Em tempos de isolamento social e prevenção à COVID-19, a ação de voluntários faz a diferença no enfrentamento ao problema. A pandemia do novo coronavírus trouxe a necessidade da aquisição em larga escala de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para garantir a segurança dos profissionais da saúde durante o atendimento aos pacientes diagnosticados com a doença.
Essa união de esforços já garante resultados bastante positivos no Hospital Pequeno Príncipe. Um grupo formado por cerca de 50 costureiras está doando seu tempo e talento para costurar máscaras e uniformes de proteção para as equipes do Hospital. “Essas máscaras podem ser utilizadas em situações de contingência e conferem proteção aos colaboradores”, explica a chefe do Setor de Epidemiologia e Controle de Infecção Hospitalar da instituição, Heloisa Ihle Giamberardino.
Ângela Guetter Pinheiro Schwarz é uma das voluntárias responsáveis por esse grande movimento em prol de um bem maior. Tudo começou com uma ligação da cunhada, que trabalha no Hospital, perguntando da possibilidade de costurar máscaras em tecido. “No mesmo instante veio em mente a minha filha, Laryssa, e 2 grandes amigas: Marielda e Simone, que adoram costurar e com certeza entrariam nessa empreitada comigo️. Formamos então o grupo ‘Ajudando por amor’. Iniciamos as costuras, mas num certo momento ficamos receosas, pois a quantidade era grande e somente em 4 não daríamos conta. A partir do momento em que desejamos fazer o bem, sem olhar a quem, nos tornamos ‘anjos’ e claro que apareceu mais um no caminho. A Simone nos apresentou a Andréa, que é modelista e tem uma equipe de 13 costureiras. O apoio dessas profissionais e o nosso, que somos costureiras por hobby, fez com que a produção chegasse quase a 900 máscaras”, comenta.
Ajudar o Pequeno Príncipe fez com que o grupo enfrentasse melhor o momento de pandemia. “Estávamos desmotivadas e assustadas no meio de tantas informações sobre a COVID-19 e a confecção dessas máscaras fez com que nos sentíssemos bem melhor, trazendo até uma paz interior imensa, um olhar diferente para a situação que estamos vivendo, além de cada uma de nós dar mais valor à vida. Fica também a gratidão por colaborar para que essas pessoas, que estão se arriscando e merecem todo o apoio, orações e os nossos parabéns pela incansável ajuda ao próximo, estejam mais seguras”, completou Ângela.
As máscaras são confeccionadas em tecido duplo. O tecido utilizado é o mesmo que faz parte dos uniformes dos profissionais do Centro Cirúrgico . “As máscaras têm capacidade de filtração de partículas, com efetividade de barreira de gotículas respiratórias”, explica a médica Heloisa Ihle Giamberardino.
Chamado
A chefe do Setor de Voluntariado do Pequeno Príncipe, a psicóloga Rita Lous, conta que assim que o Hospital começou a mobilizar suas redes em busca de costureiras, o chamado foi prontamente atendido. “Eu fiquei impressionada com a disposição das pessoas em nos ajudar. Temos três grupos trabalhando: dois na confecção de máscaras e um na confecção de uniformes no estilo daqueles usados no Centro Cirúrgico. Com esse apoio, receberemos cerca de 1,2 mil máscaras em uma semana”, conta Rita.
Segundo a psicóloga, participar de um movimento voluntário nesse momento traz benefícios para todos os lados. “Com esse apoio, a instituição consegue enfrentar uma demanda urgente. Por outro lado, o voluntário sente uma grande satisfação por estar fazendo uma atividade que traz resultados para a comunidade. E em tempos de isolamento social, ainda se distrai, pois fica focado em uma atividade produtiva”, considera.
Foi exatamente assim que se sentiu a professora aposentada da UTFPR, que se declara “aprendiz” de costureira, Marielda Pryima. “Na medida em que imaginava como as outras voluntárias estavam costurando, quais técnicas escolheram, passei a pensar nas pessoas que iam usar essas máscaras e meu coração começou a apertar um pouquinho. Comecei a imaginar que eu teria o dom de enviar todas as boas energias para as pessoas que usariam as máscaras, para que se sentissem abraçadas cada vez que as amarrassem em suas cabeças. Que a esperança estivesse nas tramas do tecido e que, ao ser aspirada, reconfortasse as suas almas, corações e mentes nesse momento tão delicado. Lógico que comecei a me emocionar porque me senti bem importante. Pois é incrível pensar que podemos produzir, de um pedaço de tecido, algo que vai melhorar as condições de quem está trabalhando”, declarou.
Tecnologia
Outra grande ação voluntária em apoio ao Hospital veio da empresa Onion 3D, dos empresários Raul Carneiro Neto e Ney Brasil Hoffmann. Especializada em impressões 3D, a empresa está confeccionando protetores faciais, um dispositivo que é preso à cabeça por um aro, de onde desce uma placa de acetato, protegendo assim todo o rosto do profissional. Inicialmente serão produzidos 200 protetores faciais. A Onion 3D também já confeccionou alguns biomodelos – modelos físicos de partes da anatomia humana – para o Pequeno Príncipe, que foram utilizados em estudos e congressos.
Neto do médico que participou da fundação do Pequeno Príncipe, o pediatra Raul Carneiro, o empresário fala da satisfação de poder ajudar. “O Hospital fez parte da vida do meu avô e do meu pai, ambos pediatras. Eu direcionei minha carreira para a área técnica de softwares. Mas é curioso como a vida nos leva e hoje estou tendo a oportunidade de, mesmo não atuando na área da saúde, também participar de alguma forma da vida do Hospital. Para mim é uma honra e um grande prazer poder contribuir”, ressaltou.
O voluntariado realmente faz parte do DNA do Pequeno Príncipe. “Nascemos pelas mãos de voluntários da comunidade e ainda hoje a presidente da nossa associação é uma voluntária, a Dona Ety Gonçalves Forte. Neste momento crítico para todos os gestores da área da saúde, temos o privilégio de poder contar com pessoas maravilhosas ao nosso lado”, salienta a diretora executiva do Hospital, Ety Cristina Forte Carneiro.
Existe Amor em Curitiba apoia a iniciativa
Com forte atuação nas redes sociais, a plataforma Existe Amor em Curitiba apoia a mobilização em prol do Hospital Pequeno Príncipe. “Minha atuação voluntária está estabelecida em duas frentes: facilitador, realizando conexões entre quem se cadastra na plataforma precisando de apoio, ajuda ou alguma necessidade com quem está disposto a ajudar, assistir ou atender e conteúdo/comunicação, apoiando os demais voluntários e tendo como foco a produção de audiovisual”, comenta Adriano Pinheiro.
A proposta, lembra Pinheiro, é compartilhar essa grande união do bem protagonizada pelas costureiras. “A ideia é divulgar nas redes sociais (Instagram e Facebook) por meio de um vídeo com falas de algumas costureiras, além de pessoas envolvidas do Pequeno Príncipe. De forma resumida, a problemática e a solução, com as costureiras finalizando com Existe Amor em Curitiba, Existe Amor no Pequeno Príncipe’, reitera.
*Acompanhe a iniciativa nas redes sociais: Instagram (@existeamorcuritiba) e Facebook (/ExisteAmorEm).
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