que criança saudável não faz quadros graves de COVID-19, mas nossos números indicam que todos estão sujeitos a ter um quadro agravado”, ressalta Victor Horácio. Infelizmente foram registrados dez óbitos na instituição, que se somam a outros cinco do primeiro ano da pandemia.
Segundo o médico, as famílias buscaram atendimento mais rápido, contribuindo para a precocidade dos diagnósticos. “O diagnóstico precoce faz toda a diferença para a boa evolução do tratamento. As famílias estavam mais alerta neste ano e felizmente recebemos as crianças com a doença na fase mais inicial, o que aumenta as chances de cura. Os nossos médicos no Pronto-Atendimento também conseguiram fazer diagnósticos mais precoces.”
Nos últimos meses, o número de casos vem caindo consideravelmente, sobretudo graças à vacinação. “Adultos vacinados protegem as crianças, enquanto não chega a vez delas de se vacinarem”, enfatiza o infectologista. “Vários países já estão vacinando, e acredito que teremos um bom resultado aqui no Brasil também.”